Não temos, no Brasil, tempos que coloquem o povo mais em
polvorosa do que eleição, Copa do Mundo e Carnaval.
Os comportamentos mudam, o povo discute, as torcidas
funcionam esbaforidamente. O brasileiro
é um passional. É uma característica
desta gente. Sala grande, ambiente
agradável sem luxos, próprio de quem sabe viver bem sem ostentações
desnecessárias.
— Pois eu digo que não vai ser nada fácil. Candidatos que não levantam o povo não animam
ninguém — falou o Teles, antigo advogado criminal, experimentado no
assunto. Um artista. Não! Não era o Humberto Telles, que num Júri
no Rio de Janeiro levantou tese de coação irresistível da fome. “Um escárnio”, diziam uns, “uma desgraça
diária”, ficava raivoso o lado contrário. Tudo isso porque um proprietário de
pequena e simples casa não teve seu aluguel pago dois meses consecutivos. Estava almoçando num bar comum. Periferia, quando o inquilino pediu para
esperar poucos dias, conseguiria o dinheiro e não seria despedido. O não, agressivo e maldoso, deu lugar a dois
tiros seguidos. Morreu ali mesmo. O advogado do homem foi o Humberto
Telles. “Coação irresistível da fome”
deu o que falar entre policiais, advogados e juristas. A tese, sem dúvida, era revolucionária.
Coação irresistível da imbecilidade é o nosso sistema de
governo. É incrível que o presidencialismo
ainda seja o sistema de governo, inclusive dos Estados Unidos. Um homem, eleito pelo povo, torna-se ditador
com mandato certo, absurdo dos mais agressivos.
Mesmo nos EUA, onde o Congresso manda, não tem o menor cabimento. Um só homem não pode dirigir um país, isso é
óbvio. Um conselho de ministros deve
cumprir esta missão, que se torna mais independente e menos sujeita a
erros. O Primeiro-Ministro errou? Voto de desconfiança nele! O parlamento aceitou o voto? Outro é nomeado, após eleição interna. Nada de tumultuar o andamento normal de um
país do que politicagem entre os que dele fazem parte, com função de mando. Presidente da República não deve existir em
caso algum.
Candidatos nitidamente fracos, muitos contra este
sistema, todos, sem a menor dúvida, todos, deveriam procurar o que fazer, e não
ficar atrapalhando o país, que vai mal, infelizmente, ao contrário do que dizia
o Chanceler Oswaldo Aranha, quando cumprimentado pelos seus colegas da ONU, “o
Brasil vai bem, obrigado.”
Continuamos esperando a profética fala do almirante
Tamandaré, do alto da fragata ‘Amazonas’, na gloriosa Batalha Naval do
Riachuelo. “Sustentar o fogo que a vitória é nossa". "O Brasil espera que cada um
cumpra com seu dever.”