segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
DE OUTROS
PESSOA, SEMPRE
LISBON REVISITED (1923) - ÁLVARO DE CAMPOS
Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
Álvaro de Campos
DE OUTROS
O tremeliques palavroso2010-12-20Tive imensa sorte, na minha juventude, por nunca haver sido confrontado com a obrigação de assinar a declaração de «conformidade» do famigerado decreto 27003, exigido pela ditadura. Seria para mim angustioso sujeitar a honra a uma mentira, mas confesso que, se fosse obrigado, assinaria. Ninguém via heroísmo redentor nessa estóica recusa. Por bênção dos deuses, o maldito decreto foi revogado por Marcello Caetano antes de a situação se me colocar. Dessa estou «imaculado», mas não atiro um grão de areia a quem firmou de cruz aquele papel: o cobarde não foi quem assinou, cobarde era quem obrigava a assinar. Por isso, não liguei muito à notícia da declaração assinada de Cavaco Silva à PIDE. Só despertei da modorra, quando ouvi o candidato dizer que não se lembrava do episódio. Aí, pára: ou o cavalheiro mente desavergonhadamente, ou sofre de um Alzheimer muito adiantado a justificar um Conselho de Estado para o interditar. Ninguém, mas ninguém mesmo, se esquece de quando foi obrigado a ir à PIDE: fica na memória para sempre. É que esta, para mais, foi uma declaração presencial, certificada na hora pelo chefe de brigada da Pide e por isso dispensada de reconhecimento notarial. Tem ele o despudor de dizer que não se lembra? Abram a ala VIP da psiquiatria, por favor! A mentira (ou doença incurável do candidato) tornou-me mais atento. O que me chamou mais a atenção foi a anotação final, num espaço de preenchimento facultativo, a dizer que «não priva» com a segunda mulher do sogro, dando o nome completo da senhora. Ah, isso é demais - e nada tem a ver com «tentativas de o ligar ao anterior regime», como Cavaco se lamuriou. Nada! A ligação é só à sua têmpera, à sua capacidade ou não de enfrentar situações difíceis. Toda a gente de bem que conheci, desafecta ou mesmo afecta ao salazarismo, respeitava este princípio: à polícia (e então à secreta!) só se diz o mínimo. Era questão de fidalguia, de sobranceria, de desprezo. Não era exigido a Cavaco que escrevesse o nome da segunda mulher do sogro e muito menos que declarasse que não privava com ela. Qualquer um com dois dedos de siso saberia que isso iria pôr a PIDE de sobreaviso contra a senhora - ou então queria mesmo denunciá-la. Cavaco não seria tão reles: apenas estaria tão tremeliques que escreveu até o que não queria, coitado. E logo ele que diz que há palavras de mais na política. Lá sabe do que fala, quando falou, à PIDE, do que não devia ter falado. A desgraça é que o tremeliques tem ainda menos cura que o Alzheimer. JN |
domingo, 30 de janeiro de 2011
A PÁTRIA DO MINHO A TIMOR
A sociedade portuguesa descobria através dos casos de stress psicológico, um lado secreto da guerra que emergia sem pedir licença num país que travou durante 13 anos uma guerra e depois fez o possível por ignorar que ela tinha existido. Não podemos, de qualquer forma, relativizar o stress pós-traumático perante a evidência da importância de uma outra forma de sofrimento que desconhecíamos. O que sabemos é que, 50 anos depois, ainda não identificámos toda a dor que a guerra colonial deixou. Por isso, ela ainda não acabou.
