Era uma segunda-feira chuvosa de uma semana que prometia ser nada animadora quando o ding dong da caixa de e-mails dele anunciou algo que não era "reunião urgente às cinco" e nem "últimas alterações do cliente".
Era uma segunda-feira chuvosa de uma semana que prometia ser nada animadora quando ela leu "e-mail enviado com sucesso" e sorriu ao imaginar que ele também sorria do outro lado da cidade.
E ele sorriu.
Os dois sorriam e um cupom de desconto de restaurante piscava na tela. "Economize tantos porcento na apresentação deste", esse tipo de coisa.
Volta e meia, ele recebia um desses, nunca descobriu de quem. Anônimos. Alguém os encaminhava desses sites de clube de desconto. Alguém que com certeza o conhecia, sabia do que gostava. As sugestões sempre certeiras: restaurante chinês, cerveja especial, camiseta bem humorada.
E era ela que encaminhava. Lembrava que, ah!, esse restaurante é do tipo que ele gosta, esse bar é para ele sentar com os amigos e desanuviar um pouco, essas camisetas são a cara dele.
Foram namorados, terminaram há quase um ano e se for ver, na verdade na verdade, nenhum dos dois sabe explicar por quê. Terminaram, cada um para seu lado e nunca mais se viram. Mas ela ainda se preocupava, ainda sorria ao saber que ele sorria do outro lado da cidade.
À noite, ele, cupom na mão, jantou no tal restaurante.
Ela ficou em casa, tomando sopa de pacotinho.
24 comentários:
"Intrigante, divertido, emocionante" NY Times sobre "Acepipes Escritos"
Que linda essa menina, gente :~
Coitada da menina.. ela merece no mínimo um cupom neh? hahahha
Que amor, que fofura. É o tipo de texto que desperta a pergunta: ficção ou não. Tudo é possível.
ai, fofo. =)
Maldade esta menina ganhar só uma frase no texto. É bom essa sopa de pacotinho virar uma crônica inteira.
Suspiradora de plantão, prazer.
Certas coisas não se acabam, mesmo que ambos digam que acabou.
Suspiradora de plantão, prazer. [2]
Acho que todo mundo já viveu algo assim.
Muito bonito.
Gosto mais do ritmo no início, sem as vírgulas. Muito bacana.
Gosto também do jeito que não finaliza bonitinho, hollywood, beijo-casamento no final, hehe.
Não sei se é ficção ou realidade. Mas muito bacana.
Comentário em branco também conta? Ou precisa de algum conteudo pretenciosamente despretencioso?
Sopa de que?
é bem legal quando as coisas acabam e ficam essas partes boas, pena que seja tão difícil de acontecer...
e sopa de pacotinho até é bom, mas acho que ela merecia algo melhor, viu. rs
Essa menina vai pro céu!
E o cara deve ser bem gente boa, também.
Muito bom, final inesperado.
Gostei. Acho que a garota vai terminar compartilhando uma dica dessas. Tenho lido sempre seus textos por aqui, na esperança de reativar os meus... Mas tá tudo meio morto por lá. Abraço.
Singelo. Amei.
Na sexta passada usei um cupon desse, lá do Peixe...
Porém, aao contrário dele, eu fui com ela...
esse tipo de amor me deixa todo bobo aqui. É do tipo que vai além de qualquer relacionamento, ou coisa do tipo, e, por mais que esteja em um conto, eu (que bobo!) acredito neele.
aah, e a propósito, fiquei muito feliz com o comentário. Volte sempre! x)
Ah Bruno, que final hein? Pô, um destinozinho melhor pra ela que ficar em casa tomando sopa de pacotinho, hahaha.
Beijoss
Gosto de coisas intensas num comprimido como esse. Poucas linhas para falar de figuras cotidianas, orgulho e, claro, amor platônico. Parabéns.
É... coisas da vida... e falando em cupom, comprei um cupom do clube urbano (restaurante Kan) mas deu zica! Debitou do cartão de crédito e nada de cupom...
A muito tempo não leio um texto tão bem escrito. Exatamente aquele texto que começamos a ler e precisamos (sim, torna-se uma necessidade) saber o final.
A menina da historia lembrou minha ex namorada, o tipo de pessoa que percebe os detalhes (os tão importantes detalhes) que lembra a comida, a banda, enfim...
Texto perfeito!
Abraço, voltei mais vezes, com certeza!
não sei se você conhece o post secrets, mas li esse post e só consegui pensar nisso:
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