É um prazer tê-lo aqui...

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17 de novembro de 2015

O Banco do Seu Zé...

Eu em minha andanças por aí, quando de repente um objeto me encontra...

É bem assim, se eu procurar, certamente nem vou notar, não que eu seja desligada, ao contrário, sou tão antenada que muitas vezes o meu olhar é tão amplo que um objeto tão especial passa pelos meu olhos e eu nem percebo...

Quase aconteceu com o Banco do Seu Zé... Esse foi o nome que dei para esse banco tão lindo e especial...

Certa manhã, fui à casa da minha irmã, o prédio todo estava em obras, quando entrei no hall para subir no elevador, ele estava ali, paradinho ao meu lado, pequeno, sujão, bem acabado mesmo.... eu olhei, ele me olhou, naquele momento apareceu um moço que trabalhava na obra, então eu perguntei de quem era aquele banco, o moço disse que era deles usarem na obra, eu disse que dava R$ 10,00 por ele, o moço fez um drama psicológico e disse que era do 'fulano' e que eu deveria falar com ele...

Subi para a casa da minha irmã, fazendo o tipo de quem nem ligou para aquele banco feioso e velho, mas dentro de mim eu estava quase enlouquecendo de paixão por aquele sujão e acabado banco, nossa, quase nem almocei, louca para descer e fazer negócio!!!

Contava os segundos para ir lá embaixo pegar o banco, mas lembrei que só tinha R$ 15,00 no bolso, ofereci R$ 10,00, mas lógico que eles iriam pedir bem mais que isso...

Lá fui eu, quando saí do elevador, de cara vi o moço e o 'fulano' em cima do banco lixando o teto, coitado o banco já estava todo acabado e aqueles dois terminando de destruir o pequeno!!!

Cumprimentei e já fui negociando, mas claro que eles fizeram um drama, pediram R$ 20,00, até que foram honestos na negociação, mas eu disse que só tinha R$ 15,00, que nem valia pelo estado...

Nem acreditei, levei o banco por R$ 15,00, fui embora rapidinho, feliz da vida!!!

























Ele chegou assim, todo capenga, manchado, com a tábua do assento podre, cheio de pregos horríveis e enferrujados... Um horror!!!
Mas além disso eu enxergava uma beleza tão preciosa!!!

























Passei alguns dias só olhando para ele assim... Me vinham tantas histórias, como se eu soubesse tudo!!! 

Eu imaginava um Senhor idoso, o Seu Zé, que trabalhava em obras a vida inteira, mas que tinha o dom da carpintaria. Um dia, num momento raro de ociosidade,  pegou alguns pedaços de madeira da obra e foi fazendo aquele banco, muito caprichoso por sinal, os detalhes dão o toque e o carinho que foi gasto ali, como não perceber! 

Seu Zé caprichou, gastou seu pouco tempo livre para transformar restos de madeiras velhas da obra para fazer um banquinho... O que um dia iria para um contêiner de lixo, veio aqui para casa enfeitar algum cantinho... 














Marido conseguiu um pedaço de madeira e cortou para poder usar de assento e prateleira, a madeira era bem parecida, apenas precisei medir e dar um trato para que ficasse ajeitada...
 Retirei o assento de madeira, todos os pregos e limpei todo o banco, lixei várias vezes para retirar o máximo de manchas de tintas, acertei os cantos que já estavam com farpas. Após várias lixadas, passei um pouco de massa misturada com betume onde os pregos haviam quase furado o banco todos, lascando as laterais...

























Ainda namorei muito o banco, não sabia se pintaria, se faria uma pátina colorida ou se deixaria natural. Mas pensava tanto no Seu Zé e o capricho que teve para fazer o banco...



















Resolvi preservar natural, apenas dei um trato na madeira toda, passei um verniz fosco que protege e que ressalta a cor da madeira original. Deixei o banco com umas manchas originais da madeira e nem acertei o pequeno tortinho que ele possui, coloquei a prateleira, que observei que existia antes, havia uma marca interna, restaurei de forma que ficasse com as marcas do Seu Zé...




Enfim, levei alguns meses para finalizar, não porque deu muito trabalho, mas por viajar em histórias que o banco me contava e também pelos problemas nas minhas mãos, elas ficaram em estado crítico, descobri que nem luva de latex posso usar, há uma luva de borracha com proteção interna, mas nem sempre eu encontrava, então eu precisava esperar minhas mãos melhorarem para prosseguir no trabalho... 

Agora estou colocando o banco em alguns lugares da casa para poder acertar onde ele fica melhor...

Adorei!!!