quarta-feira, dezembro 30

Notas Políticas (22)

Os candidatos à eleição presidencial serão em número de 7 (número cabalístico)conforme decisão do Tribunal Constitucional. São poucos em número absoluto e ainda menos os que, sem demérito para as suas qualidades pessoais e legitima aspiração a sujeitar-se ao escrutínio, contam para a elevação do debate politico. Mas as coisas são como são. O que mais importa é o debate e a afirmação da democracia cujo maior inimigo é a abstenção. Eu pela minha parte, voto sempre como desde as primeiras eleições democráticas pós 25 abril. E assim será de novo. Um dos 7 candidatos vai ser eleito Presidente da República mesmo que me não sinta entusiasmado por qualquer deles.

segunda-feira, dezembro 28

Notas políticas (21)

Surgem por aí muitos cidadãos de boa fé, bem formados e informados, que insistem em classificar Marcelo Rebelo de Sousa como de direita ou mesmo de direita e extrema direita. Na verdade a sua candidatura presidencial é apoiada formalmente pelo PSD e CDS/PP, mas Marcelo Rebelo de Sousa é um social democrata. Nada indicia que tenha abandonado o seu conhecido posicionemante ideológico e político social democrata. Sejam quais tenham sido ou venham a ser as derivas politico/ideológicas do PSD a candidadtura presidencial é pessoal podendo ou não ser apoiada por partidos. Até ver é assim qua manda a CRP pelo que os candidatos valem pelo seu próprio pensamento e ideologia. Individual e indelegável. E um social democrata, por tradição histórica e obediência ideológica não é, salvo desvios radicais que não antevejo em Portugal, não é de direita e muito menos de extrema direita.

quarta-feira, dezembro 23

Notas Políticas (20)

Começaram as entrevistas aos potenciais candidadatos presidenciais (pois candidato formal ainda não há nenhum). É o que se chama na gíria a précampanha mas dentro de um mês será a véspera do dia de reflexão. O tempo é curto. As (os) candidatas (os), na verdade, têm pouco para dizer que entusiasme e cidadão eleitor que se relacione com a função presidencial. Daqui que muito cidadão habitual eleitor possa vir a deixar de o ser, ou seja, que se abtstenha. No caso concreto deste eleição o candidata/presidente Marcelo parece ter tudo a ganhar enquanto outras/os parecem ter tudo a perder. Mas pode acontecer que se não possa adotar uma linha de pensamento tão linear. Desde logo porque podem acontecer imprevistos neste tempo de tantas incertezas. E mais ainda do que os acontecimentos inesperados o candidato/presidente Marcelo não pode querer conquistar o céu e a terra. Não parece que a sua afirmação de que afasta o cenário de crise política em 2021 seja suficiente para convencer uma boa parte do eleitorado socialista. Pois não haverá em qualquer caso crise politica por razões que decorrem da Constituição, da crise pandémica e seus efeitos e do calendário eleitoral. Marcelo candidato não pode atropelar Marcelo presidente e muito menos atacar, mesmo que de forma habilidosa, o governo em funções. Parte do eleitorado socialista, e democrático, pode legitimamente desconfiar de Marcelo futuro presidente quando for necessário tomar decisões que impliquem validar futuras soluções de governo. O resultado final pode vir a ser uma desilusão para o próprio Marcelo pois ganhar à primeira volta com 52% dos votos- tal como em 2016 - será uma desilusão e enfraquerá o seu magistério futuro. Os sucessivos atos eleitoriais em Portugal provaram que o povo é tudo menos burro. Daqui a 15 dias a situação será mais clara, mas não gosto de demagogia populista venha de onde vier. O meu voto irá para o que considere o menos populista das/os candidatas/os pois o voto é secreto e individual.

sábado, dezembro 19

17 anos

Deixar uma marca Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles, nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez, atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam, observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem, louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida, guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular, incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista, ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres, admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.

quarta-feira, dezembro 16

Notas Políticas (19)

Foi divulgada hoje nova sondagem a respeito das presidenciais. Curioso o calendário: Biden toma posse como Presdiente dos USA, dia 20 janeiro, presidenciais em Portugal, dia 24 janeiro, em plena presidência portuguesa da UE. Nos USA Biden venceu à justa por assim dizer apesar de ser larga a margem em grandes eleitores: a vantagem para o mundo foi a de ter compreendido melhor o modelo aleitoral americano. A mais recente recente sondagem por cá anuncia uma vitória folgada para Marcelo. Nada que não se esperasse apesar dos números finais,como é tradição,apertarem a margem da vitória expetável de Marcelo. Podemos fingir, ou desejar. outros cenários mas esta é a realidade incontornável.

segunda-feira, dezembro 7

Notas Políticas (18)

Recandidatura anunciada. Aconteceu o que era expectável que acontecesse. Para começar foi uma breve e muito clara declaração. Cada um(a) aos seus lugares. Com debates a dois, ao longo destes dois meses de inverno eleitoral vamos falando.

