domingo, dezembro 27

Luís de Camões - Sonnets and others poems


Outra prenda, em livro, do meu filho Manuel, sabendo do meu gosto: “Luís de CamõesSonnets and others poems”, edição bilingue, tradução e introdução de Richard Zenith.


Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n´alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei porquê.
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Let Love devise new ways, new wiles
to kill me, and new forms of disdain;
he´ll take away no hope of mine,
since he can´t take what I don´t have.

Look at the hopes that hold me up!
See how precarious my defenses!
For I, not fearing reverses or changes,
am tossed by the sea, having lost my ship.

Though disappointment can´t exist
where there´s no hope, there Love has hidden
a bane that kills and remains unseen,

for he placed in my soul some time ago
I don´t know what, nor where it was born,
nor how it got there, nor why it aches.
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PEDAÇOS D´ONTEM


Da Isabel uma outra prenda, em forma de livro, de Lina Vedes: PEDAÇOS D´ONTEM. Um conjunto de crónicas/memórias extraordinárias acerca da minha cidade de Faro, sua vida e suas gentes.
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Akmal Shaikh


sexta-feira, dezembro 25

NÚPCIAS, O VERÃO


















A Bel ofereceu-me um livro que encontrou num alfarrabista no Rio de Janeiro: “Núpcias, O Verão”, de Albert Camus, obra de juventude, escrita em 1936/37. Deve ser a única edição publicada, com tradução em português, desta obra de juventude do autor de A Peste. A edição, da “Nova Fronteira”, é de 1979 e a tradução, de Vera Queiroz da Costa e Silva, parece-me bastante boa. Por este Natal, no Algarve, debaixo de chuva inclemente, deixo um excerto do capítulo “As amendoeiras”: (…) A primeira coisa é não desesperar. Não prestemos ouvidos demasiadamente àqueles que gritam, anunciando o fim do mundo. As civilizações não morrem assim tão facilmente; e mesmo que o mundo estivesse a ponto de vir abaixo, isso só ocorreria depois de ruírem outros. É bem verdade que vivemos numa época trágica. Contudo, muita gente, confunde o trágico com o desespero. “O trágico”, dizia Lawrence, “deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade”. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.

terça-feira, dezembro 22

Romy Schneider


Sempre gostei muito dela e esta notícia, inesperada, ainda mais me faz gostar. Confirma aquele sentimento difuso, que sempre nutri, de que por detrás da sua imagem havia algo para além do estereótipo de uma estrela de cinema. Estas pequenas notícias ajudam-nos a compreender como é complexo o processo do julgamento dos outros pela imagem que deles fazemos. Os bons nem sempre são o que parecem. Os maus nem sempre parecem o que são. Nem os bonitos. Nem os feios. Nem a luz que se derrama sobre certas imagens as faz luzir mais. Nem a obscuridade que se abate sobre certas personagens as faz luzir menos.
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Charlize Theron Africa Outreach Project


Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (VI)
























Palante diz com razão que se há uma verdade una e universal a liberdade não tem razão de ser.

É como se para o homem fosse absolutamente necessário escolher entre o aviltamento e o castigo.

Mas ninguém é culpado absolutamente, não se pode pois condenar ninguém absolutamente. Ninguém é absolutamente culpado. I) aos olhos da sociedade 2) aos olhos do indivíduo.

Sócrates atingido por um pontapé. "Se um burro me tivesse batido iria porventura apresentar queixa?" (Diógenes Laércio, II, 2I)

Para Schopenhaurer : a existência objectiva das coisas, a sua "representação" é sempre agradável, ao passo que a existência subjectiva, é sempre dor.
"Todas as coisas são belas à vista e terríveis no seu ser, donde a ilusão, tão corrente e que sempre me impressiona, da unidade exterior da vida dos outros."

Problema da transição. Deveria a Rússia passar pelo estádio da revolução burguesa e capitalista, como o exigia a lógica da história? Neste ponto só Tkatchev* (com Netchaev e Bakunine) é o predecessor de Lénine. Marx e Engels eram mencheviques. Eles só tinham em vista a revolução burguesa futura.
As constantes discussões dos primeiros marxistas sobre a necessidade do desenvolvimento capitalista da Rússia e a sua tendência para acolherem esse desenvolvimento. Tikhomirov, velho membro do partido da vontade do povo, acusa-os de se fazerem "os paladinos das primeiras capitalizações."

