"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
domingo, janeiro 30, 2005
Política de WC
Na pré-campanha, os tiros no pé de alguns e as rasteiras mostram que Dalida tinha razão: "Parole, parole"Não perderei muito tempo com este baile de máscaras, mas sempre vos digo que há políticos que, em vez de usarem guardanapo, deviam ter sempre um rolo de papel higiénico à mão...(foto de V. O.)
Regresso às Memórias do Mané sobre a Musgueira
Dia 27 recebi pelo correio electrónico o texto que passo a transcrever, ao qual apenas fiz algumas correcções e que foi mais uma boa surpresa que não resisti a partilhar:
"Este bairro tinha melodia, pessoas simples, bonitas, lutadoras, inteligentes, pobres, com uma educação tenreira e ricas em solidariedade, luz, esperança e sabor de conquista. Desaguaram de todas as partes do pais à espera de uma vida melhor, mais equilibrada e próspera, nem sempre facilitada pela simples morada que tinham, mas não deixavam de lutar contra as marés de um rio que rodeia uma cidade escura e concentrada de desejos, com sons de tristeza, poesias e tradições que a definem com um brilho de emigrantes sonhadores, trovadores, artistas e conquistadores. Tentei sempre captar os sons, escutar os pedidos, os poemas, compreender as tristezas de uma música que acompanhava, dia e noite este bairro. Não se esperavam as noites de festa para fazer aclamar esta voz de pedido constante, de um amigo, familiar, amor ou mesmo saudade. Talvez seja por isso que este bairro foi escolhido como órfão do FADO. Não tenho a certeza, se alguma vez foi contemplado por um compositor, mas este bairro nunca deixou de contemplá-los, acreditando numa suavidade, apagando alguma tristeza e dificuldades. Enchia ruas, casas, pátios, festas, tascas e desgarradas enfeitadas pelas peixeiras e vendedoras da praça, sempre improvisada neste canto da cidade. Todos tentavam cantá-lo, como um alívio e grito à liberdade. Foi assim que aprendi a gostar mais deste bairro, desta gente, de Lisboa e do FADO."
Manuel José Graça da Silva (texto e foto)
quarta-feira, janeiro 26, 2005
Manuel Lopes, Orlando Neves e J. O. Travanca Rego
Manuel Lopes, escritor cabo-verdiano, autor de "Os Flagelados do Vento Leste" deixou-nos neste final de Janeiro.Manuel Lopes é um autor genial, que narra, naquela obra, a luta do povo de Cabo Verde contra a seca. Foram as suas palavras que me proporcionaram a descoberta de um povo, por via desse livro imortal, partilhado com Cristina Martins, durante uma espécie de programa radiofónico, via telefone, que nos idos anos 80 inventei para animar essa minha amiga (cega) que na altura tinha feito uma operação a um descolamento de retina. Manuel Lopes serviu para apaziguar o sofrimento, fazendo-nos viajar até ao arquipélago da morna e da coladera...
J. O. Travanca Rego morreu em 2003. Devo-lhe a serena cordialidade que o levou a publicar uma página num jornal de Elvas com poemas meus, algum tempo antes de deixar esta terra. Com gratidão, lembro-o aqui:
UM LUGAR: TRÊS MOMENTOS
Aqui eu estive. A vida irrepetível...
Mesmo que eu volte, o tempo será outro!
-Não tenho abraço para unir dois ventos
para além da memória em que os retive.
OCORRÊNCIAS
Enquanto eu vivo na minha gota de vida,
o mar afunda mil navios e o ar
levanta a água com que a chuva
horas depois afundará o mundo
-Eis como é alta a Ignorância,
e vasto o que falta no que eu vivo!
2 poemas de J.O.Travanca-Rego, do livro "Hiatos", ed. Diferença, 1998.
Sobre Orlando Neves gostaria de acrescentar que foi presidente da primeira associação onde desempenhei tarefas directivas.Nessa qualidade o conheci, desvendando poemas seus em livros e na revista que tinha o nome da associação - "Sol XXI".
Dele recordo correspondência afectuosa, a convivência simpática num encontro de poetas em Tondela, a feira do livro na sua casa de Carcavelos, em Março de 1997, onde comprei um dicionário da língua portuguesa, a categoria humana e literária.
Até sempre, amigos poetas, companheiros de sonho!!!
(fotografia de Vanda Oliveira, Verão 2004, Rua Garrett)
terça-feira, janeiro 25, 2005
Em Memória de Orlando Neves
A MANHÃ
Este claro dia retira às coisas o lado
espectral da sombra e interrompe o mistério.
A esta hora límpida não se vêem as dores
e o sol ofusca as fendas e as feridas,
como invisível e súbita cura.Tudo é limpo
e iluminado, esquecido o véu da matéria
e o traço irregular das formas. O hábito
da luz adormece a morte e torna supérfluo
o apelo aos deuses. São as coisas, por um
breve segundo, apenas brilho, clarão, saúde,
ausência de enigma, construídas pelo olhar,
vivas ao toque das mãos, macias, únicas,
sem defeito ou origem. A este claro fulgor
a fictícia aparência submerge o tempo.
A CASA – IV
Agora que parto, a casa muda. Seca-se
o vento na respiração dos meus braços,
a poeira da água oculta os reflexos.
Cessado o ruído dos olhos, a noite
endurece. Não há paisagem na dor,
treme o raro peso da calma, balanço
da partida. Sobre o sentir se celebra
o ofício de ter a vida existido.
Mudou o mundo. Ficou o tempo sendo
menos nada, menos eterno ou mais íntimo
da casa, menos intemerato o temor,
o susto de ser. Quando, de além das paredes,
vem o cortejo das sombras, a sombra avança,
lento lábio mudo da extinta luz.
