Friday, December 07, 2007

Aliki Burnay, 1939 - 2007

A história da Vida da minha Mãe foi uma história de amar.
A Minha Mãe amou a Vida e tudo o que ela tem de grande. Amou o sol, o mar e sobretudo as pessoas. Mas amou também o que faz a diferença.
Amou os beijos do avô Rabi, as ondas da praia de Santo Amaro de Oeiras, as visitas à tia Nitza nas grades do colégio do Bom Sucesso e amou o tio Jorge como uma luz. Amou as amigas do liceu que ficaram para sempre, as gargalhadas dos primos Teresa e Zé Manuel e o filho do filho de um primo que mal conheceu. E amou muito o amor da Tia Bé, o amor que a avó Kiki me tinha e uma família grande que esteve sempre perto.
Amou homens como uma mulher, amou amigos como uma menina e amigas como uma irmã.
Amava rir, e chorou e sofreu como chora e sofre quem ama.
Amou viajar, amava o sol e o mar, o pôr-do-sol e o nascer do dia. Amou gente que eu nunca vi e amou gente que viu uma vez só.
Amou cada lugar por onde passámos juntos e sonhava com os lugares por onde ainda haveríamos de passar. E fez fotografias para poder amar de novo os lugares onde tinha sido feliz.
Amou os meus amigos como se fossem seus e os meus primos como se fossem meus irmãos. E amou o dia em que se sentou à mesa com os irmãos que eu tinha, assim como amava as netas e os netos que não eram seus. E até amou quem eu não soube amar.
Amava beijar, tocar, contar histórias, rir e ouvir. E até a comer parecia ter paixão.
A minha mãe amou trabalhar. E por muito medo que tivesse do estreito de Gibraltar, e tinha, atravessou-o até já não poder cruzar mais nenhum mar, porque nunca soube o que era desistir ou deixar.
A minha mãe ouvia música em silêncio e amava deixar-se ficar.
Amava os outros, e assim se amava a si. Por isso lhe era tão fácil sorrir.
E amou-me a mim, como eu não sei se algum dia saberei amar.
Durante sessenta e oito anos a minha mãe amou, e como só acontece a quem muito ama, foi muito amada.
A história da vida da minha mãe é uma bonita história de amar. Por isso foi feliz.

Ser amável

Now, where was He? Why didn’t He stop it? What possible point can there be to such a tragedy? Isn’t God supposed to be good? Isn’t God supposed to love us?
Now, that’s the nub of the matter: love. I think I’m right in saying that by “love”, most of us mean either kindness or being “in love”. But surely when we say that God loves us we don’t mean that God is in love with us... do we? Not sitting by the telephone, writing letters:
“I love you madly-God, xxx and hugs.” At least I don’t think so. Perhaps we mean that He’s a kind God. Kindness is the desire to see others happy. Not happy in this way or that, but just happy. Perhaps we mean that He loves us with a more mature benevolence. Not so much a Father in heaven as a Grandfather. “I do like to see the young people enjoying themselves... What does it matter as long as it makes them happy?”
Here I’m going to say something which may come as a bit of a shock. I think that God doesn’t necessarily want us to be happy. He wants us to be lovable. Worthy of love. Able to be loved by Him. We don’t start off being all that lovable, if we’re honest. What makes people hard to love? Isn’t it what is commonly called selfishness? Selfish people are hard to love because so little love comes out of them.
God creates us free, free to be selfish, but He adds a mechanism that will penetrate our selfishness and wake us up to the presence of others in the world, and that mechanism is called suffering. To put it in another way, pain is God’s megaphone to rouse a deaf world. Why must it be pain? Why can’t He wake us more gently, with violins or laughter? Because the dream from which we must be awakened is the dream that all is well. Now that is the most dangerous illusion of them all. Self-sufficiency is the enemy of salvation. If you are self-sufficient, you have no need of God. If you have no need of God, you do not seek Him. If you do not seek Him, you will not find Him.
God loves us, so He makes us the gift of suffering. Through suffering, we release our hold on the toys of this world, and know our true good lies in another world.
We’re like blocks of stone, out of which the sculptor carves the forms of men. The blows of His chisel, which hurt us so much, are what make us perfect. The suffering in the world is not the failure of God’s love for us; it is that love in action.
For believe me, this world that seems to us so substantial is no more than the Shadowlands. Real life has not begun yet.


SHADOWLANDS
A PLAY BY WILLIAM NICHOLSON