Finalmente, é a vontade do proletariado que transforma o mundo. Há por conseguinte verdadeiramente no marxismo uma filosofia existencial que denuncia a mentira da objectivação e afirma o triunfo da actividade humana.

Em russo volia significa igualmente vontade e liberdade.

Pergunta dirigida ao marxismo:
“A ideologia marxista será o reflexo da actividade económica, como todas as outras ideologias, ou pretenderá descobrir a verdade absoluta, independente das formas históricas da economia e dos interesses económicos”. Por outras palavras será um pragmatismo ou um realismo absoluto?
Lénine afirma o primado do político sobre o económico (a despeito do marxismo).

Lucaks: O sentido revolucionário é o sentido da totalidade. Concepção do mundo total em que a teoria e a prática são identificadas.
Sentido religioso segundo Bardiaev.
(Andava eu, certamente, a ler Lucaks)
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*Piotr Nikitich Tkatchev (1844-1886) – filósofo russo.
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Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).
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segunda-feira, dezembro 21

COPENHAGA - UMA SÍNTESE DA DESILUSÃO



Desilusão e falhanço são certamente as palavras mais usadas: um acordo climático não vinculativo foi o máximo que a cimeira de Copenhaga conseguiu depois de 13 dias de negociações e de uma maratona final de 24 horas.
Sobre o tema “aquecimento global”, balanço entre as desconfianças daqueles que duvidam da cientificidade do drama – a que o “climategate” acabou por dar um bocado substancial de razão – e as evidências que nos rodeiam com a decorrente necessidade de “fazer qualquer coisa”.
Parece, no entanto, que os senhores que estiveram em Copenhaga não tinham duvidas: o “aquecimento global”, para eles, é grave e perigoso.
A ser como dizem que é, continua a ameaçar o planeta e o futuro dos nossos filhos. É óbvio, portanto, que aqueles pais que estiveram a debater na Dinamarca nem com os próprios filhos se preocupam.
Vão preocupar-se com “os outros”?
Podemos confiar em gente assim?
Não. Nem pensar nisso. Mas são eles que governam o Mundo. E na maioria dos casos fomos nós que os elegemos.
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A DERROTA DE COPENHAGA
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sábado, dezembro 19

6 ANOS. DEIXAR UMA MARCA ...

                                                    























Fotografia de Helder Gonçalves

Seis (6) anos. É quanto dura este blogue. Assinalo a efeméride porque gosto de efemérides. Não vou aceitar a ilusão de explicar as razões da persistência. Porquê manter esta janela aberta? Seria como tentar explicar a razão da passagem do tempo. Busco ideias (vagas) acerca das razões de tudo. Mas quase tudo acontece fora das razões que busco. São dois tempos que nunca se encontram. O nosso e o que marca o que nos rodeia. Nós, por dentro, fragmentados. Os outros, vistos de fora, coesos. Prossigamos, então … Com o mesmo programa do dia inaugural.
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sexta-feira, dezembro 18

UMA LEI JUSTA



Nos meus tempos de juventude, vividos na cidade de Faro, havia um só homossexual assumido e conhecido de toda a gente. Era uma luta desigual. Lembro-me que sentia um misto de pena e admiração por ele. Afrontava todas as humilhações sem virar a cara. Se for vivo, por estes dias, sentir-se-á, certamente, vingado. Não tenhamos medo das leis que contribuem para eliminar todo e qualquer tipo de opróbrio:

1. Proposta de Lei que permite a realização do casamento civil entres pessoas do mesmo sexo

Esta Proposta de Lei, a submeter à Assembleia da República, em cumprimento do Programa do Governo, visa remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, colocando fim a uma velha discriminação e constituindo mais um passo na consagração de uma sociedade mais tolerante e mais justa, com mais igualdade para todos.

Esta iniciativa legislativa inscreve-se num movimento legislativo mais amplo que, desde há algum tempo, vem promovendo uma sistemática reavaliação do nosso ordenamento jurídico, no sentido de combater as situações de discriminação dos homossexuais. Desse movimento sublinha-se a proibição de qualquer discriminação em razão da orientação sexual, introduzida na revisão constitucional de 2004, como corolário do princípio da igualdade.