2 poemas do livro "Decomposição-A Casa"(1992), de Orlando Neves, poeta nascido em Portalegre, em 11 de Setembro de 1935 e falecido ontem.
(fotografia de Vanda Oliveira)
segunda-feira, janeiro 24, 2005
Não Resistir a Uma Ideia Nova ou "O Nome da Rosa" em Tomar pelos "Fatias de Cá"
Assisti há 24 horas a um excelente"O Nome da Rosa" adaptado a teatro por Carlos Carvalheiro, que também assina a encenação, representado pelo grupo "Fatias de Cá" durante quase 6 horas, no Convento de Cristo em Tomar.Os espectadores são encaminhados pelos protagonistas, por inúmeros espaços deste belíssimo monumento, para acompanharem as peripécias da obra de Humberto Ecco. A trama desenrola-se entre claustros e corredores, entre a sala do capítulo e a cozinha, entre o refeitório e a sala do forno,entre o scriptorium e a sala das cortes, entre a charola e a casa do prior. Perto de 40 actores e figurantes dão corpo ao texto, com soluções cénicas inesquecíveis, como a procissão de archotes com que o espectáculo começa, observada a partir das varandas do convento e a coreografia final no claustro de D. João III.
Ana Carvalho em Salvador, Carlos Carvalheiro em Guilherme e Vítor Hugo em Jorge proporcionaram, à frente de um elenco de categoria, a fruição de um anoitecer fantástico em Tomar. Mobiliário, guarda-roupa, adereços, luz, som, cathering (tudo divino!!!humm que deliciosa canja, a fazer-nos tropeçar no pecado da gula...)contribuíram para a envolvência do público, que subiu e desceu escadarias em caracol, espalhou-se pelos espaços, correndo pelos corredores, conforme o guião pedia, interagindo num misto de prazer e emoção.
No final foi possível saborear maravilhosas fatias de Tomar, enquanto os actores se misturavam com os espectadores, agora todos cidadãos a preparar o regresso às rotinas de mais uma semana de trabalho.
Aconselho todos aqueles que gostam de teatro e do bom gosto, da criatividade e de surpresas, a passarem um fim de dia em Tomar, com familiares e amigos, convivendo e usufruindo de momentos de arte, no cenário privilegiado de um dos monumentos mais belos do nosso país. Porque para o grupo "Fatias de Cá" é preciso "não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho"...
(Como ainda não tenho máquina digital, a foto é da Cristina Pombinho, que me desafiou para ir a Tomar assistir a esta maravilha. Trata-se de uma imagem da cidade de Granada vista do Alhambra/Alcazaba, ao entardecer...)
domingo, janeiro 23, 2005
Apelo à Humanidade
Tivemos a tristeza de ver recentemente o Tsunami, causando uma grande destruição e vitimando um número inconcebível de pessoas em sete países da Ásia. Sabemos que esse tipo de facto é um acontecimento natural, porém havemos de analisar e acrescentar que a intensidade desse tsunami mostra-nos claramente que o desequilíbrio ambiental é, incontestavelmente, potencializador de forças naturais deste porte. Cabe a nós, definitivamente, uma reflexão séria sobre o assunto e buscarmos maneiras mais correctas de lidarmos com o espaço que vivemos, para que não sejamos nós os responsáveis por catástrofes desta natureza.
Nós blogueiros, propomos desde já, unirmo-nos em um alerta para a humanidade, e implantarmos cada um de nós, a nosso modo e em nosso ambiente, medidas práticas de mudanças!
É tempo de se falar abertamente. É tempo de se abordarem as questões em profundidade e não de forma restritiva. É tempo enfim, de se falar a sério sobre a questão ambiental e ecológica. Sobre a humanidade!
E com razão. É que cada vez mais se toma consciência de que o combate pela preservação, não tem fronteiras, não é regionalizável e de que a resposta ou é global ou não será resposta.
As chuvas ácidas, o efeito de estufa, a poluição dos rios e dos mares, a destruição das florestas, não têm azimute nem pátria, nem região. Ou se combatem a nível global ou ninguém se exime dos seus efeitos.
As pessoas ainda respiram. Mas por quanto tempo?
Os desertos ainda deixam que reverdejem alguns espaços estuantes de vida. Mas vão avançando sempre.
Ainda há manchas florestais não decepadas nem ardidas. Mas é cada vez mais grave o deficit florestal.
Ainda há saldos de crude por extrair, de urânio e cobre por desenterrar, de carvão e ferro para alimentar as grandes metalurgias do mundo. Mas à custa de sucessivas reduções de reservas naturais não renováveis.
Na sua singeleza, o caso é este:
Até agora temos assistido a um modelo de desenvolvimento que resolve as suas crises crescendo cada vez mais. Só que quanto mais se consome, mais apelo se faz à delapidação de recursos naturais finitos e não renováveis, o que vale por dizer que não é essa uma solução durável, mas ela mesma finita em si e no tempo que dura. Por outras palavras: é ela mesmo uma solução a prazo.
Significa isto que, ou arrepiamos caminho, ou a vida sobre a terra está condenada a durar apenas o que durar o consumo dos recursos naturais de que depende.
Não nos iludamos. A ciência não contém todas as respostas. Antes é portadora das mais dramáticas apreensões.
O que há de novo e preocupante nos dias de hoje, é um modelo de desenvolvimento meramente crescimentista – pior do que isso, cegamente crescimentista – que gasta o capital finito de preciosos recursos naturais não renováveis, que de relativamente escassos tendem a sê-lo absolutamente. E se podemos continuar a viver sem urânio, sem ferro, sem carvão e sem petróleo, não subsistiremos sem ar e sem água, para não ir além dos exemplos mais frisantes.