Notas políticas (17)

Ao que anunciou o próprio à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa comunica hoje a sua decisão acerca das Presidenciais, ou seja, a sua mais que certa recandidatura. Faltam 48 dias para a ida às urnas. A pré campanha eleitoral decorrerá a partir de amanhã e a campanha em janeiro, após as festividades, adivinho em pleno pico pandémico quase sem rua, nem afetos. Um plebiscito em que ganha expressão o peso da abstenção e dos eleitores que não aprovam o desempenho de Marcelo no mandato ora no fim. Frias como o frio que fará em pleno inverno.

sexta-feira, dezembro 4

Notas Políticas (16)

Finalmente surgem sinais claros de que o naipe de candidatos às presidenciais de 24 de janeiro vai ficar fechado. Marcelo após declarado o Estado de Emergência que cobre o periodo das Festas vai anunciar a sua candidatura. Ao que parece será em Cascais,aliás,concelho onde reside o que me parece natural. Julgo ser a primeira vez na história no pós 25 de abril que um candidato declara tão tarde a sua candidatura - algo que todos já sabiam - e a pandemia justifica. Esta vai ser, pois, uma eleição com candidatos, campanha, vencedores e vencidos mas com poucos eleitores. Quando tudo está decidido à partida é assim e sempre assim seria mesmo sem panedemis quanto mais com ela. Estamos à distância de 50 dias do plebicisto presidencial Talvez seja a única vez que tal acontecerá pressupondo, como desejo, que a democracia resista e tenah longa vida.

domingo, novembro 29

Notas Políticas (15)

Atentas as circunstâncias do nosso tempo as próximas eleições presidenciais serão as que suscitarão menos interesse político de sempre. Desde logo porque, em boa verdade, salvo qualquer situação anómala, estão decididas à partida.O tempo de pré campanha será minimo como se pode verificar a menos de dois meses da ida à urnas em que quase nada mexe de verdade com o que se tornou a pacatez dos relatos da crise pandémica. Nem no tempo da "outra senhora" se verificou tal situação o que terá quase inevitávelmente como resultado uma elavadíssima taxa de abstenção. Previ que Marcelo anunciaria a sua candidadtura a 1 de dezembro próximo mas é provável que só faça após ter promulgado o OE de 2021 oque não deverá ser possível em tão curto espaço de tempo. A ver vamos. A ver também se, entretanto, não surgirá qualquer surpresa quanto a candidadturas presidenciais.

terça-feira, novembro 24

Notas políticas (14)

Confirmada a minha previsão: o PR marcou as eleições presidenciais para 24 de janeiro de 2021. Resta saber como se comporta a pandemia até lá. Aposto que marcelo vai anunciar a sua recandidadtura a 1 de dezembro.

domingo, novembro 15

Notas políticas (13)

Dentro de menos de 15 dias será anunciada pelo PR a data das eleições presidenciais que devem ter lugar a 24 de janeiro de 2021.Curiosamente 4 dias após o inicio da presidência Biden nos USA. O naipe de candidatos presidenciais ainda não está fechado. Falta saber o que ao que se consta toda a gente sabe: o anúncio da candidatura de Marcelo (1 de dezembro?). Não sei ainda em quem votar, o que fica para decidir, como soe dizer-se, na cabine de voto. Antes será necessário saber como vai ser o epílogo da votação, em 27 novembro, do OE para 2021. Todos os indicios apontam para a sua aprovação, mas nunca se sabe. O que sei, por intuição politica, é que seria este o momento, pelas ameaças que pairam no ar, para a esquerda cerrar fileiras, deixando-se de disputas estéreis e perigosas para a própria defesa da democracia representativa.

quinta-feira, novembro 12

Notas politicas (12)

No meio da tormenta politica que se avizinha se a democacia representativa perigar será novamente o PS a defendê-la e salvá-la, seja quem for o Presidente.

quarta-feira, novembro 11

Notas Políticas (11)

Rui Rio entrou em contramão e ameaça atropelar-se a si próprio assim como ao futuro candidato Marcelo.