Passos idênticos têm vindo a ser dados em vários outros países – com destaque para a nossa vizinha Espanha, a Holanda, a Bélgica, a Suécia, a Noruega, a África do Sul e o Canadá, para além de alguns Estados dos Estados Unidos da América. Todas essas experiências, naturalmente ainda recentes, confirmam que esta proposta legislativa em nada contribui para diminuir o valor social da família e, pelo contrário, ao eliminar uma restrição discriminatória, tem o sentido de valorizar e promover o acesso ao casamento civil e à constituição da família, na sua diversidade.

Assim, esta Proposta de Lei elimina das disposições relevantes do Código Civil as referências que supõem tratar o casamento necessariamente como contrato entre pessoas de sexo diferente, exercício que implica modificar a redacção dos Artigos 1577.º, 1591.º e 1690.º, bem como eliminar a alínea e) do Artigo 1628.º do referido Código.

Neste contexto, este diploma diz apenas respeito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e não à adopção, que é questão bem distinta. Assim, esta Proposta de Lei afasta, clara e explicitamente, a possibilidade das alterações agora introduzidas no regime do acesso ao casamento se repercutirem em matéria de adopção.

quinta-feira, dezembro 17

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (V)





























Nestes sublinhados omito, pela primeira vez, dois excertos de diálogos que viriam a integrar a futura peça de teatro "Os Justos". Mantive, no entanto, um excerto dos diálogos preparatórios da mesma.

Há quem se remanseie numa mentira como os que se refugiam na religião.
(Esta frase sublinhada faz parte de um texto longo, que não transcrevo na íntegra, no qual, à margem, escrevi à mão: "cuidado!")

Conheço-me bem de mais para crer na virtude completamente pura.

O problema mais sério que se põe aos espíritos contemporâneos: o conformismo.

O grande problema da vida é saber como viver entre os homens.
(Apresenta uma nota de pé de página onde se lê: "No manuscrito, encontra-se entre parênteses: A.F.")

Grenier. "Sou um homem que não crê em nada e que não ama ninguém, pelo menos no âmago. Há em mim um vazio, um deserto horrível..."

Marc condenado à morte na prisão de Loos. Recusa que lhe tirem os ferros durante a Semana Santa para se parecer mais com o seu Salvador. Antigamente, disparava contra os crucifixos nas estradas.

Cristãos felizes: Guardaram a graça para si próprios e deixaram-nos a caridade.

Peça.
D. - O que há de triste, Yanek, é que tudo isto nos envelhece. Nunca mais, nunca mais seremos crianças. Podemos morrer desde este instante, já esgotámos o homem (o homicídio, é o limite.)
- Não, Yanek, se a única solução é a morte, então não seguimos a boa via. A boa via é a que leva à vida.
- Tomámos sobre nós o mal do mundo, é um orgulho que será castigado.
- Passámos dos amores infantis a essa inicial e derradeira amante que é a morte. Andámos depressa de mais. Não somos homens.

(Este excerto é o único que transcrevo daqueles que sublinhei dos textos preparatórios da peça de teatro "Os Justos". Esta peça foi concluída, após uma viagem à América Latina, no Verão de 1949, estando Camus gravemente doente. Nela é abordada a questão, fundamental para Camus, da violência política cujo debate requer, em qualquer circunstância, um adequado enquadramento filosófico e histórico.)

Miséria deste século. Ainda não há muito tempo eram as más acções que precisavam de ser justificadas, hoje são as boas.

A solidão perfeita. No urinol de uma grande estação à uma hora da manhã.
(Contém uma nota de pé de página onde se escreve. "Esta observação foi acrescentada à mão sobre a primeira redacção à máquina").

Bayle :pensamentos diversos sobre o cometa.
"Não de deve julgar a vida de um homem nem pelas suas crenças nem pelo que publica nos livros."

"Como fazer compreender que uma criança pobre pode ter vergonha sem ter inveja"
(Clara referência à infância pobre do próprio Camus.)

Vigny (correspondência): " A ordem social é sempre má: de tempos a tempos é apenas suportável. Do mau ao suportável, a disputa não vale uma gota de sangue". Não, o suportável merece, se não o sangue, pelo menos o esforço de uma vida inteira.
Misantropo em grupo, o individualista perdoa ao indivíduo."

Sait-Beuve: "Sempre acreditei que se as pessoas dissessem o que pensam durante um só minuto a sociedade ruiria."

Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).