Daí a necessidade absoluta de uma resposta global. Tão só esta necessidade de globalização das respostas, dá-nos a real dimensão do problema e a medida das dificuldades das soluções. Lêem-se o Tratado de Roma, O Acto Único Europeu e mais recentemente as conclusões da Conferência de Quioto, do Rio de Janeiro e Joanesburgo, onde ficou bem patente a relutância dos países mais industrializados, particularmente dos Estados Unidos, em aceitar a redução do nível de emissões. Regista-se a falta de empenhamento ecológico e ambiental das comunidades internacionais e dos respectivos governos, que persistem nas teses neoliberais onde uma economia cega desumanizada e sem rosto acabará por nos conduzir para um beco sem saída.
Por outro lado todos temos sido incapazes de uma visão mais ampla e intemporal. Se houver ar puro até ao fim dos nossos dias, quem vier depois que se cuide!... e continuamos alegremente a esbanjar a água do cantil.
Será que o empresário que projectou a fábrica está psicológica ou culturalmente preparado para aceitar sem sofismas nem reservas as conclusões de uma avaliação séria do respectivo impacto ambiental?Mesmo sem sacrificar os padrões de crescimento perverso a que temos ligados os nossos hábitos, há medidas a tomar que não se tomam, como por exemplo:
• Levar até ao limite do seu relativo potencial o uso da energia solar e da energia eólica.• Levar até ao limite a preferência da energia hidráulica sobre a energia térmica.• Regressar à preferência dos adubos orgânicos sobre os adubos químicos.• Corrigir o excessivo uso dos pesticidas.• Travar enquanto é tempo a fúria do descartável, da embalagem de plástico, dos artigos de intencional duração.• Regressar ao domínio do transporte ferroviário sobre o rodoviário.• Repensar a dimensão irracional do transporte urbano em geral e do automóvel em particular.• Repensar, aliás, a loucura em que se está tornando o próprio fenómeno do urbanismo.• Reformular a concepção das cidades e das orlas costeiras
Dito de outro modo: a moda política tende a ser, um constante apelo às terapêuticas de crescimento pelo crescimento. È tarde demais para desconhecermos que, quando a produção cresce, as reservas naturais diminuem.
Há porém um fenómeno que nem sempre se associa ás preocupações da humanidade. Refiro-me à explosão demográfica.
Com mais ou menos rigor matemático, é sabido que a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão aritmética. Assim, em menos de meio século, a população do globo cresceu duas vezes e meia !...Nos últimos dez anos, crescemos mil milhões!... Sem grande esforço mental, compreendemos aonde nos levará esta situação.
Se é de um homem mais sensato e responsável que se precisa, um homem que olhe amorosamente para este belo planeta que recebeu em excelentes condições de conservação e está metodicamente destruindo; de um homem que jure a si mesmo em cadeia com os seus semelhantes, fazer o que for preciso para que o ar permaneça respirável, que a água seja instrumento de vida e dela portadora, e os equilíbrios naturais retomem o ciclo da auto sustentação, empenhemo-nos desde já nessa tarefa, com persistência e determinação.
Se é a continuação da vida sobre a terra que está em causa, e em segunda linha a qualidade de vida, para quê perder mais tempo?...
Por isso apelamos a todos quantos se queiram associar a este movimento pela preservação Natureza, pela Paz e pelo desenvolvimento harmonioso da Humanidade, para subscreverem este Apelo.
Ao fazê-lo estamos a afirmar a nossa cidadania, enquanto pessoas livres, que olham com preocupação o futuro da Humanidade, o futuro dos nossos filhos!
Apelo para a Humanidade - Lista de subscritores
Lualil - Traduzir-se... - BRASIL
Fernando B. - Fraternidade - PORTUGAL
Albino Santos - outravoz – PORTUGAL
Cathy – Bailar das Letras - BRASIL
Quimnogueira - lobices - PORTUGAL
Carmem Lucia Vilanova - Eu sei que vou te amar - BRASIL/EUA
Carlos - O Miradouro - PORTUGAL
Renata César - http://lista de subscritores - BRASIL
O Comuna - cais do comuna - PORTUGAL
Nara Corine - http://lista de subscritores - BRASIL
Eduardo - bloguices - PORTUGAL
Géber Accioly - http://lista de subscritores - BRASIL
Antonio Dias - http://lista de subscritores - PORTUGAL
Paulo Patriota - O Zoom Cotidiano - BRASIL
Ivo Jeremias - olho bem aberto - PORTUGAL
Lula Bassani - http://lista de subscritores - BRASIL
Teresa Matoso - Titas – PORTUGAL
Clelio Vilanova - http://lista de subscritores - BRASIL
lique - Mulher dos 50 aos 60 - PORTUGAL
Luciene Costa Regis - http://lista de subscritores - BRASIL
Ana - Versus & Diversus - PORTUGAL
Silvano Proenca - http://lista de subscritores - BRASIL
Micas - A Coisa da Micas - PORTUGAL
Cristina Andrade - http://lista de subscritores - BRASIL
Missyoming - A Questão Continuada - PORTUGAL
Monica Correa - http://lista de subscritores - BRASIL
Blue Shell - Blue Shell – PORTUGAL
Yuri Almeida - Os Cavaleiros do Jornalismo - BRASIL
Lucas Vilanova - lucasvilanova@yahoo.com - U.S.A.
