Saturday, September 16, 2006

Chega

Um “intelectual” que acredita mais na teoria conspirativa do 11 de Setembro do que na existência de terrorismo islâmico; um ex-presidente da República que acha que o “in god we trust” das notas de dólar equivale a fanatismo religioso, que explica que o ataque às Torres Gémeas equivale à rapinagem do museu de Bagdade (ele disse isto), que defende que as razões de queixa do Islão contra o Ocidente são bom fundamento para os ataques, que quer negociar através das Nações Unidas com os terroristas – que comparou com MPLA a ETA ou o IRA., tornando equivalente a luta pela independência (sem entramos em detalhes) a um ataque contra uma civilização sem pretender nada em troca e, genial, que acha ao mesmo tempo que a intervenção no Iraque foi por causa da economia e que por causa da intervenção no Iraque está a dar cabo da economia. Finalmente, um jovem representante da comunidade islâmica explicou o que eram os radicais de cada um dos lados. São assim: os Islâmicos radicais dizem: “Eu não preciso do ocidente”. Já os ocidentais radicais “sentem-se no direito de impor os seus valores ao mundo islâmico”. O jovem acha que o Huntington é de uma “mediocridade intelectual”. Chega. Não vejo mais, vou desligar o vídeo do site da RTP.
Fico-me por aqui. E declaro que me sinto no mais sincero e radical direito de proteger a minha sociedade e o meu modo de vida e de não baixar os braços nem pretender negociar com terroristas que não têm qualquer pretensão negociável.

Wednesday, September 13, 2006

Para ajudar a perceber o Paquistão

Ontem no Parlamento Europeu:
"Dúvidem das minhas capacidades mas não dúvidem das minhas intenções."
"Pior do que a al kaida são os taliban que gozam de apoio popular."
"Pior do que Bin Laden é o Mulah Omar, que está operacional e activo."
"A acção militar é necessária mas só serve para ganhar tempo, depois é preciso fazer política."
Dito isto, o General Pervez Musharraf acrescentou que isso só se faz com os chefes tribais.

Foi o que ele disse.

Monday, September 11, 2006

11 de Setembro

Cinco anos passados, é provável que se tenham evitado muitos ataques, mas parece evidente que não se evitou a continuação da guerra. Esse é o problema. O pior é que não é nada evidente que seja possível fazê-lo.

Capuchinho vermelho e mentiroso

O capuchinho vermelho, aka Padre Melícias, apareceu-me ontem na televisão, muito excitado depois de ter corrido não sei quanto tempo, a dizer que uns disparates sobre correr pela solidariedade e partir da Torre de Belém para as Descobertas ser tudo igual e equivalente. Nada de extraordinário. A única coisa que me espanta é vê-lo na Torre de Belém. é que, tal como foi quando fotografaram ali o Rosa Casaco, este também era suposto ter fugido para Espanha. Se bem me lembro, há uns onze anos o senhor jurava que se Cavaco fosse Presidente ele ia viver para o lado de lá da fronteira e levava um megafone. Então, não foi? Já não se pode acreditar nas histórias infantis.

