Fui uma adolescente muito popular na escola e na vida social, mas 'Popular', neste tempo não tão longe assim, era ser uma pessoa alegre, extrovertida, com facilidades comunicativas e disposição para fazer muitas amizades e unir todas elas em alguma atividade legal, não é como hoje que a menina 'popular' normalmente é aquela que fica ou que já ficou com vários ou todos os garotos...
Era muito fácil para mim, fazer amizades e ter criatividade para unir todo mundo, facilitando a amizade entre todos... Muitas vezes surgiam casais de namorados nestas confraternizações e onde criei laços de amizades duradouros...
Como já falei algumas vezes, nós (minha família) mudávamos de cidade de dois em dois anos, isto era cruel para nossas relações afetivas, tanto de amizades quanto amorosas, por isto a vantagem de ser 'popular', tinha muita facilidade em chegar na cidade nova e já fazer amizades, na minha concepção de tempo, eu normalmente só tinha dois anos para conhecer, cativar e semear laços, mas acho que também por isto, sempre namorei só dois anos, até depois que atracamos nosso barco de vez, meus relacionamentos amorosos sempre foram firmes e sérios, mas eu só ficava namorando por dois anos, na véspera de completar este aniversário, confesso, fazia uma lista de prós e contras do romance e fazia o balanço da relação, no fim sempre dava mais contras que prós, então eu encontrava a pessoa e finalizava o relacionamento...
Frio, cruel, sem coração? Não vejo assim, vejo como prático, objetivo e muito solidário e por que não dizer generoso, porque vejo tantos casais cheios de 'problemas' e infelizes, acontecem até traições. Então, para quê ficar prendendo alguém ou se prendendo num relacionamento falido? Afinal, namoro serve para isto também, né? Testarmos nossas afinidades e diferenças...
Conheço pessoas que estão casadas e até namorando, sabendo que os maridos e namorados ficam com periguetes por aí, sofrem horrores e não se separam por medo, comodismo, sei lá por quê, e os 'lindos' se achando e não se separam também, por que sabem que estão garantidos, no sentido de terem para onde voltar quando se cansarem, mas não é uma covardia de um cara desses aprontar e não liberarem a mulher? Sobre a mulher, algumas até sei que tem a ver com a educação que tiveram, outras se acovardam com medo de ficarem sozinhas, acham que não vão 'dar conta' de recomeçar... É barra uma situação destas!!! Não sou à favor da separação, mas também não sou à favor de ficar num relacionamento falido, infeliz e até cruel...
Quando adolescente, meus namorados queriam que eu usasse a tal 'aliança de compromisso', de um e outro eu até usei, mas não fui feliz depois disso, parecia que àquela aliança era mais uma coleira do que um símbolo de amor...
Quando fiquei mais moça (?), as intenções eram até mais sérias, eles falavam de noivado, o que era bom, mas eu achava muito cedo, porque ninguém conhece ninguém de verdade com um ano de namoro, neste período tudo é lindo, romântico, divertido e colorido, no segundo ano é que a realidade vem à tona, já acontecem as divergências intelectuais, o lado 'obscuro' vai clareando... Embora eu sempre tenha sido autêntica, tipo, euzinha mesma, é claro que o vermelho sempre é mais vermelho, e o azul é mais azul no início, né?
Errei muito em minhas escolhas, errei mais ainda em minhas escolhas definitivas, mas como excelente capricorniana, 'encarei' não somente as consequências delas, como resolvi cada uma com coragem, fé e determinação... Sem dó de mim e sem rodeios, mas com muita dignidade, respeito por mim e minhas convicções.
Umas das coisas que mais pensava, tanto no tempo dos namoricos quanto no tempo que me casei, era numa frase que minha mãe sempre dizia: 'Se respeite e se ame antes de tudo, tenha Fé minha filha que tudo se resolve'... Não sei se ela usava isto à seu favor, mas eu usei, sempre me respeitei muito e sempre gostei muito de mim mesma, a Fé é forte e me dá forças para resolver tudo, nunca fui covarde nem medrosa, então sempre resolvi aquilo que não estava direito... As vezes o 'resolver' é dar uma guinada de 360º em nossa vida, ou então, 'reprogramar' nossas atitudes diante dos nossos anseios, desejos e escolhas...
