O.
F. (1967-2007)
Do que não precisamos agora é de brilhos fúteis,
truques verbais, exercícios de lirismo magoado.
As palavras são só palavras, nem coisas maiores
nem mais altas, apenas pedras que lançamos
ao poço para ouvir como se agitam as águas.
Lá fora o vento e os telhados agrestes, o céu
da cidade ostensivamente idêntico ao dos
dias felizes. Empilhamos, melancólicos,
livros que já foram mais transparentes.
Conferimos as margens, a mancha gráfica,
os indícios de uma perfeição talvez inútil.
Mesmo olhada de frente, a ausência
continua a ser cruel, o silêncio uma
ignomínia. Descemos à rua, bebemos
café, fingimos seguir em frente. As
palavras são pedras que afinal ficaram
nos bolsos, guardadas para um inimigo
que se ri e só destapa o rosto medonho
quando está fora do nosso alcance.
Do que não precisamos agora é de brilhos fúteis,
truques verbais, exercícios de lirismo magoado.
As palavras são só palavras, nem coisas maiores
nem mais altas, apenas pedras que lançamos
ao poço para ouvir como se agitam as águas.
Lá fora o vento e os telhados agrestes, o céu
da cidade ostensivamente idêntico ao dos
dias felizes. Empilhamos, melancólicos,
livros que já foram mais transparentes.
Conferimos as margens, a mancha gráfica,
os indícios de uma perfeição talvez inútil.
Mesmo olhada de frente, a ausência
continua a ser cruel, o silêncio uma
ignomínia. Descemos à rua, bebemos
café, fingimos seguir em frente. As
palavras são pedras que afinal ficaram
nos bolsos, guardadas para um inimigo
que se ri e só destapa o rosto medonho
quando está fora do nosso alcance.
Por José Mário Silva
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