terça-feira, novembro 10

Notas políicas (10)

O PS decidiu formalmente que não apoia qualquer candidato presidencial dando liberdade de voto aos seus eleitores. Não é novidade mas uma prática corrente ao longo dos anos. Desta forma deixa os seus eleitores num dilema moral qual seja votar num candidato oriundo da direita democrática,apoiado pelos partidos de direita democrática, votar numa candidadata socialista independenete ou num dos dois candidatos oriundos de partidos da esquerda da esquerda. Opções dificeis mas que, a seu tempo, terão de ser tomadas, pelo menos pelo meu lado pois nunca deixei de votar em qualquer eleição desde o 25 de abril.

sábado, novembro 7

Notas politicas (9)

A propósito de presidenciais assinalo a vitória de Biden nas presidenciais americanas. Um acontecimento de impato mundial. Quanto às eleições domésticas parece que serão convocadas para 24 de janeiro no final de novembro pelo Presidente Marcelo que passará a candidato Marcelo, imagino, no dia 1 de dezembro (mero palpite pelo simbolismo do dia).

segunda-feira, novembro 2

Notas políticas (8)

Marcelo concedeu hoje uma entrevista à RTP na qual abordou a pandemia e, no final, se desviou para a poliitica geral. Não gostei. Foi excessivamente longa, desconexa e anárquica. Marcelo mostrou-se excessivamante ansioso e entrou no jogo do entrevistador que tem que voltar à escola de jornalismo se acaso por lá passou.

segunda-feira, outubro 5

Notas políticas (6)

A única sondagem divulgada até ao presente aponta para a vitória nas presidenciais do candidadto Marcelo (ainda por vir) à primeira volta. No regime democrático o voto é livre e universal e no caso de Portugal podem candidatar-se a Presidente da República cidadãos com mais de 35 anos,sendo certo que nas próximas (em janeiro de 2021)serão vários de todos os quadrantes politicos e ideológicos. Para já o que me apraz dizer é que o mais importante é ir votar. Neste 5 de outubro, dia do 110º aniversário da implantação da República: às urnas cidadãos!.

terça-feira, setembro 29

Notas politicas (5) - pausa

Parece haver uma trégua na pré campanha presidencial em Portugal. Nada mais do que bom senso: não está fechado o naipe de candidadtos, não está marcada a data das eleições, estão em curso processos cruciais para o próximo futuro do país, tais como a negociação politica do OE para 2021, a preparação da presidência portuguesa da UE e a estratégia para a aplicação dos anunciados fundos. Além do mais o resultado da eleição presidencial, sem desmerecer da sua importância, só não se pode dizer que está decidido à partida porque parece mal.

sábado, setembro 26

Notas politicas (4) - Apoio do PSD a Marcelo (a normalidade)

O PSD vai hoje aprovar formalmente o apoio à recandidatura presidencial de Marcelo. A normalidade em politica é uma virtude. Ainda antes de Marcelo anunciar a sua recandidatura. Nada de novo a ocidente.

quinta-feira, setembro 24

Notas politicas (3) - Alianças

Da atualidade politica, um aspeto relevante. As declarações do PR proferidas hoje em simultâneo com o posicionamento do governo, através do lider do PS, sublinhadas (aparentemente no contraditório) pelo lider do principal partido da oposição) objetam (ou rejeitam), de forma explicita, o chamado "bloco central" que significa, em Portugal, a aliança PS/PSD. Esta aliança estratégica (o que não implica a existência de acordos táticos)abriria espaço para o crescimento da extrema direita. O "desaparecimento" do CDS/PP "obriga" o PSD a posicionar-se no lugar da alternativa de direita, radicalizando o seu discurso e programa, apoiando Marcelo candidato, preparando-se para surgir preferencialmente sozinho nas autárquicas e posicionar-se, imaculado de alianças ao centro, para disputar legislativas antecipadas após o ciclo eleitotal de 2021.

terça-feira, setembro 22

Notas políticas (2) - O discurso populista

O discurso populista, seja qual for o protoganista que o profere, não integra uma estratégia estruturada. É uma espécie de câmara de eco do que a "voz da rua" proclama como verdade irrefutável e está sôfrega por ouvir. Não há populistas bons e populistas maus, bem ou mal intencionados; no final o dircurso populista fica refém da verdade única, totalitária, odiando o contraditório.

segunda-feira, setembro 21

Notas políticas (1)