ABALO DE TERRA DE GRAU 6 (AO LARGO DO CABO DE S. VICENTE)





Poucos minutos atrás, por volta da 01, 39 h ocorreu um abalo de terra sentido com muita intensidade em Lisboa, certamente, de grau razoavelmente elevado.

Confirma-se: sismo de magnitude 6 ao largo do Cabo de S. Vicente (SIC - noticiário das 2,00h), no Algarve. É incrível mas os sites da LUSA e do Instituto de Meteorologia estão em baixo.

António Barreto: "Tínhamos melhor justiça no regime anterior"





























António Barreto acerca da justiça: o problema é que no anterior regime, ou seja na ditadura, a justiça era melhor salvo as excepções! O problema é que a opinião de Barreto nos poderá levar a sustentar a seguinte tese: no anterior regime era tudo melhor, salvo a falta de liberdade! Mas a liberdade, que Barreto parece supor que está adquirida para sempre, é a mais dolorosa conquista do homem em sociedade e a mais preciosa garantia do exercício da justiça. Não há verdadeira justiça sem liberdade. Barreto desliza, perigosamente, para menosprezar o valor da liberdade. Estou contra!

Para A Regra do Jogo
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quarta-feira, dezembro 16

EU CONHEÇO UM PAÍS ...


Daqui


Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso, In Revista "Exportar"

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade mundial de recém-nascidos, melhor que a média da UE.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de feltros para chapéus.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende no exterior para dezenas de mercados.

Eu conheço um país que tem uma empresa que concebeu um sistema pelo qual você pode escolher, no seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou um sistema biométrico de pagamento nas bombas de gasolina.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou uma bilha de gás muito leve que já ganhou prémios internacionais.

Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, permitindo operações inexistentes na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.

Eu conheço um país que revolucionou o sistema financeiro e tem três Bancos nos cinco primeiros da Europa.

Eu conheço um país que está muito avançado na investigação e produção de energia através das ondas do mar e do vento.

Eu conheço um país que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para toda a EU.

Eu conheço um país que desenvolveu sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos às PMES.

Eu conheço um país que tem diversas empresas a trabalhar para a NASA e a Agência Espacial Europeia.

Eu conheço um país que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.

Eu conheço um país que inventou e produz um medicamento anti-epiléptico para o mercado mundial.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.

Eu conheço um país que produz um vinho que em duas provas ibéricas superou vários dos melhores vinhos espanhóis.

Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamento de pré-pagos para telemóveis.

Eu conheço um país que construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pelo Mundo.

O leitor, possivelmente, não reconheceu neste país aquele em que vive... PORTUGAL.

Mas é verdade.Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Out Systems, WeDo, Quinta do Monte d'Oiro, Brisa Space Services, Bial, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Portugal Telecom Inovação, Grupos Vila Galé, Amorim, Pestana, Porto Bay e BES Turismo.

Há ainda grandes empresas multinacionais instalada no País, mas dirigidas por portugueses, com técnicos portugueses, de reconhecido sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal e a Mc Donalds (que desenvolveu e aperfeiçoou em Portugal um sistema que permite quantificar as refeições e tipo que são vendidas em cada e todos os estabelecimentos da cadeia em todo o mundo).

É este o País de sucesso em que também vivemos, estatisticamente sempre na cauda da Europa, com péssimos índices na educação, e gravíssimos problemas no ambiente e na saúde... do que se atrasou em relação à média UE...etc.

Mas só falamos do País que está mal, daquele que não acompanhou o progresso.

É tempo de mostrarmos ao mundo os nossos sucessos e nos orgulharmos disso.
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segunda-feira, dezembro 14

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (IV)


Os meus sublinhados de leitura saltam, por razões que não sou capaz de explicar, para o Caderno nº5.

Em Junho de 1947 Camus abandona a redacção do jornal “Combat” e no dia 10 de Junho, desse ano, é publicado o romance "A Peste" que o torna célebre o que, sem dúvida, explica a reflexão acerca do êxito que percorre alguns destes excertos. Repare-se, por outro lado, como o tema do terrorismo é antigo na acção política, na doutrina e no debate. Nos meus sublinhados verifico a curiosidade de ter colocado entre aspas a frase "A adversidade é necessária". Um sublinhado do sublinhado.

O ar de pobres diabos que têm as pessoas nas salas de espera dos médicos.