Maria Papoila – Panquecas – PORTUGAL
Susana Germino – http://lista de subscritores - ALEMANHA
Ognid - Catedral – PORTUGAL
Monica Farias http://lista de subscritores - BRASIL
STILLFORTY – No Fio da Navalha – PORTUGAL
Karina - Karina_muito_loka - BRASIL
Èlia Fernandes – eliafernandes hotmail.com - INGLATERRA
Seila - Repensando – PORTUGAL
Rosana Delane - http://lista de subscritores - BRASIL
Finúrias - BLOGUE DO CAGALHOUM - PORTUGAL
Lua - Lua, estrada nua brilha no céu... - BRASIL
Silentsoul – Silent Soul – PORTUGAL
Robert Belmon - Tempestade de paixão - BRASIL
Ana – Blogantes – PORTUGAL
Deméter - Segredos de Deméter - BRASIL
Yurei - Yurei-san – PORTUGAL
zen-brasilia - Reflexões de um Sonhador - BRASIL
Águas de Março – Águas de Março – PORTUGAL
Zecatelhado – TADECHUVA – PORTUGAL
BIRANTA – Sociocracia – PORTUGAL
Martelo – hammer, sa – PORTUGAL
Maria Branco - Cumplicidades - PORTUGAL
MFC – Pé de meia…. – PORTUGAL
Fata Morgana - Fata Morgana – PORTUGAL
Caxopa – Periapsis – PORTUGAL
Monalisa – Sítio da Saudade – PORTUGAL
Amita – Branco & Preto – PORTUGAL
M.P. – O Blog da Pimentinha – PORTUGAL
Franco-atirador – Gata Chalupa – PORTUGAL
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Werewolf – A Chama do Dragão – PORTUGAL
Werewolf – Acuso! “1” – PORTUGAL
Werewolf – Acuso! “2” – PORTUGAL
Mwerewolf – Atrás da Orelha – PORTUGAL
Werewolf – Cucamacuca – PORTUGAL
Ave.rebordosa - Informação Online do AVE de Rebordosa – PORTUGAL
Tounalua – tounalua – PORTUGAL
Tuga Perdido - Riscos – PORTUGAL
Rose - I've been alone all along – PORTUGAL
Uivomania – uivomania – PORTUGAL
JRD – la Pipe – PORTUGAL
1bigonobalcão – Brisa Miníma – PORTUGAL
Luna – luna – PORTUGAL
Integral Psychotherapy, Hypnoterapy & Metaphysics - PERU / USA
Mar Revolto Mar Azul - Que Bem Cheira A Maresia – PORTUGAL
João Gonçalo – Silêncio do Momento – PORTUGAL
João Gonçalo – Surdez do Papel – PORTUGAL
Guida Alves – Vemos, Ouvimos e Lemos – PORTUGAL
Senda – 1 Bica – PORTUGAL
Aluena – Senda Doce – PORTUGAL
Nilson – http://lista de subscritores - PORTUGAL
Lekas Brandão - http://lista de subscritores - PORTUGAL
Bastos http://lista de subscritores - Portugal
Cristina Fernandes – http://lista de subscritores - PORTUGAL
wearetwo - longedamultidao - PORTUGAL
biranta - Afixe - PORTUGAL
óssóbó - ÓSSÓBÓ - PORTUGALT
Mara - ESTRANHOS DIAS - PORTUGAL
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Nós blogueiros, propomos desde já, unirmo-nos em um alerta para a humanidade, e implantarmos cada um de nós, a nosso modo e em nosso ambiente, medidas práticas de mudanças!
É tempo de se falar abertamente. É tempo de se abordarem as questões em profundidade e não de forma restritiva. É tempo enfim, de se falar a sério sobre a questão ambiental e ecológica. Sobre a humanidade!
E com razão. É que cada vez mais se toma consciência de que o combate pela preservação, não tem fronteiras, não é regionalizável e de que a resposta ou é global ou não será resposta.
As chuvas ácidas, o efeito de estufa, a poluição dos rios e dos mares, a destruição das florestas, não têm azimute nem pátria, nem região. Ou se combatem a nível global ou ninguém se exime dos seus efeitos.
As pessoas ainda respiram. Mas por quanto tempo?
Os desertos ainda deixam que reverdejem alguns espaços estuantes de vida. Mas vão avançando sempre.
Ainda há manchas florestais não decepadas nem ardidas. Mas é cada vez mais grave o deficit florestal.
Ainda há saldos de crude por extrair, de urânio e cobre por desenterrar, de carvão e ferro para alimentar as grandes metalurgias do mundo. Mas à custa de sucessivas reduções de reservas naturais não renováveis.
Na sua singeleza, o caso é este:
Até agora temos assistido a um modelo de desenvolvimento que resolve as suas crises crescendo cada vez mais. Só que quanto mais se consome, mais apelo se faz à delapidação de recursos naturais finitos e não renováveis, o que vale por dizer que não é essa uma solução durável, mas ela mesma finita em si e no tempo que dura. Por outras palavras: é ela mesmo uma solução a prazo.
Significa isto que, ou arrepiamos caminho, ou a vida sobre a terra está condenada a durar apenas o que durar o consumo dos recursos naturais de que depende.
Não nos iludamos. A ciência não contém todas as respostas. Antes é portadora das mais dramáticas apreensões.
O que há de novo e preocupante nos dias de hoje, é um modelo de desenvolvimento meramente crescimentista – pior do que isso, cegamente crescimentista – que gasta o capital finito de preciosos recursos naturais não renováveis, que de relativamente escassos tendem a sê-lo absolutamente. E se podemos continuar a viver sem urânio, sem ferro, sem carvão e sem petróleo, não subsistiremos sem ar e sem água, para não ir além dos exemplos mais frisantes.