Não é fácil, de forma alguma é fácil terminar um relacionamento, mesmo aos 15, 20, 30 ou 40 anos... Mas uma coisa é fato, o depois é tão bom que vale por toda a dor, sofrimento e angústia passadas...
Existem estágios para esta superação, demora e causa uma sensação de luto, mas depende muito de cada um, para alguns demora muito à passar, para outros parece uma eternidade, para poucos passa logo, mas em todos os tempos, passa... Se não fosse verdade, olhem um segundo para trás e vejam quantos namorados, maridos, ficantes você teve, isso, olhe só por um segundo e lembre-se, você Teve... Pode até acontecer uma sensação de saudades? Pode, mas já não dói, não causa aquele sofrimento todo e em algumas vezes até dá uma alegria colegial igual quando tiramos uma nota boa na prova de física, né?
Bom, confesso que para mim, a coisa é bem tranquila, minhas amigas dizem que não tenho coração mesmo, eu até digo que tenho sim, mas que ele possui bateria Made in Taiwan...
Claro que sinto as coisas, aperta o âmago da minha ternurinha, dá tremedeira, raiva e meus cabelos arrepiam, mas há uma frase que eu uso literalmente em minha vida:
Eu sinto dor, mas não sofro por ela...
Fácil assim?
Hoje é, mas levou muito tempo para eu transformar a teoria em prática,
mas tenho uma coisa que ajudou, como nunca fui chorona, sempre fui muito prática e objetiva nas questões, tipo, a fortona da casa, então levei vantagem...
Mas o sentimento de derrota pode existir no fim de um casamento, não acredito neste sentimento quando é namoro, porque justamente 'namoro' é para curtir, duas pessoas se conhecerem, criarem afinidades...
Mas casamento é além, foi a escolha definitiva, foi o início de uma família, mesmo para quem não teve filhos, foi a construção de uma relação que até então era boa, afinada reciprocamente e terminá-la, dar fim a esta ligação é barra, acontece o sentimento de que não conseguimos dar continuidade, de construir alicerces seguros e sólidos, o famoso 'Felizes para sempre' não aconteceu, ou o Para Sempre foi muito curto...
Mas não temos toda a culpa, por pior que sejamos, o que não pode ser verdade, porque para a construção de um relacionamento afetivo, é necessário sentimentos bons, de amor e uma pessoa não pode ser tão ruim quando um relacionamento acontece...
Mas normalmente a mulher se sente a vilã, a culpada,
a bruxa do pântano azul...
Não somos, nem Euzinha com coração à bateria...
Até pouco tempo, era normal que o fim do casamento acontecesse com a mulher mandando o marido embora, hoje já mudou muito, eles criaram coragem e isto anda acontecendo mais, eles se mandando de casa...
Por isto, este sentimento de culpa tenha se dividido, por que antes, aos 'olhos do povo', coitado do marido, a mulher jogou todas as tralhas dele pela janela, ele ficou só com a roupa do corpo e blá...blá...blá...
Hoje eles já carregam um pouco da culpa de terem abandonado a família, a mulher... Já até entram em depressão, se entristecem...
Mas independente do sentimento pós separação, acabou e pronto!!!
Isto quando já analisaram a relação, conversaram, fizeram o que deveriam ter feito, sei lá, aquele 't-u-d-o' que precisava para 'salvarem' a relação, nossa, isto é muito triste mesmo, mas acontece, melhor que ser impulsiva, eu já fui muito, mas sempre fui muito honesta comigo sobre o que sentia e o que era real, as vezes os sentimentos brincam com a gente, iludindo um pouco...
Então é bola prá frente, sacudir a poeira e dar a volta por cima...
Quer entrar em depressão, se sentir uma barata, chorar,
se lamentar e rodar a baiana?