Conversações com Koestler *. O fim não justifica os meios senão quando a ordem de grandeza recíproca for razoável. Ex: Posso mandar Saint-Exupéry em missão mortal para salvar um regimento. Mas não posso deportar milhões de pessoas e suprimir toda a liberdade por um resultado quantitativo equivalente e estipular previamente o sacrifício de três ou quatro gerações.
- O génio: Não existe.
- A grande miséria do criador começa quando se lhe reconhece talento (Já não tenho coragem de publicar os meus livros).

1947
Como todos os fracos, as suas decisões eram brutais e de uma firmeza insensata.

Que vale o homem? Que é o homem? Depois de tudo o que vi, enquanto viver, hei-de ficar sempre com uma desconfiança e uma inquietação fundamental a seu respeito.

Terrorismo.
A grande pureza do terrorista estilo Kaliayev é que para ele o homicídio coincide com o suicídio (cf. Savinkov**: Recordações de um terrorista). Uma vida paga-se com outra vida. O raciocínio é falso, mas respeitável. (Uma vida ceifada não vale uma vida dada.) Hoje o homicídio por procuração. Ninguém paga.
1905 Kaliayev: o sacrifício do corpo. 1930: o sacrifício do espírito.

Que é impossível, a respeito de quem quer que seja, dizer que é absolutamente culpado e, por conseguinte, impossível pronunciar um castigo total.

25 de Junho de 1947
Tristeza do êxito. A adversidade é necessária. Se tudo me fosse mais difícil, como dantes, teria mais direito a dizer o que digo. O que vale é que posso ajudar muitas pessoas - entretanto.
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* O diálogo mantido com o anti-estalinista Koestler levou, em 1957, à co-publicação de “Reflexões sobre a pena capital”.

** Boris Viktorovitch Savinkov (1879-1925). “Recordações de um terrorista” (Payot -1931). O lema “uma vida por uma vida” resume a moral de Kaliayev em “Os Justos”.
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Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 ( Setembro de 1945/ Abril de 1948).

DIZER NÃO


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domingo, dezembro 13

CALIGRAFIA DE TRAÇOS E PALAVRAS

Não há termos. Certezas tão
pouco. Linhas bem definidas
que esfumo    interiormente.
Prefiro as minhas.Inventadas
ao sabor do tempo. Fora das
possibilidades e de  todas as
probabilidades.

Incongruentes.Mas com o sal
do mar e das lágrimas.  Mais
puras. Sobreviventes.Cientes
de que a vida  se constrói em
cada margem.   No parapeito
da ponte. Rente ao silêncio e
a todos os gestos.

Militante de incertezas vagueio entre mar e terra apurando sentido
no infinito - meu eterno ponto de fuga.

Setembro 2009

Maria Helena Faria Monteiro


A Helena enviou-me, de oferta, o livro “Caligrafia de Traços e Palavras”, com dedicatória, que espero, em breve, retribuir. É composto de Palavras, Escritos, Anoitecidos, Diurnos, Contos e Poesia, Aguarelas, Desenhos... Acabei de o ler e o mais que digo: obrigada, é lindo.


AMÉRICA - GLÓRIA AO MÉRITO


sábado, dezembro 12

UMA NOVA ERA PARA A FERROVIA EM PORTUGAL











O longo, e sempre controverso, caminho da ferrovia em Portugal

OBAMA: A PAZ E A GUERRA



Discurso integral de Obama na cerimónia da atribuição do Nobel da Paz
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Bob: nos prados de Verão da Normandia.
O seu capacete coberto de goiveiros
e ervas bravas.

Bob: milhões de mortos jazem nos prados
de verão da Normandia. Nasci no tempo
de enterrar os mortos. Cresci com o som
do choro longínquo dos seus órfãos. Aqui
à ponta ocidental não chegou a liberdade
de chorar os capacete cheios de lágrimas
suspensos nas mãos das viúvas solitárias.

[In “Há um momento em que a juventude se perde …”. Escrevi este poema, glosando uma frase de Camus, em homenagem aos soldados americanos mortos na II Guerra Mundial na luta pela libertação da Europa do nazi-fascismo.]



sexta-feira, dezembro 11

OS MÍNIMOS SENHORES, OS MÍNIMOS!