Daí a necessidade absoluta de uma resposta global. Tão só esta necessidade de globalização das respostas, dá-nos a real dimensão do problema e a medida das dificuldades das soluções. Lêem-se o Tratado de Roma, O Acto Único Europeu e mais recentemente as conclusões da Conferência de Quioto, do Rio de Janeiro e Joanesburgo, onde ficou bem patente a relutância dos países mais industrializados, particularmente dos Estados Unidos, em aceitar a redução do nível de emissões. Regista-se a falta de empenhamento ecológico e ambiental das comunidades internacionais e dos respectivos governos, que persistem nas teses neoliberais onde uma economia cega desumanizada e sem rosto acabará por nos conduzir para um beco sem saída.
Por outro lado todos temos sido incapazes de uma visão mais ampla e intemporal. Se houver ar puro até ao fim dos nossos dias, quem vier depois que se cuide!... e continuamos alegremente a esbanjar a água do cantil.
Será que o empresário que projectou a fábrica está psicológica ou culturalmente preparado para aceitar sem sofismas nem reservas as conclusões de uma avaliação séria do respectivo impacto ambiental?Mesmo sem sacrificar os padrões de crescimento perverso a que temos ligados os nossos hábitos, há medidas a tomar que não se tomam, como por exemplo:
• Levar até ao limite do seu relativo potencial o uso da energia solar e da energia eólica.• Levar até ao limite a preferência da energia hidráulica sobre a energia térmica.• Regressar à preferência dos adubos orgânicos sobre os adubos químicos.• Corrigir o excessivo uso dos pesticidas.• Travar enquanto é tempo a fúria do descartável, da embalagem de plástico, dos artigos de intencional duração.• Regressar ao domínio do transporte ferroviário sobre o rodoviário.• Repensar a dimensão irracional do transporte urbano em geral e do automóvel em particular.• Repensar, aliás, a loucura em que se está tornando o próprio fenómeno do urbanismo.• Reformular a concepção das cidades e das orlas costeiras
Dito de outro modo: a moda política tende a ser, um constante apelo às terapêuticas de crescimento pelo crescimento. È tarde demais para desconhecermos que, quando a produção cresce, as reservas naturais diminuem.
Há porém um fenómeno que nem sempre se associa ás preocupações da humanidade. Refiro-me à explosão demográfica.
Com mais ou menos rigor matemático, é sabido que a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão aritmética. Assim, em menos de meio século, a população do globo cresceu duas vezes e meia !...Nos últimos dez anos, crescemos mil milhões!... Sem grande esforço mental, compreendemos aonde nos levará esta situação.
Se é de um homem mais sensato e responsável que se precisa, um homem que olhe amorosamente para este belo planeta que recebeu em excelentes condições de conservação e está metodicamente destruindo; de um homem que jure a si mesmo em cadeia com os seus semelhantes, fazer o que for preciso para que o ar permaneça respirável, que a água seja instrumento de vida e dela portadora, e os equilíbrios naturais retomem o ciclo da auto sustentação, empenhemo-nos desde já nessa tarefa, com persistência e determinação.
Se é a continuação da vida sobre a terra que está em causa, e em segunda linha a qualidade de vida, para quê perder mais tempo?...
Por isso apelamos a todos quantos se queiram associar a este movimento pela preservação Natureza, pela Paz e pelo desenvolvimento harmonioso da Humanidade, para subscreverem este Apelo.
Ao fazê-lo estamos a afirmar a nossa cidadania, enquanto pessoas livres, que olham com preocupação o futuro da Humanidade, o futuro dos nossos filhos!
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sábado, janeiro 22, 2005
Dois Poetas
Em 1987, durante o meu aniversário na Praça da Armada eles trouxeram uma energia boa para deixar no meu casulo.
Publicaram apenas um livro cada um, embora tenham inúmeros poemas em revistas e jornais e até na net. Ela no blog http://oguardadordosilencio.blogspot.com ele, no site http://www.circuloarturbual.interdinamica.pt/artes/cb/ Hoje ela é professora de filosofia e ele é o responsável pela galeria municipal Artur Bual da Câmara Municipal da Amadora.
Ele escreve assim:
"As tuas palavras
vêm frescas esta manhã
Trazem um sentido directo das raízes
Uma sedução de primavera
Um primeiro encontro
dos rebentos ao luar"
Eduardo dos Santos Nascimento, do livro "Pedaços do Meu Tempo", VI Prémio de Poesia Cidade de Ourense, 1986,p.49. Podem ler este poeta, por exemplo, nos Cadernos de Poesia nº 1 do Círculo Artístico e Cultural Artur Bual.
Ela escreve desta maneira:
"Os teus olhos procuram-me,
às vezes,
(ou sou eu que o desejo?)
tão distantes das mãos
que acariciam o papel branco
onde me derramo a pouco e pouco...
Mas os meus olhos
estão cansados de palavras,
os meus dedos presos
no limiar das sílabas,
a imaginar o corpo por trás do corpo
e o rosto por trás do rosto.
Devia ser tempo de morder amoras
junto aos teus lábios..."
Cristina Pombinho, do livro "O Felino Anjo Branco", ilustrado por Mena Brito, ed. das autoras, 1998, p.9. Também está nos Cadernos de Poesia da Associação Bual.
É um prazer ter-vos como meus amigos. Saravá meus irmãos!
Vou-me embora para Pasárgada!
Apetece fugir daqui. Começaram as calúnias, as mentiras, os ataques, a falta de bom gosto e bom senso.Apetece fugir daqui e não escutar certos politiqueiros -que forjam poses de impolutos senhores, para parecerem mais capazes e íntegros que outros, depois de terem delapidado a nossa energia.Apetece dizer que viver é outra coisa!