Breves notas políticas até às eleições presidenciais. Hoje por hoje dão-se conta comentaristas e quejandos que o CDS/PP vai desaparecer do mapa politico português. Qual a supresa? A minha curiosidade está onde votarão nas próximas eleiçoes - regionais, presidenciais, autárquicas e legislativas - os seus mais notáveis dirigentes ainda vivos.

sexta-feira, setembro 4

PAI

Este é um dia que nunca esqueço ao contrário de tantos outros dias. O dia de aniversário de meu pai Dimas Franco Neto Graça (4/9/1910- 9/1/1991), Um homem bom que nunca me faltou, a mais das vezes sem palavras, mas cujos gestos me marcaram profundamente. Deve ter sofrido por mim, devo tê-lo feito sofrer, tantas vezes de forma desnecessária, pela irreverência de filho tardio que fui. Não sei explicar por palavras em texto corrido este sentimento de profunda gratidão pelo respeito que manteve até ao fim dos seus dias pela minha liberdade mesmo receando pelo meu destino em fidelidade com ela. Sempre presente no meu coração!

terça-feira, setembro 1

FINAL

Está a chegar ao fim esta estadia de uma semana na terra - o Algarve - o que é sempre um prazer que nasce do fundo da minha criação. As estadias, além do aprazível ambiente natural, têm os beneficios de estreitar os laços de família em renovação permanente. Esta é uma visita ritual que me aproxima da vida para além de todas as suas vicissitudes.

quarta-feira, agosto 26

Algarve

Chegada ao reino dos Algarves, a minha terra, para uns dias de férias, respirando uma aragem mediterrânica que conheço em todos os seus tons, sabores e cheiros desde que tenho consciência de mim. Nunca em nenhum ano, após o meu afastamento fisico desta terra, deixei de a visitar no verão nem que tenha sido por um só dia. Estão aqui todos os meus ( e os de minha mulher) tal como as experiências, e memórias, que fizeram de mim o que sou. Não sei, pois nunca se sabe, quantas vezes mais voltarei, em que circunstâncias e condição, mas espero que muitas.

segunda-feira, agosto 24

Lares

Acerca dos lares muito se tem falado nos últimos tempos, assim como de idosos. Pena que a esmagadora maioria dos opinadores não conheça nada acerca do assunto. Nem relacione e compara a situação portuguesa com a de outros países em particular os europeus. Não falo só da realidade vivida nos lares no contexto social das regiões e comunidades nos quais se inserem, como acerca do enquadramento institucional e legal dos mesmos.

segunda-feira, agosto 10

O texto político

"O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico." Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão." "Roland Barthes por Roland Barthes"

sábado, agosto 8

O Tempo

2020 - um ano quente como não se via faz quase um século. Sinto-o todos os dias na rua, em todo o lado, mas como todas as situações extremas os portugueses suportam-nas e dão a volta. Neste tempo que é o nosso (e o meu)são muitas situações extremas ao mesmo tempo. Adiante. Como vai ser o próximo futuro ninguém sabe, nunca ninguém sabe, mas tenho esperança.

sábado, junho 27

Tempos difíceis, ainda mais do que noutros tempos que vivenciámos, de salvaguarda da vida e da liberdade em todas as suas dimensões. A sociedade no seu conjunto e as instituições próprias de uma comunidade que optou, no pós 25 de abril de 1974, pela livre escolha dos seus representantes políticos - a democracia - não pode precipitar-se tomando decisões que carecem de amuderecimento, nem ser complacente para com os seus inimigos. Vencer todas as dificuldades, obedecendo às regras que a democracia exige, é o mais alevado exercício que se impõe aos democratas, correndo com coragem todos os riscos da incompreensão e intolerância reinantes.

domingo, junho 7

O estranho Verão de 2020

O estranho Verão de 2020. Quase um ano depois de um confinamento muito duro por razões familiares estou tentado a arriscar que entramos em planalto. A vida social tornou-se algo indefinível um espaço estranho de medos e incertezas no qual deambulam cidadãos na maioria desconfiados de tudo e todos. Não será possível viver neste ambiente muito mais tempo sem o risco de uma implosão social seja qual for o seu perfil e consequências.