Patti Levey

Não quero acreditar que, na nossa política doméstica, possa ser tudo tão mesquinho, sem rasgo nem medida, a caminho de um desentendimento que fica aquém do mínimo de realismo e decência no combate democrático. Camus cita, e comenta, Vigny (correspondência): "A ordem social é sempre má: de tempos a tempos é apenas suportável. Para se ir do mau ao suportável, a disputa não vale uma gota de sangue." Não, o suportável merece, se não o sangue, pelo menos o esforço de uma vida inteira.
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quinta-feira, dezembro 10

OBAMA - NOBEL DA PAZ


Digam o que disserem, diga o que disser, Obama é uma personalidade que merece toda a sorte do mundo. Com seus erros e desvios, dúvidas e certezas, o seu rosto, e o sorriso que dele se desprende, dizem-me tudo acerca dele: um homem de confiança. É como se fora o meu Presidente!
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quarta-feira, dezembro 9

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (III)



























Albert Camus. Excertos que mereceram os meus sublinhados, por sinal escassos, na leitura inaugural do Caderno nº 2 escrito entre 22 de Setembro de 1937 e Abril de 1939.

Huxley."No fim de contas, vale mais ser um bom burguês como os outros que um mau boémio ou um falso aristocrata, ou um intelectual de segunda ordem…"
(Deveria eu ter acabado de ler "O Admirável Mundo Novo" e uma enorme emoção resultou dessa leitura.)

Aquele que ama neste mundo e aquela que o ama com a certeza de se lhe juntar na eternidade. Os seus amores não estão no mesmo plano.

O parzinho no comboio. Ambos feios. Ela agarra-se a ele, ri, excitada, seduzindo-o. Ele, de olhar sombrio, sente-se embaraçado por ser amado diante de toda a gente por uma mulher da qual não se orgulha.

A Argélia, país ao mesmo tempo medido e desmedido. Medido nas suas linhas, desmedido na sua luz.

Esta manhã cheia de sol: as ruas quentes e cheias de mulheres. Vendem-se flores por todas as esquinas. E estes rostos de raparigas que sorriem.
(Esta frase, como outras que constam neste Caderno, e que não sublinhei, manteve-se sempre muito viva na minha memória. Desperta fortes ressonâncias afectivas da minha infância no campo, e na pequena cidade de Faro, na distante província que era o Algarve rural dos anos 50.)

Extractos, in "Cadernos" (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº2 ( Setembro de 1937/ Abril de 1939).
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terça-feira, dezembro 8

CO-INCINERAÇÃO - MILIONÉSIMO EPISÓDIO

Esta é uma questão antiga. Daquelas que ocuparam o espaço mediático, por muito tempo, desde há muitos anos. Chamo o assunto por ter ouvido, minutos atrás, num canal da TV alguém, com ar de advogado, lançar acusações (graves!) contra o Supremo Tribunal Administrativo por ter proferido um acórdão favorável à co-incineração na cimenteira de Souselas. Mas o mais extraordinário deste caso talvez venha a ser a tentativa de desacreditar a decisão judicial – e a própria justiça, não é? Nos tempos que correm parece fácil: os mesmos que proclamam a defesa urgentíssima da credibilização da justiça tornam a co-incineração numa questão política – pois tudo é político, já foi ou será político – e perdida a batalha na justiça, sujeitam à consideração da maioria negativa da Assembleia da República a proibição do que a justiça autorizou. Por aí adiante – e que viva o Poder Popular!

segunda-feira, dezembro 7

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (II)


Albert Camus. Releio o Caderno nº 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937), edição portuguesa da Livros do Brasil. Anoto, uma vez mais, os sublinhados da minha primeira leitura pela segunda metade dos anos 60. Acrescento breves notas pessoais e, desta vez, corrijo, pontualmente, a tradução. Os sublinhados surgem sempre em itálico. O último fragmento sublinhado, no Caderno nº 1, foi escrito em Julho de 1937.


Jovem eu pedia às pessoas mais do que elas me podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente.
Hoje sei pedir-lhes menos do que podem dar: uma companhia sem palavras. E as suas emoções, a sua amizade, os seus gestos nobres mantêm a meus olhos o autêntico valor de milagre: um absoluto resultado da graça. [pág. 12]

(Tenho dificuldade em interpretar as razões que me levaram, com 20 anos, a escolher este excerto mas seria capaz, hoje, de o sublinhar de novo com acrescidas razões.)

Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros à conversa na espera da noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento. [pág. 25]

(Nesta página escrevi à mão em frente a Abril: "3-1968-Faro-Cais".
O ambiente da Argélia natal de Camus tem algo a ver com o ambiente de Faro, a minha cidade natal. Devia ser o período das Férias de Páscoa. Curiosamente nas vésperas do "Maio de 68")

Os sentidos e o mundo – Os desejos confundem-se. E neste corpo que aperto contra o meu, aperto também essa alegria estranha que vem do céu em direcção ao mar. [pág. 25]

Perna partida do carregador. A um canto, um homem novo que ri silenciosamente. [pág.26]

Maio.
Estes fins de tarde em Argel em que as mulheres são tão belas. [pág.27]

Intelectual? Sim. E nunca renegar. Intelectual = aquele que se desdobra. Isto agrada-me. Sinto-me contente por ser ambos. "Se isto se adapta?" Questão prática. É preciso meter mãos à obra. "Eu desprezo a inteligência" significa na realidade: "não posso suportar as minhas dúvidas". Prefiro manter os olhos abertos. [pág. 35]

Fevereiro. (de 1936)
A civilização não reside num grau mais ou menos elevado de requinte. Mas numa consciência comum a todo um povo. E essa consciência nunca é requintada. Ela é mesmo completamente sincera. Fazer da civilização a obra de uma elite, é identificá-la à cultura, que é uma coisa diferente. Há uma cultura mediterrânea. Mas há também uma civilização mediterrânea. Pelo contrário, não confundir civilização e povo. [pág. 32]

Narrativa – o homem que não se quer justificar. A ideia que se faz dele é a preferida. Ele morre, único a guardar consciência da sua verdade. Futilidade dessa consolação. [pág.33]
(Com uma nota: "Prefiguração do tema chave de “O Estrangeiro”.)

Maio.
Erro de uma psicologia de pormenor. Os homens que se procuram, que se analisam. Para nos conhecermos bem, temos que nos afirmar. A psicologia é acção - não reflexão sobre si próprio. Definimo-nos ao longo da vida. Conhecermo-nos perfeitamente, é morrer. [pág.34]

As filosofias valem aquilo que valem os filósofos. Maior é o homem, mais a filosofia é verdadeira. [pág. 36]

Combate trágico do mundo sofredor. Futilidade do problema da imortalidade. Aquilo que nos interessa, é de facto o nosso destino. Mas não "depois", "antes". [pág. 37]

Regra lógica. O singular tem valor de universal.
-ilógica: o trágico é contraditório.
-prática: um homem inteligente em certo plano pode ser um imbecil noutros. [pág. 37]

Os casais: o homem tenta brilhar diante de terceiros. A mulher imediatamente: "Mas tu também…", e tenta diminui-lo, torná-lo solidário da sua mediocridade. [pág. 41]

Mulheres na rua. A besta arrebatada do desejo que trazemos enroscada na cavidade dos rins e que se agita com uma suavidade estranha. [pág. 43]

Extractos, in "Cadernos" (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
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domingo, dezembro 6

CASA DO PÁTEO - UMA VISITA

Ontem por entre o verde dos campos do Alentejo a caminho da nova casa do António Pais e da Carmo, ali perto do Vimieiro, uma peça de arquitectura e design, pensei nos amigos, companheiros e camaradas (como se dizia, e diz?) que, noutros tempos, calcorrearam os mesmos caminhos na perseguição de um sonho irrealizável. Hoje este caminho real, com sonhos dentro, faz-se em cerca de uma hora, tão longe e tão perto, como se o Alentejo profundo, tão diferente, fosse um arredor de Lisboa. E todos os reencontros e conhecimentos são possíveis, gerações, filhos e netos, amigos e conhecidos, desde que nos reste o prazer do reencontro. Por entre as dificuldades do quotidiano, que sempre as houve, mesmo as despedidas me soam a promessas de novas aventuras crentes no futuro.

sexta-feira, dezembro 4

MUNDIAL DE FUTEBOL - A SORTE
























Segue dentro de minutos o sorteio do Mundial de Futebol. Que nos calhem em sorte as selecções consideradas mais difíceis.
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O TEMPO NÃO VOLTA P´RA TRÁS