Mesmo assim, há quem não escolha a aleivosia para difundir as suas propostas...
Porém, o que eu queria mesmo era voltar lá, ao paraíso do Alhambra, no prazer de mais uma viagem! Ou parafraseando o poeta Manuel Bandeira:
"Vou-me embora para Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
(...)
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
quinta-feira, janeiro 20, 2005
Miragem?
Serenidade e Esplendor
Três anos depois voltei e não me canso de partilhar a beleza, para incentivar os que amam a serenidade e o esplendor de uma cidade diferente.
Granada é um oásis neste mundo de desencanto(s).
Da primeira viagem, guardei vários poemas. Partilho este:
O HIPPIE DE BOTTICELLI
Na Plaza Larga
entre pássaros e crianças,
saído duma tela
de Botticelli o hippie
descalço escrevia o diário
da sua errância
na tarde cálida
de Granada. Entre jasmins
e romãs...
Luís F. Maçarico
7-10-2001, Albaicin, Granada
A foto é da Cristina Pombinho (Dezembro 2004)
Lorca
Ardeste no coração das videiras
Mágoas e estrelas embalaste
Com a firmeza das oliveiras
Os cornos das trevas fintaste
Foi teu lume a poesia
Paixão do sangue andaluz
Cavalgando a melodia
Floriste canções de luz
Federico Romanceiro
Rei,cigano, mouro
Na guitarra e no pandeiro
Teus versos cheiram a touro.
Luís Filipe Maçarico, in "100 Anos Federico García Lorca Homenagem dos Poetas Portugueses",Antologia, Universitária Editora, 1998, p.188.
(fotografia de Cristina Pombinho:Albaycin visto do Alhambra, Dezembro 2004)
Com o Vento
Chega devagar o vento. Morno
Manso, para ruminar poeiras.
Todos os sonhos vão com ele,
A caminho do deserto.Lá onde
Deixa de haver o fumo dos fornos.
Lá onde os rebanhos não podem
Pastar. Onde ninguém procura
A lua. Chega devagar o vento.
Manhoso...
Luís Filipe Maçarico, in "Vento/Viento sombra de Vozes/sombra de voces", Antologia de Poesia Ibérica, org. Joan Gonper e Pedro Salvado, Câmara Municipal do Fundão e Centro de Estudos Literarios y de Arte de Castilla y León, Setembro 2004, p.102.
(fotografia de Cristina Pombinho, Granada, Dezembro de 2004)
quarta-feira, janeiro 19, 2005
A Luz da Tunísia
A luz é do sul da Tunísia, já lá vão uns anitos.(Douz, fotografia de Miguel Fernandes,16 de Abril de1998) É um país onde tenho gente amiga que estimo muito. Em Junho passado fiz a 12ª viagem desde 1991, completando 239 dias por aquelas paragens. Espero lá voltar um dia, se os nossos governantes do futuro não nos cortarem as asas...
Procuro nos meus cadernos alguns poemas para partilhar:
NA TERRA VERMELHA DAS OLIVEIRAS
Caminhas para o teu destino
na terra vermelha das oliveiras
terra de vinhas e piteiras
e de gente que escreve
no chão de fogo
uma orgulhosa pegada.
VIRÁS DE LONGE
Virás de longe, em Outubro,
para sentir o mistério
da bruma sobre as águas
transparentes da ilha e
escutarás o velho mar
onde Ulisses viu sereias,
sozinho no areal
saboreando a divina
carícia do silêncio.
NOS MERCADOS
Reconhecerás o aroma das
especiarias nos mercados
plenos de zumbidos.
O tempo eternizado
num olhar, numa palavra
dolente, cantada,
sagrada.
Praias e um Beijo com Destinatária
Hoje estou a desfolhar fotos antigas e a trazê-las até aqui para falar dos momentos felizes. Adoro praia, a maravilhosa sensação de liberdade, com pouca roupa, os mergulhos, as conversas, a música do mar, frutos saboreados à luz do sorriso dos amigos. Primavera e Verão são as minhas estações favoritas. Por mim podiam ser eternas para poder desfrutar da Costa da Caparica, Torreira, Fonte da Telha, Meco, Zambujeira, Odeceixe e Arrifana.Ao fim do dia, no Verão é bom andar pelos areais à beira mar, descobrindo conchas, búzios, pedrinhas... Pelas horas de prazer que me tens proporcionado em alguns desses locais, um beijo para ti, ANA, do tamanho das coisas melhores da vida. Com o Amor que merecemos.
Arrábida 1983
Serra Nevada em Dia de Sol
É uma paisagem majestosa, de veludo imaculado onde o olhar poisa, como se fosse um pássaro hipnotizado com tanto brilho.Apetece ser outravez criança e brincar com pedacinhos de gelo, escorregar na pele fria da serra, lavar a alma com toda aquela claridade. (fotografia de cristina Pombinho, Dezembro de 2004)
Zuheros
Zuheros é um desses lugares perdidos na Andaluzia, abrigado no colo dourado de montanhas que escondem preciosas grutas de morcegos. Zuheros é uma miragem de cal na tarde de vagabundagem silenciosa. Em Dezembro tinha esta luz, este encantamento, que espera os poetas e os enamorados da vida para lhes dar asas para o amor e para a loucura. (fotografia de Cristina Pombinho)
Jardins do Alhambra
Estivemos dentro do espaço mágico do Alhambra uma tarde para passearmos pelos seus jardins e pelas muralhas da Alcazaba. Até ao pôr do sol, que a Cristina guardou nesta belíssima fotografia. Fomos os últimos a sair naquele dia. Tal como os muçulmanos vão pelo menos uma vez a Meca, cada um de nós deve ir a Granada ao menos uma vez na vida. Eu sou um felizardo: o Miguel e a São foram meus companheiros em anterior viagem, num Outubro de muita caminhada e de alojamento especial em Las Cuevas, as casas trogloditas onde os gitanos viviam noutros tempos...
