Alguém se percebe que é um ser inacabado, em construção, que o bem e o mal, o triste e o alegre fazem parte da essência do seu existir. Apesar de ser algo intrínseco ao homem, considero tal perspectiva paradoxal.
Mas, se outro indivíduo, ao se perceber, conclui que não sabe o que significa para si (pior, espera que os outros o definam), ele demonstra de forma evidente que não é complexo, e sim, mais um confuso. Odeio esse tipo de clichê.
Eu me vejo como uma mulher simples. Sei quem eu sou e, por isso, confesso as inquietações para a psicóloga.
Hoje relatei um pensamento inquietante a ponto de também estar escrevendo essa crônica. Estava refletindo o quanto pessoas complexas são difíceis de encontrar. Pessoas complexas são aquelas que fogem a nossa compreensão de mundo por mais familiares que sejam. Durante minha vida, conheci somente duas.
Meu pai foi o primeiro. Era homem cheio de sabedoria, com história de vida incrível e, apesar da idade avançada, tinha olhos de criança muito vivos, cheios de brilho. Como ele atravessou as fases da vida para sentir o mundo dessa maneira? Eu realmente não sei.
Outra pessoa complexa que conheci foi um espírito antigo preso no corpo de um jovem, a beira dos seus vinte e poucos anos. Ele é o que ainda busco dentro de mim. Por amor, envelheço minha alma.
A sessão foi terminada pela psicóloga. Lágrimas retidas.