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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, julho 18
FIDEL CASTRO
O homem está vivo e, ao que tudo indica, pensa. É saudável, de vez em quando, dar uma olhadela à realidade por mais incómoda que ela possa ser.
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GOVERNO- RESPOSTA A SARAMAGO: FROUXA E TARDIA
Saramago
O governo português resolveu responder à proposta iberista de Saramago. Se me permitem a opinião – tão livre como a de Saramago – tenho dúvidas se Saramago merecia uma resposta a nível de governo.
Curiosamente Saramago opinou contra a independência nacional dias depois de Portugal ter assumido a presidência da União Europeia. Não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar em coincidências.
Saramago encontrou uma fórmula para usar o prestígio da sua obra, cujos méritos não discuto, mas que o estado português ajudou a promover, para atacar o seu próprio país e fragilizar o papel político de Portugal na União Europeia.
A resposta política do governo português foi frouxa e tardia. Saramago foi grosseiro e mal agradecido, exibindo um livre pensamento eivado de ressentimentos. Se Saramago tivesse atacado a independência de Espanha, se acaso Espanha fosse a sua pátria, qual pensam que teria sido a resposta da sociedade espanhola e do seu governo central?
O governo português resolveu responder à proposta iberista de Saramago. Se me permitem a opinião – tão livre como a de Saramago – tenho dúvidas se Saramago merecia uma resposta a nível de governo.
Curiosamente Saramago opinou contra a independência nacional dias depois de Portugal ter assumido a presidência da União Europeia. Não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar em coincidências.
Saramago encontrou uma fórmula para usar o prestígio da sua obra, cujos méritos não discuto, mas que o estado português ajudou a promover, para atacar o seu próprio país e fragilizar o papel político de Portugal na União Europeia.
A resposta política do governo português foi frouxa e tardia. Saramago foi grosseiro e mal agradecido, exibindo um livre pensamento eivado de ressentimentos. Se Saramago tivesse atacado a independência de Espanha, se acaso Espanha fosse a sua pátria, qual pensam que teria sido a resposta da sociedade espanhola e do seu governo central?
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terça-feira, julho 17
FERNANDES, BAGÃO E SARAMAGO, OU VICE VERSA ...
Saramago
Não sei se repararam, embora isso não tenha importância nenhuma, que, no domingo passado, votei, fui dar uma volta, fora de Lisboa, onde só agora regressei. Entretanto deu para ver os resultados eleitorais e, de notícias, pouco mais.
Hoje, no regresso, vi, numa “área de serviço”, a manchete do Público: “Vitória foi curta”, pois do JM Fernandes já tudo se pode esperar. O JM Fernandes, quem lhe paga e quem com ele colabora, sabe muito bem que, em democracia, não há vitórias curtas ou longas mas, simplesmente, vitórias ou derrotas. Mas a vida está difícil para todos …
Também me sobressaltei pelo facto de não ter visto o mandatário de Telmo Correia – Bagão Félix – em lado nenhum nas minhas curtas incursões pelas notícias da noite eleitoral. Agora fiquei mais tranquilo pois afinal também se apresentou no velório. Devo deixar cair um desejo, porventura um pouco mórbido, mas que os meus amigos compreendem: que não tenha sido o último e que haja coragem pois, apesar de tudo, o Telmo conseguiu ficar à frente do Garcia Pereira!
Também só agora li os comentários ao meu post acerca do delírio iberista de Saramago. Obrigada pois sempre é melhor, em tal matéria, ser questionado do que silenciado. Mas, deixando para depois um eventual retorno ao assunto, sempre quero reafirmar o que escrevi e confessar que me apetecia zurzir o homem até me doerem as mãos. Mas como entretanto, na viagem, ouvi o Jardim, apaziguei-me um pouco. Os castelhanos também levavam a Madeira? Boa!
Não sei se repararam, embora isso não tenha importância nenhuma, que, no domingo passado, votei, fui dar uma volta, fora de Lisboa, onde só agora regressei. Entretanto deu para ver os resultados eleitorais e, de notícias, pouco mais.
