Quinta-feira à noite, durante mais de uma hora o canal France 2 transmitiu um programa de informação, feito por franceses, de enorme qualidade técnica. Um daqueles documentários com voz off onde as informações são confirmadas por depoimentos. Durante quase hora e meia, o locutor e os depoentes explicam, ponto por ponto, a tese conspirativa do mais clássico anti-bushismo. Bush é profissionalmente ignorante (Norman Mailer confirma), é um alcoólico ultra-religioso, um ex-depravado transformado em extremista cristão (um jornalista e as fotografias de um Bush com ar beato provam-no) é uma boneco animado do “complexo militar industrial” (o director de um Instituto confirma) a Carlyle é a máfia (um historiador garante), a sua Assembleia Geral até estava reunida no Ritz Carlton no dia 11 de Setembro (confirma um jornalista) à hora dos atentados, a família de Ben Laden é a melhor amiga dos Bush e da sua entourage (como provam as fotografias tiradas em visitas de Estado dos sauditas aos Estados Unidos, com troca de abraços e risos), Collin Powell esteve sempre às ordens dos Sauditas (pagaram-lhe um discurso, conta um ex-agente da CIA), Saddam foi uma criação dos americanos. Todas as televisões sabem que o avô de Bush era o banqueiro de Hitler – enquanto o filho combatia os aliados dos alemães no meio do Oceano Pacífico) mas nenhum jornal ou televisão o conta (um jornalista ou um ex-agente da CIA ou o historiador, asseguram).
Uma hora e quinze minutos, pelo menos, do mais completo anti-bushismo, sem contraditório (os depoimentos de Carlucci, Perle ou Powell são utilizados e colocados quando ajudam a tese, nunca para pôr em causa ou abanar a teoria).
Ver Bush a rir, depois os cemitérios com cruzes que e evocam os soldados mortos no Iraque, Norman Mailer a chamar-lhe o mais estúpido de todos os presidentes e um Senador a gritar que é “outrageous” o que se está a passar. Como não odiar esta América?
CHama-se a isto Michael Moorismo: o mundo a preto e branco, como eles gostam de dizer que os outros o vêem.
PS. Meia hora antes, no mesmo ou noutro canal, uma reportagem sobre as tropas italianas e francesas no Líbano. Explica o militar Libanês: nem pensem em instalar o vosso quartel-general em Canã, isso é a sede do Hezbollah. Ah.