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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pecadora e herege. Infeliz, nunca.

Quando você tem um problema dos grandes, as pessoas esperam te encontrar com a pele sem viço, com olheiras enormes, com dez quilos a menos e um monte de tristeza escorrendo pelos cantos dos olhos. Sorrir vira pecado. Cantar, então, se torna quase uma heresia. Parece que esperam que você cultive a dor e faça dela o seu jardim incolor, até que tudo se resolva - até que o problema não exista mais. Acontece que eu não vou fazer dos lamentos a minha música. Não vou deixar de amar, de dançar, de gargalhar, de aproveitar os mínimos momentos e ser feliz apesar de, ainda que. O problema não vai se transformar em fracasso, simplesmente porque eu não fui capaz de recomeçar, ou porque não tive a presença de espírito de zombar da cara dele, quando quis me derrubar - e desisti de seguir. O meu mundo não vai se espreguiçar cinza todas as manhãs e eu não vou me tornar um poço árido de rabugice e agressividade - não esperem por isso. Todos os dias, dou bom dia ao dia que levanta e vou. Pra que, quando no fim tudo enfim desanuvie, eu seja capaz de agradecer a mim mesma por ter conseguido mais uma vez e tenha alegrias  suficientes estocadas para superar os muitos mais, que infinitamente virão - até que a morte nos separe, amém.

Sylvia Araujo

3 comentários:

Viviana Ruiz disse...

Olha que texto Lindo, Sylvia.
Pois é, as vezes acho que a dor é uma alegria alheia, e que realmente existam pessoas que queiram te ver na pior.
bjOus

Mara faturi disse...

Que tudoooooooooooooooo!!!! Bola pra frente menina...é isso aí...que atrás vem poesia, tb na frente, rsrsrs
bjão!!!

Silvia Mara disse...
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