Hoje, no regresso, vi, numa “área de serviço”, a manchete do Público: “Vitória foi curta”, pois do JM Fernandes já tudo se pode esperar. O JM Fernandes, quem lhe paga e quem com ele colabora, sabe muito bem que, em democracia, não há vitórias curtas ou longas mas, simplesmente, vitórias ou derrotas. Mas a vida está difícil para todos …
Também me sobressaltei pelo facto de não ter visto o mandatário de Telmo Correia – Bagão Félix – em lado nenhum nas minhas curtas incursões pelas notícias da noite eleitoral. Agora fiquei mais tranquilo pois afinal também se apresentou no velório. Devo deixar cair um desejo, porventura um pouco mórbido, mas que os meus amigos compreendem: que não tenha sido o último e que haja coragem pois, apesar de tudo, o Telmo conseguiu ficar à frente do Garcia Pereira!
Também só agora li os comentários ao meu post acerca do delírio iberista de Saramago. Obrigada pois sempre é melhor, em tal matéria, ser questionado do que silenciado. Mas, deixando para depois um eventual retorno ao assunto, sempre quero reafirmar o que escrevi e confessar que me apetecia zurzir o homem até me doerem as mãos. Mas como entretanto, na viagem, ouvi o Jardim, apaziguei-me um pouco. Os castelhanos também levavam a Madeira? Boa!
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CASTRO MARIM - ALTURA
Imagem Daqui
Fui um frequentador bastante assíduo da praia da Altura para férias em família mas, desde há dois anos, acabou. Nada justifica que a Câmara Municipal de Castro Marim, que tem uma configuração física excêntrica, para dispor no seu território de uma praia, a de Altura, não tenha resolvido uma questão básica: a do saneamento básico
E, ainda mais estranho é o silêncio, envolvendo esta grave situação, que agora foi quebrado com uma tomada de posição clara. É evidente que sempre se pode dizer que todos são responsáveis, blá, blá ,blá, ... mas a verdade é que, nos últimos anos, os empreendimentos turísticos cresceram como cogumelos, a Câmara é de maioria PSD, e os esgotam continuam a vazar na praia ….
Fui um frequentador bastante assíduo da praia da Altura para férias em família mas, desde há dois anos, acabou. Nada justifica que a Câmara Municipal de Castro Marim, que tem uma configuração física excêntrica, para dispor no seu território de uma praia, a de Altura, não tenha resolvido uma questão básica: a do saneamento básico
E, ainda mais estranho é o silêncio, envolvendo esta grave situação, que agora foi quebrado com uma tomada de posição clara. É evidente que sempre se pode dizer que todos são responsáveis, blá, blá ,blá, ... mas a verdade é que, nos últimos anos, os empreendimentos turísticos cresceram como cogumelos, a Câmara é de maioria PSD, e os esgotam continuam a vazar na praia ….
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domingo, julho 15
JUÍZO?
"Portugal acabará por integrar-se na Espanha"
José Saramago, "Diário de Notícias", 15-07-2007
Eu que estou quase no fim da leitura de “Afonso Henriques”, de José Mattoso, posso atestar o reforço da minha convicção profunda de que tal nunca acontecerá, pelos menos, nos próximos séculos. Saramago é um prodígio em declarações políticas excêntricas e, quiçá, auto promocionais. É um daqueles casos em que se poderá, com propriedade, dizer: “que já tem idade para ter juízo” caso não o tenha, de vez, perdido. Adiante!
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José Saramago, "Diário de Notícias", 15-07-2007
Eu que estou quase no fim da leitura de “Afonso Henriques”, de José Mattoso, posso atestar o reforço da minha convicção profunda de que tal nunca acontecerá, pelos menos, nos próximos séculos. Saramago é um prodígio em declarações políticas excêntricas e, quiçá, auto promocionais. É um daqueles casos em que se poderá, com propriedade, dizer: “que já tem idade para ter juízo” caso não o tenha, de vez, perdido. Adiante!
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LEITURAS
Linha de Cabotagem
A Helena não se esqueceu e deixa-nos as suas últimas leituras e, entre elas, uma, pelo menos, já, há muito tempo, despertou a minha curiosidade:”A Memória dos Outros”.
A Helena não se esqueceu e deixa-nos as suas últimas leituras e, entre elas, uma, pelo menos, já, há muito tempo, despertou a minha curiosidade:”A Memória dos Outros”.
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sábado, julho 14
COIMBRA
A mudança de residência de Afonso Henriques de Guimarães para Coimbra em 1131 constitui, no entanto, um facto da maior importância histórica, pelo seu significado próprio e pelas consequências que teve na vida nacional.
