Nascida em Ilhéus, Rita Santana é atriz e e escritora graduada em Letras pela UESC onde foi uma das organizadoras do projeto Universidade em Verso. Como atriz, iniciou em 1985, no teatro, fez também cinema e televisão, onde seu melhor momeno foi na novela Renascer. Iniciou sua carreira literária em 1993 publicando textos no jornal Diário da Tarde de Ilhéus. Em 1994 publica artigo sobre a obra de Almeida Faria intitulado “A Beleza do Peso em Rumor Branco” na Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa “Quinto Império”. Neste mesmo ano, publica seus primeiros contos no suplemento literário do jornal A Tarde de Salvador. Publicou o livro de contos “Tramela” através da Fundação Casa de Jorge Amado com o Prêmio Braskem de Cultura e Arte Literatura 2004, para autores inéditos. Em 2005 participa da antologia “Mão Cheia” e divulga o seu trabalho na Bienal do Livro da Bahia e no Projeto Poesia na Boca da Noite. Em 2006 publica o livro de poesia “Tratado das Veias” pelo Selo Editorial As Letras da Bahia, voltando a participar da Bienal do Livro da Bahia em 2007.
BREJO
Rita Santana
Angélicas acalentam durante o dia o olhar
Sobre os meus pés de menina que sente o cheiro do brejo.
Há uma vizinha que enlouquecerá,
Há um nome tanto, filhos belos, casa decorada,
Prosperidade e segurança.
Há no quintal da casa um brejo,
Há caixas de ovos, cheirando a isopor branco,
Há o menu do futuro nas mãos da minha mãe,
Órfã nos dias dos nossos passos.
Haverá melancolias de tardes com as vizinhas da minha mãe.
A poesia me oferta remissão,
A facilidade das confissões,
O esconderijo dos pequenos furtos.
Mas, e a vida?
Tenha paciência com meus desatinos amarelos,
Tenham paciência com os meus desatinos vermelhos,
Paciência com minha inapetência pra paciências diárias.
Confesso o meu pânico, a minha demência cega.
Sou poeta! Eis minha pena, meu punhal, meu álibi.
Minha balança.
Fonte: Blog de Lima Coelho.
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