Friday, September 08, 2006

Teoria da compreensão

Quinta-feira à noite, durante mais de uma hora o canal France 2 transmitiu um programa de informação, feito por franceses, de enorme qualidade técnica. Um daqueles documentários com voz off onde as informações são confirmadas por depoimentos. Durante quase hora e meia, o locutor e os depoentes explicam, ponto por ponto, a tese conspirativa do mais clássico anti-bushismo. Bush é profissionalmente ignorante (Norman Mailer confirma), é um alcoólico ultra-religioso, um ex-depravado transformado em extremista cristão (um jornalista e as fotografias de um Bush com ar beato provam-no) é uma boneco animado do “complexo militar industrial” (o director de um Instituto confirma) a Carlyle é a máfia (um historiador garante), a sua Assembleia Geral até estava reunida no Ritz Carlton no dia 11 de Setembro (confirma um jornalista) à hora dos atentados, a família de Ben Laden é a melhor amiga dos Bush e da sua entourage (como provam as fotografias tiradas em visitas de Estado dos sauditas aos Estados Unidos, com troca de abraços e risos), Collin Powell esteve sempre às ordens dos Sauditas (pagaram-lhe um discurso, conta um ex-agente da CIA), Saddam foi uma criação dos americanos. Todas as televisões sabem que o avô de Bush era o banqueiro de Hitler – enquanto o filho combatia os aliados dos alemães no meio do Oceano Pacífico) mas nenhum jornal ou televisão o conta (um jornalista ou um ex-agente da CIA ou o historiador, asseguram).
Uma hora e quinze minutos, pelo menos, do mais completo anti-bushismo, sem contraditório (os depoimentos de Carlucci, Perle ou Powell são utilizados e colocados quando ajudam a tese, nunca para pôr em causa ou abanar a teoria).
Ver Bush a rir, depois os cemitérios com cruzes que e evocam os soldados mortos no Iraque, Norman Mailer a chamar-lhe o mais estúpido de todos os presidentes e um Senador a gritar que é “outrageous” o que se está a passar. Como não odiar esta América?
CHama-se a isto Michael Moorismo: o mundo a preto e branco, como eles gostam de dizer que os outros o vêem.

PS. Meia hora antes, no mesmo ou noutro canal, uma reportagem sobre as tropas italianas e francesas no Líbano. Explica o militar Libanês: nem pensem em instalar o vosso quartel-general em Canã, isso é a sede do Hezbollah. Ah.

Monday, September 04, 2006

À atenção dos economistas

Tradicionalmente os economistas explicam que a inflação é um dos maiores males de uma economia, um imposto escondido, além de ser uma enorme desvantagem competitiva. Não discuto, não percebo o suficiente. Mas, quando uma significativa parte dos rendimento dos particulares estão, irremediavelmente na maior parte dos casos, comprometidos com o pagamento de rendas mensais por empréstimos contraídos – o mais significativo de todos o empréstimo para compra de casa -, será que aumentar os juros, como o BCE vai fazer de novo – para combater a inflação é uma solução assim tão evidente?

Conclusão óbvia

Do Público de hoje: "Sexo seguro pode ser condicionado pelo preço elevado dos preservativos.
As farmácias vendem só duas marcas e cobram os valores mais elevados do mercado, ao passo que nas grandes superfícies existe maior variedade e preços mais competitivos."

Conclusão óbvia: nas grandes superfícies há maior possibilidade de obter variedade e sexo seguro. É sempre bom saber.

Sunday, September 03, 2006

Do Bairro Alto para a Atalaia

Como prova a marcha do Bloco, isto está bom é para o PC à antiga. Desemprego, direitos de Abril, os Mellos, os Espírito Santos e os Champallimauds, sindicatos e greves. Coisas de que o PC e o seu Jerónimo percebem bem. Louçã viu o Padrinho, é demasiado urbano.

Se fosse a sério

A nomeação do próximo Procurador-Geral da República prova bem várias coisas sobre Portugal e a política portuguesa. Independentemente do que diz a Constituição ou não, o que me interessa é a discussão teórica. Num país onde o Parlamento fosse respeitado e respeitável – pelo menos em tese, mas sobretudo em nome da defesa da democracia parlamentar – devia ser impossível nomear um PGR (ou um director da PJ ou o director do SIS, ou o CEMGFA ou outra figura equivalente) sem uma audição prévia no Parlamento. Nem se trata de as figuras serem aprovadas ou não em sede parlamentar, trata-se apenas de considerar razoável que quem é nomeado e vai assumir cargos dessa natureza se apresente perante os Deputados para dizer ao que vai, em que acredita, que métodos defende. É extraordinário, mas ninguém coloca essa hipótese. No nosso modelo trata-se de saber se o Primeiro-ministro já ligou ao líder do PSD ou se mandou algum e-mail ao chefe do Bloco. É pena mas só levamos a sério o que é folclórico.

Entretanto, ficam duas coisas do Caso Casa Pia, do Apito Dourado e companhia. Afinal o maus são os do Ministério Público, afinal o melhor é o MP estar mais à mão. Previsível, mas é precisa alguma atenção para perceber como chegámos aqui. O Dr. Cunha Rodrigues é que sabia.

Às vezes

Às vezes tratava Deus por Tu. Às vezes não, parecia-lhe mal.