(…)
Assim a instalação de Afonso Henriques em Coimbra, ao mesmo tempo que confere uma força enorme à corrente cultural e institucional de carácter mediterrânico, encaminha o futuro país para a síntese que absorve não só a separação entre o condado de Portucale e o de Coimbra mas também a oposição cultural entre o Norte e o Sul, para os integrar numa só entidade política, apesar de nela continuarem a existir regiões com características bem diferentes umas das outras. As duas grandes regiões do Norte e do Sul, porém, tornam-se verdadeiramente complementares. Agem e reagem uma sobre a outra, como dois pólos opostos, mas indissoluvelmente ligados entre si por uma corrente que se alimenta da sua própria diferença.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”6. Coimbra”, pgs. 75/79 (20).
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Assim a instalação de Afonso Henriques em Coimbra, ao mesmo tempo que confere uma força enorme à corrente cultural e institucional de carácter mediterrânico, encaminha o futuro país para a síntese que absorve não só a separação entre o condado de Portucale e o de Coimbra mas também a oposição cultural entre o Norte e o Sul, para os integrar numa só entidade política, apesar de nela continuarem a existir regiões com características bem diferentes umas das outras. As duas grandes regiões do Norte e do Sul, porém, tornam-se verdadeiramente complementares. Agem e reagem uma sobre a outra, como dois pólos opostos, mas indissoluvelmente ligados entre si por uma corrente que se alimenta da sua própria diferença.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”6. Coimbra”, pgs. 75/79 (20).
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sexta-feira, julho 13
VOTO NO COSTA (II)
Volto a uma questão que já anteriormente abordei no início desta campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa.
Trata-se da ideia, expendida por Vasco Pulido Valente, citada pelo Da Literatura, da derrota inexorável de António Costa e, por arrastamento, de Sócrates e do PS. E o que diz VPV, entre considerações próprias da vulgata populista anti partidos:
“A campanha para a câmara também é um aviso para o PS e o PSD. Por mal que se pense de Helena Roseta, o facto subsiste que ela revelou uma incomodidade básica do eleitorado socialista com o governo de Sócrates. Se o resto da esquerda aguentar o voto, o resultado provável de António Costa é uma derrota de consequência: e não exclusivamente para ele.”
A resposta a esta ideia, luminosa, de que o vencedor mais do que provável é o perdedor inevitável, pode resumir-se à consulta do histórico das eleições autárquicas em Lisboa no decurso da III República.
O PS só ganhou, concorrendo a solo, a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, nas primeiras eleições autárquicas, em 1976, elegendo Aquilino Ribeiro Machado. Nunca, em qualquer outra eleição, para a Câmara Municipal de Lisboa, no pós 25 de Abril, o PS ganhou a Presidência concorrendo sozinho.
Quer Jorge Sampaio, quer João Soares, foram eleitos presidentes da CML apoiados por coligações de esquerda, congregando o eleitorado do PS e do PCP, o que permite retirar a conclusão, simples e directa, que, caso António Costa, como todas as sondagens indicam, obtenha a maioria, simples ou absoluta, nestas eleições, será a segunda vez, que um candidato socialista é eleito presidente da CML apoiado, a solo, pelo PS.
Não enxergo onde se pode vislumbrar a derrota na vitória seja de quem for e muito menos em eleições democráticas que, caso sejam limpas, permitem ser declarado um vencedor nem que seja pela diferença de um voto. Ora, neste caso, o que é notável, quer pela história quer pela conjuntura política, é a unanimidade das sondagens apontando para uma vitória folgada de António Costa.
Onde está o problema? Vão proclamar a vitória da abstenção? Vão proclamar a vitória dos derrotados através da adição dos seus votos? O melhor é votar e esperar pelo resultado!
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Trata-se da ideia, expendida por Vasco Pulido Valente, citada pelo Da Literatura, da derrota inexorável de António Costa e, por arrastamento, de Sócrates e do PS. E o que diz VPV, entre considerações próprias da vulgata populista anti partidos:
“A campanha para a câmara também é um aviso para o PS e o PSD. Por mal que se pense de Helena Roseta, o facto subsiste que ela revelou uma incomodidade básica do eleitorado socialista com o governo de Sócrates. Se o resto da esquerda aguentar o voto, o resultado provável de António Costa é uma derrota de consequência: e não exclusivamente para ele.”