Haruto Maeda

O meu computador pessoal está como novo. Em tempos de crise recorre-se cada vez mais à reparação e reciclagem dos equipamentos a que alguns – prudentes - nunca deixaram de recorrer. Suponho que muitos pequenos negócios, ao invés dos que morrem, tenham voltado a prosperar com a crise. Esperava por levantar o dito computador lado a lado com uma senhora que, vim a saber por ela, ser professora de matemática. Desabafou. Enquanto esperava o portátil – de alto gabarito - mostrou-me quanto se sentia desiludida com o facto de não poder apresentar os enunciados das provas, escritos à mão. Mais do que desilusão perpassava das suas palavras em certo ressentimento pela adopção imparável da informática nos processos de aprendizagem. E dessa forma tudo “empurrar” para mudanças inelutáveis (para ela irreparáveis) nas metodologias, nas atitudes, nos equipamentos… Lembrei-me de quando o meu pai me falava do belo cavalo que o levava à janela na qual (pelo lado de fora) namorava a minha mãe e vice-versa. E do ferrador. E do cheiro a forragem. A aveia. A bosta. E os sons dos relinchos e pinotes. E aquele fado do qual tanto gostava a minha mãe “Oh Tempo Volta P'ra Trás”! Mas não volta!
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quinta-feira, dezembro 3

PSD - "O SUICÍDIO"

























Nesta frase se contém toda uma filosofia política que privilegia a bisbilhotice ao cumprimento das regras do estado de direito democrático. Se há escutas ilegais que se dane a legalidade pois o que o povo quer é o mexerico. Há partidos que vendem o seu ideário por uma mão cheia de votos. Quer-me parecer que foi o que Balsemão quis dizer quando se referiu ao risco de suicídio do PSD.
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quarta-feira, dezembro 2

Sublinhados dos Cadernos de Albert Camus - uma leitura de juventude (I)


A propósito do 50º aniversário da morte de Albert Camus, ocorrida no dia 4 de Janeiro de 1960, retomo o conjunto de “sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos”. Desta vez introduzo algumas correcções, desde o alinhamento cronológico à tradução, sem pretensões de atingir a perfeição a qual, nesta matéria, sendo sempre inalcançável ainda mais o seria para um “não estudioso” pois sou, tão-somente, um simples amante da obra do autor de “A Queda”.

Mas dói-me que esta efeméride passe em claro no nosso país, sem uma única reedição da obra de Camus, sem que um novo trabalho académico ganhe a luz do dia, porventura, sem uma única referência pública, perdendo-se uma oportunidade de ouro para levar ao conhecimento das novas gerações a obra de um autor que, para além de ter sido aureolado com o Nobel da Literatura em 1957, é um acérrimo defensor dos valores da liberdade contra todos os totalitarismos.

O projecto inicial de compilar os sublinhados da minha primeira leitura dos Cadernos de Albert Camus foi suscitado pela criação de um blogue intitulado CADERNOS DE CAMUS, uma iniciativa de José Pacheco Pereira, ao qual, desde a primeira hora, aderi e que, apesar de ter abortado pouco tempo depois, continua disponível na rede. Escrevi, à época da criação desse blogue, que um projecto semelhante, antes do surgimento do fenómeno dos blogues, já me tinha, por diversas vezes, assaltado a imaginação.

Esta primeira leitura dos Cadernos de Albert Camus aconteceu pela primavera de 1968, pelos meus 20 anos. Os sublinhados que agora se apresentam, na íntegra, sem algumas supressões da edição anterior, foram assinalados nos livros, de forma "assassina", a esferográfica que, no entanto, sobreviveram tendo sido, posteriormente, restaurados e encadernados, a capa dura, com a ajuda preciosa da Manuela Espírito Santo.

Esta é uma daquelas tarefas que me continua a dar um prazer autêntico, quer pelo facto de partilhar uma leitura de toda a vida, quer por me sentir, não raras vezes, surpreendido pela actualidade das referências contidas nos excertos que leio e volto a ler. E o que me apraz dizer é que, hoje, tal como aquando da leitura inaugural, sinto a mesma adesão de fundo às ideias e à filosofia de vida que, no essencial, Albert Camus defendeu e que, de forma fragmentada, como se fora um blogue “avant la lettre”, plasmou nos seus Cadernos.

A publicação desta série de posts decorrerá até ao dia 4 de Janeiro de 2010 e será acompanhada por um conjunto de links com notícias de actualidade acerca do autor que introduzo ao longo do texto.