terça-feira, maio 12

CONFINAMENTO

O confinamento, ou seja, uma espécie de reclusão em casa umas largas semanas, o trabalho a partir de casa, teletrabalho, tarefas domésticas associadas a esta realidade, correspondente redução drástica de saídas, uma mistura explosiva para a maioria, não tanto para mim. Desde há bastante tempo (dois anos e, mais fortemente, na segunda metade de 2019), que a minha vida social sofreu uma fortíssima redução, nos limites da reclusão. Uma doença grave de familiar próximo levou-me a dedicar todas as minhas energias, e dedicação, ao trabalho e ao desempenho de uma fórmula de cuidador informal.Tempos de profunda dor compensada pela solidariedade familiar e de uma profunda fé no futuro e nas virtudes da luta por uma vida feliz. assim antecipei as agruras dos tempos de confinamento e me habituei a ele. Como será o próximo futuro? Ninguém sabe ao certo.

terça-feira, abril 28

ANIVERSÁRIO

Tal como antes já se terá dito vezes sem conta nunca esperei chegar a esta idade. Tudo e nada, o previsível e o improvável, gente, paisagem, cor, impulso ardente, desgosto, vida e morte. Um tempo vivido em boa parte nos gloriosos anos do pós guerra (2ª), anos de paz e prosperidade relativa, atravessando revoltas e revoluções, e delas participando, uma raridade, inestimável privilégio, um mundo de emoções e sonhos de mudança. Presiguemos.

sábado, abril 18

QUE VIVA O 25 DE ABRIL!

Vai correndo por aí uma polémica séria acerca da celebração do 25 de abril com uma cerimónia da AR. Socorrendo-se da pandemia, e do medo que ela suscita, saudosistas do passado, dos tempos da "outra senhora", adeptos confessos, ou envergonhados, da tirania manifestam-se contra a celebração do dia da liberdade. Como sempre em épocas de crises agudas mesmo alguns democratas deslizam suavemente para o manto onde se acoitam os amantes da tirania. É um clássico. São os que dispõem daquela peculiar vocação de cheirar os ares do tempo buscando beneficiar do que julgam vir a ser um novo regime politico ou, no mínimo, um novo governo inclinado para a extrema direita. Ora ao que venho é para afirmar que as datas simbólicas que afirmam os valores da liberdade e da democracia (além de outras em que incluo as religiosas) têm que ser celebradas nos espaços próprios, no caso do 25 de abril, na AR. E assim será, sabendo-se que se está a tentar resgar um pacto que tem perdurado desde o 25 de abril no qual todas as forças politicas convergiam em torno da defesa da liberdade. Os próximos tempos serão de duras lutas, novamente, para assegurar que os seus detratores, e inimigos, serão derrotados. Que viva o 25 de abril!

quarta-feira, março 25

Superavite

No epicentro de uma crise sanitária sem precedentes que provocará um terramoto económico de consequências imprevisíveis o INE anunciou hoje um superavit nas contas do estado. É a primeira vez, em democracia, que tal acontece. No presente contexto este resultado é submerso pela crise atual mas não deixa de corresponder à realidade. Trata-se de um acontecimento da máxima importância em si mesmo pelo que contribui para a credibilidade do país no contexto internacional e pelo contributo para atenuar as consequências económicas e financeira da presente crise sanitária global. Ganhamos todos com este resultado e, seja qual for o destino que lhe esteja reservado, coloca Mário Centeno (e o governo socialista), na história por este cometimento ainda para mais de autoria de um governo de centro esquerda.

sábado, março 21

Dia Mundial da Poesia

Os dias evocativos valem o que valem. Foi em 2004 a primeira vez que publiquei neste blog um poema evocando o Dia Mundial da Poesia. Escolhi um poema que muito me marcou aquando da leitura inicial da obra poética de Jorge de Sena. Republico.

UMA PEQUENINA LUZ

Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola ... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não iluminam também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui.
no meio de nós.
Brilha.

1950

Jorge de Sena
In Fidelidade (1958)

domingo, março 15

Anti vírus

Ao contrário da maioria dos países Portugal tem somente uma fronteira terrestre sendo a outra o Atlântico. Somos o país mais a ocidente, com as ilhas, sem conflitos fronteiriços. Tudo que respeita às fronteiras tem que ser negociado para manter a paz e o relacionamento de parceiros com a Espanha e com os aliados atlânticos. Somos apesar da dimensão uma potência marítima e, em nenhum caso, devemos tomar medidas unilaterais nem face a Espanha, nem a Inglaterra nem aos USA. O governo seja qual for não toma decisões sem ponderar todas as consequências. Deixem para o Trump a loucura de todos os possíveis sem olhar aos outros que será por aí que vai morrer politicamente.

terça-feira, fevereiro 25

Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas

Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas, que vive no meu coreção. Uma resenha breve da história familiar:


"As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.

O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.

Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.

Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.

Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.

Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.

Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro."

quinta-feira, fevereiro 13

Humberto Delgado


No dia do 55º aniversário do assassinato do General Humberto Delgado pela PIDE, honra à sua memória.

domingo, fevereiro 9

Honra

Domingo de inverno com sol em Lisboa. A vida é uma sucessão de surpresas mesmo que escondidas na rotina. Um dos mais delicados paradoxos da vida é o de ser capaz de fazer caminho sem ceder ao mercantilismo. A honra não tem preço.

sábado, fevereiro 1

2/2/1954 - Neve a sul

Na madrugada do dia 1 para 2 de fevereiro de 1954 a meteorologia fez uma surpresa ao sul de Portugal. Para surpresa de todos - pois as previsões não seriam tão meticulosas e divulgadas - nevou a sul. Da janela da casa onde nasci, em Faro, na manhã de dia 2 de fevereiro de 1954, pude ver pela primeira vez neve ainda assim abundantes. Foi uma festa que nunca mais esqueci, nem se repetiu pelo menos com aquela intensidade. Vejam só como as surpresas do clima são coisa antiga.

terça-feira, janeiro 28

Tempo e futuro

O tempo passa como um raio deixando o seu rasto de luz e esperança. Creio que o homem é natureza e acredito sempre num futuro promissor para a humanidade. Muitas notícias apontam no sentido contrário mas não esmorece em mim esse otimismo da vontade.

quinta-feira, janeiro 9

Ir pela sua mão

Em memória de meu pai

Ir pela sua mão era caminhar
para um paraíso sem nome,
sonhar uma aventura terna
sabendo de cor o caminho
de regresso a casa a pé
sem guia nem vertigens

Ir pela sua mão aberta
à ternura de mão solitária
era saborear um engano
sem mácula, sobreviver
e nada dever aos outros
que se não pudesse devolver

Ir pela sua mão desarmada
não deixava rasto no chão
e a minha cabeça voava à roda
do meu coração que batia
como agora quando me escapo
à rotina do bater do dia

Ir pela sua mão lembra-me
sempre o dobrar dos dias,
homens tristes de ombros
postos nas esquinas luzidias
esperando taciturnos perder
o sentido do seu próprio corpo

Ir pela sua mão seria partir
do nada ao especial feito,
rasgar um caminho incerto
de mágoas, uma alegria banal,
sagradas confidências guardadas
entre nós que se não confiam

Ir pela sua mão dava acesso
ao mundo, mas ninguém soube
das suas amantes que eu vi,
nem dos gritos do seu olhar
que se abria dolente para mim
pedindo em silêncio aceitação

Eu tudo lhe dei sempre sem pedir
nada em troca, somente por vezes
a sua mão para ir nela confiante
em busca de um caminho qualquer
que não sabia onde levava nem
isso de verdade nada interessava.

(In "Ir pela sua mão" - Maio 2003 - Editora Ausência.)

sábado, janeiro 4

4 janeiro - 60 anos após a morte de Albert Camus


Camus publicou em vida dezanove obras, de 1937 a 1959, entre as quais se destacam os romances (“L’Étranger” em 1942, “La Peste” em 1947), as novelas (“La Chute” em 1956, “L’Exil et le Royaume” em 1957) as peças de teatro (“Caligula” e “Le Malentendu" em 1944, “L’État de siège" em 1948, “Les Justes” em 1950), e os ensaios (“L’Envers et l’Endroit" em 1937, “Noces” em 1939, “Le Mythe de Sisyphe” em 1942, “Les lettres à un ami allemand” em 1945, “L´Homme révolté” em 1951 e”LÊté” em 1954). É necessário ainda juntar três recolhas de ensaios políticos (“Les Actuelles”), “Les deux Discours de Suède” (pronunciados aquando da atribuição do Nobel) e a contribuição para a obra de Arthur Koestler intitulada “Réflexions sur la peine capitale”.

Outras obras foram editadas após a sua morte entre as quais se contam o “diário” dos seus pensamentos e leituras, assim como notas de trabalho, publicado sob o título “Carnets”; o diploma de estudos superiores de 1936: “Métaphysique chrétienne et néoplatonisme”, publicado pela “La Pléiade”; o romance inédito, “La Morte heureuse”, cuja redacção data de 1937; o manuscrito inacabado, encontrado na pasta de Camus depois do acidente de viação que o vitimou:“Le Premier Homme”, esboço do que viria a tornar-se o seu grande romance quasi autobiográfico e ainda a sua correspondência com o amigo Jean Grenier.