A resposta a esta ideia, luminosa, de que o vencedor mais do que provável é o perdedor inevitável, pode resumir-se à consulta do histórico das eleições autárquicas em Lisboa no decurso da III República.
O PS só ganhou, concorrendo a solo, a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, nas primeiras eleições autárquicas, em 1976, elegendo Aquilino Ribeiro Machado. Nunca, em qualquer outra eleição, para a Câmara Municipal de Lisboa, no pós 25 de Abril, o PS ganhou a Presidência concorrendo sozinho.
Quer Jorge Sampaio, quer João Soares, foram eleitos presidentes da CML apoiados por coligações de esquerda, congregando o eleitorado do PS e do PCP, o que permite retirar a conclusão, simples e directa, que, caso António Costa, como todas as sondagens indicam, obtenha a maioria, simples ou absoluta, nestas eleições, será a segunda vez, que um candidato socialista é eleito presidente da CML apoiado, a solo, pelo PS.
Não enxergo onde se pode vislumbrar a derrota na vitória seja de quem for e muito menos em eleições democráticas que, caso sejam limpas, permitem ser declarado um vencedor nem que seja pela diferença de um voto. Ora, neste caso, o que é notável, quer pela história quer pela conjuntura política, é a unanimidade das sondagens apontando para uma vitória folgada de António Costa.
Onde está o problema? Vão proclamar a vitória da abstenção? Vão proclamar a vitória dos derrotados através da adição dos seus votos? O melhor é votar e esperar pelo resultado!
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NÃO QUERER
Bill Kane - USA, b.1951
No Caderno de Poesia, da série Primeiros Poemas, Não Querer, com um poema de Jorge de Sena.
No Caderno de Poesia, da série Primeiros Poemas, Não Querer, com um poema de Jorge de Sena.
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quinta-feira, julho 12
quarta-feira, julho 11
VOTO NO COSTA
ANTÓNIO COSTA
Quando oportunamente manifestei o meu apoio a António Costa, à frente da lista do PS à Câmara Municipal de Lisboa, cumpri um dever de cidadania.
Tal apoio foi acompanhado por um apelo para que os candidatos de todas as listas, além da declaração de interesses, que são obrigados a depositar no Tribunal Constitucional, fossem mais além declarando abdicar de todas as funções e actividades profissionais que, directa ou indirectamente, pudessem lançar suspeitas acerca da transparência das suas ambições políticas.
Tempos atrás o Arquitecto Manuel Salgado, nº 2 da lista do PS, fez uma declaração nesse sentido que, do meu ponto de vista, é satisfatória face à observância do princípio da transparência. Não me dei conta que qualquer outro candidato, de qualquer lista, tenha seguido o mesmo caminho.
O Dr. Marques Mendes, líder do PSD, partido que geriu, de forma desastrosa, a Câmara de Lisboa desde finais de 2001, foi obrigado a optar por uma candidatura encabeçada por Fernando Negrão. Com todo o respeito por Fernando Negrão, que é uma pessoa estimável, ficou claro, desde o início, que se trata de uma candidatura perdedora.
Seja qual for o diferencial de votos expressos, a dimensão do fenómeno abstencionista, a maledicência contida nos ataques à candidatura de Costa, e ao seu mandatário, nada deverá salvar Marques Mendes de sofrer uma derrota, restando saber se o PSD conseguirá segurar o 2º lugar ou se vai cair para o3º, ou mesmo 4º.
A partir do dia 15 de Julho muita coisa pode mudar no panorama da oposição ao Governo maioritário apoiado pelo PS. Tal como em Dezembro de 2001 a derrota do PS, em Lisboa e no Porto, ditaram a demissão de Guterres, no dia 15 o resultado da eleição de Lisboa pode ditar, sejamos claros, a queda de Marques Mendes.
Estou convencido que Sócrates é o último a desejar essa queda antes preferindo que o PSD sendo derrotado, não seja humilhado, para que não surja daí uma crise interna grave na sua liderança. Mas é difícil antever sucesso no alívio das dores do PSD neste difícil parto eleitoral.