Mas voltemos aos jardins do Alhambra... É como se entrássemos num sonho.E tivéssemos asas sobre a cidade, dentro daquela maravilhosa varanda virada para Albaycin e Sacromonte, o bairro dos ciganos, por onde Garcia Lorca buscou inspiração para os seus poemas intensos. Este Natal lavei os olhos e a alma com as visões fantásticas de Granada e da Serra Nevada. Obrigado Gia, obrigado Cris, por meterem levado lá! (fotografia de Cristina Pombinho)
Artur Bual
Balança
Há alguns anos Eugénio de Andrade que hoje faz anos enviou-me, ainda antes de ter sido publicado em livro este poema que ofereço a todos os que costumam visitar o "Águas do Sul".
BALANÇA
No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida.
Eugénio de Andrade
E no postal onde o poema está escrito, que reproduz um retrato do poeta feito por Dordio Gomes em 1960, o poeta acrescentou: "Com um abraço pelo seu novo livro!"
Bem Haja Eugénio!
BALANÇA
No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida.
Eugénio de Andrade
E no postal onde o poema está escrito, que reproduz um retrato do poeta feito por Dordio Gomes em 1960, o poeta acrescentou: "Com um abraço pelo seu novo livro!"
Bem Haja Eugénio!
segunda-feira, janeiro 17, 2005
Um Morábito em Murfacém
Murfacém é um lugar da freguesia da Trafaria,situado no cimo de um morro e cheira a campo e a animais.O topónimo remete-nos para o distante passado de influência árabe.Mas o mais extraordinário é que existe por lá um edifício em forma de Kubba(cuba),que já albergou um núcleo museológico, a julgar por uma antiga placa identificativa. Segundo um velho morador o espaço está fechado há mais de 30 anos...
Na Tunísia, por exemplo, mas também em Marrocos,esta construção conhecida como "marabout", designa o espaço e o eremita que naquele local viveu retirado e em reflexão,cujos restos mortais ali repousam.
Estas azóias, do árabe "azzouia",são túmulos de homens santos muçulmanos que deram nome a aldeias, para utilizar uma designação de Jorge Gaspar.No Alentejo, em Monsaraz, Ferreira do Alentejo, em Montemor-o-Novo, em Mértola e em Évoramonte, existem alguns exemplares desta arquitectura religiosa. No Algarve são conhecidos os morábitos do Alvor.Vale a pena começar a olhar para estas capelas (adaptadas ao culto cristão)interrogando aquelas paredes que testemunharam percursos exemplares de ascetas defensores do Islão de corpo e alma, perpetuando-se na memória, através de singelos marcos-atalaias- de recolhimento e exaltação a Allah. (fotografia de Ana Fonseca)
Técnicas de Banho para Evitar Gripes
Este ano, pela primeira vez na minha vida, adoptei novas técnicas de banho, que têm produzido bons resultados, em termos das gripalhadas que todos os anos me deixavam prostrado. A verdade é que este banho regenerador tem evitado que os pés fiquem frios como antigamente, activando eficazmente a circulação.
Vou revelar esta receita milagrosa: após levantar da caminha, e na sequência das necessidades vitais, dirija-se à banheira.Dê uma primeira chuveirada nos pés. Seguidamente, aponte para as chamadas "partes", ensaboe e lave abundantemente.A terceira chuveirada é no lóbulo das orelhas, descendo pelo pescoço, peito, sovacos e umbigo. Finalmente, a estocada final: com uma mãocheia de shampoo molhe a cabeça, ensaboe e lave. Enxugue esfregando, pois ajuda a activar a circulação.
Falta dizer o segredo disto tudo: a água deste banho deve estar à temperatura ambiente, do princípio ao fim.
Acredite que fica quentinha/o para o resto do dia. E tenho quase a certeza que ajuda a evitar constipações e gripes.
Eu comprovo. (fotografia de Vanda Oliveira)
quinta-feira, janeiro 13, 2005
Maria Rosa Colaço, nome de Blog
Descobri há minutos, revendo escritas destas águas. No dia 16 de Novembro de 2004 escrevi sobre ela. Entretanto, António Matos Rodrigues comentou e ao clicar por cima do seu nome, tive a grata surpresa de descobrir o seu blog que recomendo com carácter de urgência. Vão lá e deliciem-se com a obra desta mulher extraordinária e com a luminosa memória dos seus antigos alunos... (fotografia de vanda Oliveira)
http://mariarosacolaco.blogspot.com
terça-feira, janeiro 11, 2005
Kafka is alive
Imaginem que para visitar um tesouro histórico chegam à bilheteira e vos mandam telefonar para a bilheteira para reservar bilhete.Ou que podem em alternativa fazer a reserva na net-imprimindo essa reserva como prova. Ou que têm de se dirigir a um Banco específico para num gabinete tratarem da dita reserva e depois estarem a secar numa fila à espera de pagar e receber a impressão do pagamento.
Imaginem que a novela não fica por aqui e que se tem de estar numa nova fila de 45 minutos -ao frio e à neve- para enfrentar um guichet com um senhor mal encarado que vos pede a tal impressão do Banco e o cartão de crédito para em segundos vos atirar sem pestanejar os tão almejados bilhetes!!!
Isto aconteceu no dia 29 de Dezembro de 2004 para visitar os palácios do Alhambra em Granada e é melhor que evitem Natais, Páscoas, Verões, épocas de férias escolares e quejandas...