UM IMENSO ADEUS
sábado, 29 de janeiro de 2011
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
UMA LUZ
A DIGNIDADE DO ESTADO EM WEST COAST
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
UM COMENTÁRIO PROMOVIDO A 'POST'
O RIGOR ORÇAMENTAL DO "ENGENHEIRO DA INDEPENDENTE"
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
TRANSPARÊNCIA E INTEGRIDADE - ASSOCIAÇÃO CÍVICA
TIAC REALÇA SUCESSO DA INVESTIGAÇÃO DO CASO MAN-FERROSTAAL E CONDENA INTIMIDAÇÃO POR PARTE DA DEFESA DOS ARGUIDOS
A Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC), Ponto de Contacto Nacional da organização internacional de luta contra a corrupção Transparency International, emite as seguintes considerações no seguimento da decisão recente do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) sobre o caso MAN-Ferrostaal:
- Congratulamos o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), e em particular o Juiz Carlos Alexandre, pela decisão audaz e exemplar de levar a julgamento os 10 arguidos do processo das contrapartidas dos submarinos, acusados de burla qualificada e falsificação de documentos, que lesaram o Estado em 34 milhões de euros, de acordo com o despacho de pronúncia;
- A TIAC repudia as alegações, pressões e intimidações que foram manifestadas pela defesa dos arguidos ao Juiz Carlos Alexandre em sede de tribunal, sendo intoleráveis num Estado de Direito Democrático como o nosso. Neste sentido, a TIAC apela às instâncias de jurisdição que assegurem as garantias e protecção necessárias aos intervenientes judiciais neste processo;
- Esta decisão do TCIC não só vem credibilizar a Justiça portuguesa, porque materializa o princípio constitucional de que a lei é igual para todos, grandes e pequenos, como também evidencia a qualidade da investigação e da peritagem previamente realizada pelo Ministério Público;
- A TIAC estará atenta ao desfecho do processo que tem seguido e apela à Procuradoria-Geral da República que afecte todas as condições e apoios necessários para o bom desenvolvimento da investigação.
Esta posição da TIAC não é subscrita por um dos membros da Direcção, por razões deontológicas, uma vez que desempenha as funções de magistrada.
DE OUTROS
WEST COAST NEWS (NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA EM INGLÊS TÉCNICO)
OS 53%
UM IMENSO ADEUS
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O QUE ESTAMOS A PAGAR
A comissão que investiga a crise apontou o dedo em várias direcções: acusou duas administrações, culpou a Reserva Federal (FED) e outros reguladores por terem permitido uma mistura calamitosa de operações: empréstimos hipotecários nefastos, venda de dívidas a investidores e apostas arriscadas em títulos suportados pelas dívidas.»
SOL
WEST COAST NEWS (NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA EM INGLÊS TÉCNICO)
UM IMENSO ADEUS
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
UM REI
FAÇA-SE JOSTISSA
FAÇA-SE JOSTISSA
UM IMENSO ADEUS
II (E ÚLTIMO) AVISO À NAVEGAÇÃO
RANCORES
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
DE OUTROS
ELEMENTAR, MEU CARO ALEGRE
domingo, 23 de janeiro de 2011
ENTÃO, TENHAM OS DOIS UM LINDO FUNERAL
A GARGALHADA DO DIA
PRESIDENCIAIS 2011
PRESIDENCIAIS 2011
PRESIDENCIAIS 2011
A RÁBULA
O FABRICANTE DE BARRACAS
GLOBALIZAÇÃO
A DOENÇA
AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES
REFLEXÃO (IMPORTANTE!)
país: uma livraria integralmente dedicada à poesia.
Sucede, contudo,que, apesar de fantástica, ela encontra-se com alguma
dificuldade em
sobreviver. O que não se compreende: tem à sua frente um jovem
livreiro que, além de extremamente eficiente, como verão, possui um
total conhecimento do que está a vender: conhece os autores, as
edições, tudo.
A livraria de que vos falo chama-se Poesia Incompleta, fica na Rua
Cecilio de Sousa nº 11 (Príncipe Real) e vai com certeza ser uma
revelação para quem a visitar.
Abrange todas as épocas e o que não tem, o Mário, o dito livreiro,
arranja, normalmente - e com uma
brevidade que, no mínimo, surpreende.
Peço-vos - a vos que sois leitores, presumo - que façam uma visitinha
a este sitio, que não pode de maneira nenhuma fechar e que, pela sua
qualidade, vai-se tornar, mais tarde ou mais cedo, como aliás disse
Vasco Graça Moura, num local de culto.
Isto, claro, se não fechar, coisa que, passando a palavra e
recomendando a amigos este tão
singular espaço, podemos evitar.