Estou convencido que os maiores adversários do PS são, em primeiro lugar, a abstenção, com a cumplicidade do próprio Estado, através da inacção da Comissão Nacional de Eleições, e, em segundo lugar, as candidaturas independentes que buscam, através de um discurso anti partidos captar, de forma mais ou menos subtil, o desencanto dos cidadãos face à politica.
Mas o que está em causa, nestas eleições, é encontrar uma liderança mobilizadora para a Câmara Municipal de Lisboa capaz de iniciar, de forma séria e determinada, a resolução dos graves problemas em que a gestão da direita mergulhou Lisboa. Essa liderança, nas actuais circunstâncias, só pode ser assumida por António Costa em cuja candidatura depositarei o meu voto.
Quando oportunamente manifestei o meu apoio a António Costa, à frente da lista do PS à Câmara Municipal de Lisboa, cumpri um dever de cidadania.
Tal apoio foi acompanhado por um apelo para que os candidatos de todas as listas, além da declaração de interesses, que são obrigados a depositar no Tribunal Constitucional, fossem mais além declarando abdicar de todas as funções e actividades profissionais que, directa ou indirectamente, pudessem lançar suspeitas acerca da transparência das suas ambições políticas.
Tempos atrás o Arquitecto Manuel Salgado, nº 2 da lista do PS, fez uma declaração nesse sentido que, do meu ponto de vista, é satisfatória face à observância do princípio da transparência. Não me dei conta que qualquer outro candidato, de qualquer lista, tenha seguido o mesmo caminho.
O Dr. Marques Mendes, líder do PSD, partido que geriu, de forma desastrosa, a Câmara de Lisboa desde finais de 2001, foi obrigado a optar por uma candidatura encabeçada por Fernando Negrão. Com todo o respeito por Fernando Negrão, que é uma pessoa estimável, ficou claro, desde o início, que se trata de uma candidatura perdedora.
Seja qual for o diferencial de votos expressos, a dimensão do fenómeno abstencionista, a maledicência contida nos ataques à candidatura de Costa, e ao seu mandatário, nada deverá salvar Marques Mendes de sofrer uma derrota, restando saber se o PSD conseguirá segurar o 2º lugar ou se vai cair para o3º, ou mesmo 4º.
A partir do dia 15 de Julho muita coisa pode mudar no panorama da oposição ao Governo maioritário apoiado pelo PS. Tal como em Dezembro de 2001 a derrota do PS, em Lisboa e no Porto, ditaram a demissão de Guterres, no dia 15 o resultado da eleição de Lisboa pode ditar, sejamos claros, a queda de Marques Mendes.
Estou convencido que Sócrates é o último a desejar essa queda antes preferindo que o PSD sendo derrotado, não seja humilhado, para que não surja daí uma crise interna grave na sua liderança. Mas é difícil antever sucesso no alívio das dores do PSD neste difícil parto eleitoral.
Estou convencido que os maiores adversários do PS são, em primeiro lugar, a abstenção, com a cumplicidade do próprio Estado, através da inacção da Comissão Nacional de Eleições, e, em segundo lugar, as candidaturas independentes que buscam, através de um discurso anti partidos captar, de forma mais ou menos subtil, o desencanto dos cidadãos face à politica.
Mas o que está em causa, nestas eleições, é encontrar uma liderança mobilizadora para a Câmara Municipal de Lisboa capaz de iniciar, de forma séria e determinada, a resolução dos graves problemas em que a gestão da direita mergulhou Lisboa. Essa liderança, nas actuais circunstâncias, só pode ser assumida por António Costa em cuja candidatura depositarei o meu voto.
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O ESTADO SOCIAL E A LIBERDADE
Fotografia de Hélder Gonçalves
"O estado social não é a liberdade: é o controlo, pelo poder político, da vida de cada um. E o que o Governo faz, neste momento, é o necessário para manter e reforçar esse controlo."
"O estado social não é a liberdade: é o controlo, pelo poder político, da vida de cada um. E o que o Governo faz, neste momento, é o necessário para manter e reforçar esse controlo."
Rui Ramos, PÚBLICO, 11-07-2007
Nesta série de citações, oriundas de artigos do Público, é-nos oferecido um painel saboroso como se fosse o espelho da ideologia do seu director José Manuel Fernandes. Há um evidente problema mal resolvido na relação dele com a questão da liberdade.