Bom, lembre-se que meu coração é à bateria, eu não fiz nada disso, claro que senti a perda, mas hoje eu consigo traduzir a minha dor de uma forma simples, vocês vão me odiar por isso, mas imagina um dente que começou à doer, as vezes a gente até protela a ida ao dentista, mas temos que ir, então ele analisa e diz que tem que arrancar, então pensamos e decidimos: - Arranca!!!
Tomamos a anestesia, ele arranca o dente estragado, dá um ponto e voltamos para casa... Talvez precisemos de um analgésico, mas logo passa e pronto, voltamos à sorrir novamente!!!
O importante é acreditarmos que temos uma força tão grande dentro da gente e que ela vai vir à tona quando decidimos nos transformar, agir corajosamente em prol primeiramente do nosso bem-estar, do nosso Amor próprio, nos respeitando incondicionalmente...
Filhos?
Eles necessitam de nós sim, mas precisamos estar inteiras, em pé, dando conta da situação, e eles sobrevivem, assim como nós, tenha certeza disto!!!
Quer chorar?
Chore embaixo do chuveiro, se acabe de chorar,
chore como nunca chorou antes, até ficar inchada e feia...
Se alguém te encontrar, mesmo à noite,
use óculos escuros e diga que está com conjuntivite...
Mas no dia seguinte, esteja mais linda que nunca, pronta e espetaculosa...
Jogue fora tudo que te lembre desse passado tenebroso,
menos os filhos, é claro...
Sabe àquelas roupinhas velhas de ficar em casa?
Jogue fora, nem dê para a caridade, é um pecado!!!
Faça um bolo bem gostoso e coma uma bela fatia,
sinta-se abraçada por sua avó, é bom, né?
Menina, por pior que seja, o bom vem depois,
mas depende de você...
Não se sinta uma barata, você não é...
As lágrimas secam, a dor passa, a vida continua...
Se tiver filhos, eles dependem de você feliz!!!
O Amor vale à pena sim...
Não queira se vingar, rodar a baiana, dar vexames e chiliques, maior mico e você vai se sentir ainda pior com esta fama de louca e estressada, ah, mas isto nós já carregamos em nossa bolsa, então, seja o que todo mundo não acredita e ele nem imagina, Linda, Maravilhosa, um Show de Mulher Fantástica...
Seu Eguinho agradece, os filhos te enaltecem e você fica ainda mais Feliz!!!
E quando alguém perguntar, principalmente àquelas suas amigas da onça, diga sempre que:
- Está ótima!!!
- Tudo está ótimo!!!
- Foi a melhor coisa que te aconteceu!!!
- Você está se sentindo leve e feliz...
Sinta-se assim!!!!
É verdade mesmo, oras!!!
Bjim
PS: Casei-me três vezes, a primeira vez eu era uma adolescente imatura e louca para sair de casa, neste tempo, não tão longe assim, as meninas de família saiam de casa para casar, durou entre namoro e 'fuga' casadoura, dois anos... (algumas moças saiam de casa para estudar, mas ou moravam na casa de um familiar ou em algum lugar só para meninas). Fiquei um ano e pouco reestruturando minha nova vida, então casei-me novamente com àquele que seria o pai das minhas filhas, entre 'trancos e lavancos', vivemos juntos por 10 anos, separei-me e fiquei dois anos re-reestruturando minha nova outra vida, agora com as meninas, e então casei-me definitivamente, agora são 11 anos juntos e acho que estamos no caminho certo, pelo menos a maturidade, a tolerância, a paciência, a serenidade, a honestidade e respeito 'mútuos' fazem parte dos ingredientes da relação, coisas muito importantes... Quanto ao meu coração à bateria, ele sempre passou por bocados duros e tortuosos, mas sempre acreditou na família, no amor e principalmente na união de almas, continuo tendo muita Fé e respeito por mim, acho que por isto sou ainda mais feliz, mesmo com os 'mas' que a vida coloca pelo caminho...