Quando você tem um problema dos grandes, as pessoas esperam te encontrar com a pele sem viço, com olheiras enormes, com dez quilos a menos e um monte de tristeza escorrendo pelos cantos dos olhos. Sorrir vira pecado. Cantar, então, se torna quase uma heresia. Parece que esperam que você cultive a dor e faça dela o seu jardim incolor, até que tudo se resolva - até que o problema não exista mais. Acontece que eu não vou fazer dos lamentos a minha música. Não vou deixar de amar, de dançar, de gargalhar, de aproveitar os mínimos momentos e ser feliz apesar de, ainda que. O problema não vai se transformar em fracasso, simplesmente porque eu não fui capaz de recomeçar, ou porque não tive a presença de espírito de zombar da cara dele, quando quis me derrubar - e desisti de seguir. O meu mundo não vai se espreguiçar cinza todas as manhãs e eu não vou me tornar um poço árido de rabugice e agressividade - não esperem por isso. Todos os dias, dou bom dia ao dia que levanta e vou. Pra que, quando no fim tudo enfim desanuvie, eu seja capaz de agradecer a mim mesma por ter conseguido mais uma vez e tenha alegrias suficientes estocadas para superar os muitos mais, que infinitamente virão - até que a morte nos separe, amém.
Sylvia Araujo
3 comentários:
Olha que texto Lindo, Sylvia.
Pois é, as vezes acho que a dor é uma alegria alheia, e que realmente existam pessoas que queiram te ver na pior.
bjOus
Que tudoooooooooooooooo!!!! Bola pra frente menina...é isso aí...que atrás vem poesia, tb na frente, rsrsrs
bjão!!!
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