Granada está na Europa ou no 3º Mundo?
Imaginem que a novela não fica por aqui e que se tem de estar numa nova fila de 45 minutos -ao frio e à neve- para enfrentar um guichet com um senhor mal encarado que vos pede a tal impressão do Banco e o cartão de crédito para em segundos vos atirar sem pestanejar os tão almejados bilhetes!!!
Isto aconteceu no dia 29 de Dezembro de 2004 para visitar os palácios do Alhambra em Granada e é melhor que evitem Natais, Páscoas, Verões, épocas de férias escolares e quejandas...
Granada está na Europa ou no 3º Mundo?
segunda-feira, janeiro 10, 2005
Marmoto
Fomos bombardeados com as imagens mais chocantes. Uma vez mais! Fiquei em estado de choque quando no hotelzinho de Lucena comecei a ver na televisão a insuportável realidade. Corri ao quarto da Cristina para lhe dizer o que se estava a passar. A minha expressão tinha tanto desespero que ela pensou que o planeta estava a sofrer um ataque nuclear. Ou qualquer desastre parecido com as imagens apocalípticas do fim do mundo, que de algum modo a sociedade em que vivemos alimenta, na sua matriz catastro-bíblica...
Regressei hoje ao trabalho após umas férias cheias de luz.
Tinha a caixa de correio electrónico repleta. Uma parte das mensagens eram sobre o tsunami e prometiam imagens incríveis, arrepiantes, horríveis. Já vi o suficiente na TVE, na RTP e sucedâneos. Nos jornais.Nas conversas...
Apaguei tudo sem ver. Não quero ver! Tenho os olhos magoados, a alma ferida. E uma imensa falta de paciência para estes voyeurs pseudo-solidários, que em vez de fazerem algo de melhor pelo mundo se entretêm a poluir os computadores alheios.
Obrigado http://vemosouvimoselemos.blogspot.com pela forma como falaste do assunto, Obrigado Sónia pela delicadeza http://vadiar.blogspot.com
Ainda bem que há seres humanos como vocês! Digo isto sem favor.
E já agora aquele beijo para a Ana pela maneira como falou da vida, dos amigos que ama e a quem quer ainda mais depois de ver como somos tão insignificantes.
Regressei hoje ao trabalho após umas férias cheias de luz.
Tinha a caixa de correio electrónico repleta. Uma parte das mensagens eram sobre o tsunami e prometiam imagens incríveis, arrepiantes, horríveis. Já vi o suficiente na TVE, na RTP e sucedâneos. Nos jornais.Nas conversas...
Apaguei tudo sem ver. Não quero ver! Tenho os olhos magoados, a alma ferida. E uma imensa falta de paciência para estes voyeurs pseudo-solidários, que em vez de fazerem algo de melhor pelo mundo se entretêm a poluir os computadores alheios.
Obrigado http://vemosouvimoselemos.blogspot.com pela forma como falaste do assunto, Obrigado Sónia pela delicadeza http://vadiar.blogspot.com
Ainda bem que há seres humanos como vocês! Digo isto sem favor.
E já agora aquele beijo para a Ana pela maneira como falou da vida, dos amigos que ama e a quem quer ainda mais depois de ver como somos tão insignificantes.
O Gesto é Tudo
Reforma aos 65 com direito a um bacalhau em cada Natal? Reforma mais bem paga aos 70 com direito a andar de graça aos domingos nos autocarros miniatura da Carris? Medalha de cobre aos que se reformem só aos 75 com direito à oferta de um cacto aloé vera para durar até aos 111? Reforma aos 80 com viagens a Badajoz todos os meses e oferta de um gato preto e de ímans com cenourinhas para pôr no frigorífico? Reforma aos 85 com direito a embarcar um fim de semana no "Funchal" e viagem oferta entre a estação do Oriente e Vila Franca de Xira no Alfa das 7 da matina ao domingo? Reforma aos 90 com oferta de um jogo de tamparueres e entrada grátis no 10 de Junho nos Museus das Caldas?...
pena é que muitas pessoas sejam galináceos, não tenham sonhos nem projectos e fiquem doentes e pensem na morte se deixam de trabalhar, quer dizer de fazer aquele número heróico de cumprir um horário nazi e estarem das 9 às 17e 30 sem fazer nada ou pouco mais do que isso. Pena que esta sociedade ainda não seja- será algum dia?- à escala humana e eleja o lúdico, a paz, a fraternidade como modelo criativo para o Mundo, esta passagem, ser um acto feliz...
Vai haver muita múmia a concordar.
Quanto a mim, o gesto é tudo... (foto de Vanda Oliveira)
Estou de Volta!!!
Após umas férias deliciosas em Lucena, Córdova, Granada, serras Subéticas, Virgem de Araceli, Zuheros,Serra Nevada e Antequera, mudei de bagagem e fui até Loulé e Silves e finalmente a Alpiarça. Desde 23 de Dezembro que estive on the road...Só hoje, dia 10 de Janeiro, recomeço na rotina...cheio de luz mas já com algumas sombras no horizonte...
Por este andar e a fazer fé no que o "Jornal de Negócios" anuncia, em termos de programa eleitoral do PSD- e caso estas ideias tenham aceitação, em vez de criatividade e de reforma da administração pública, teremos um cóio de revoltados a apodrecer até morrer nos gabinetes dos ministérios e das câmaras. Ou seja: o país corre o risco de se engrandecer enquanto viveiro de múmias...
Os jovens é melhor que curtam a vida até aos 40... Se a reforma já se prevê para além dos 65 nas propostas da direita, terão tempo de sobejo para trabalhar...(foto de Vanda Oliveira)
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