O tema é um clássico do debate político e filosófico de todos os tempos e não serei eu que aprofundarei a dissertação acerca do mesmo. A razão é simples: não vou expor a minha ignorância sobre tão magna questão.
Mas não resisto a transcrever aquela citação de hoje acerca da questão da liberdade, (para não ir directo ao emérito bispo Azevedo), como uma espécie de cereja no cimo do bolo. Para os liberais, embora com variantes, o estado social é a raiz de todos os males; poder-se-ia mesmo simplificar mais a questão e dizer que para eles o estado é a raiz de todos os males.
A questão do “estado social”, apesar dos desvios de percurso, ficou resolvida, na minha cabeça, aí pelos meus 20 anos quando li, pela primeira vez, os Cadernos de Camus.
Nessa longínqua primeira leitura não entendi tudo mas entendi certamente o essencial da questão da relação entre a justiça e a liberdade. Ao longo da vida, por vezes, de forma brutal, outras vezes, de forma subtil, somos obrigados a fazer opções nas quais se joga o equilíbrio entre os dois conceitos na vida prática e na acção social e política.
Ora a questão da liberdade, abordada por Camus, no imediato pós guerra, por volta de Setembro/Outubro de 1945, mantém plena actualidade:
"Gosto imenso da liberdade. E para todo o intelectual, a liberdade acaba por confundir-se com a liberdade de expressão. Mas compreendo perfeitamente que esta preocupação não está em primeiro lugar para uma grande quantidade de Europeus, porque só a justiça lhes pode dar o mínimo material de que precisamos, e que, com ou sem razão, sacrificariam de bom grado a liberdade a essa justiça elementar.
Sei estas coisas há muito tempo. Se me parecia necessário defender a conciliação entre a justiça e a liberdade, era porque aí residia em meu entender a última esperança do Ocidente. Mas essa conciliação apenas pode efectivar-se num certo clima que hoje é praticamente utópico. Será preciso sacrificar um ou outro destes valores? Que devemos pensar, neste caso?"
(…)
"Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade. A justiça num mundo silencioso, a justiça dos mundos destrói a cumplicidade, nega a revolta e devolve o consentimento, mas desta vez sob a mais baixa das formas. É aqui que se vê o primado que o valor da liberdade pouco a pouco recebe. Mas o difícil é nunca perder de vista que ele deve exigir ao mesmo tempo a justiça, como foi dito. (...)"
In “Cadernos” – Setembro/Outubro de 1945
Não basta gostar imenso da liberdade e, finalmente, perante todas as misérias da vida material, escolher a liberdade. O difícil está em não perder de vista que o primado do valor da liberdade deve exigir, ao mesmo tempo, a justiça … e aqui entra o inevitável papel do estado, e o conceito de estado social, … uma discussão, como se vê, muito antiga.
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terça-feira, julho 10
Parece mentira mas é verdade. Vital Moreira sentiu-se obrigado, nos dias de hoje, a escrever um post, em jeito de esclarecimento, acerca da existência de fundações públicas de direito privado. Eu mesmo, em Maio de 2006, escrevi acerca do caso concreto do projecto de reforma estatutária do INATEL que vai exactamente nesse sentido. Desconfio que deve estar, após quase dez anos no armário, para sair à luz do dia. Mais tarde, quando for oportuno, volto ao assunto.
FASCISTA
"Que se exija uma lealdade aos chefes que proíbem a crítica política é algo que não merece outra qualificação senão a de fascista"
José Vítor Malheiros, PÚBLICO, 10-07-2007
A minha boca abre-se de espanto. Estes jornalistas, que assim falam, estavam no activo entre Março de 2002 e Março de 2005? O Dr. José Manuel Barroso, e os seus ministros, o Dr. Portas e os seus ministros, incluindo o actual comentarista Bagão Félix, o Dr. Santana Lopes, e os seus ministros, são fascistas? Estes jornalistas, cuja profissão é o uso do verbo, não sabem medir o alcance das suas palavras? Sabem o que é o fascismo? Sinceramente começa a ser demasiado evidente que há gente a ocupar o espaço público que ensandeceu de vez. Terá sido, simplesmente, no caso dos jornalistas, pelo facto do governo ter acabado com a “Caixa” que lhes concedia benefícios na saúde? Se é essa a razão da espiral de irracionalidade que emerge na pena de muitos jornalistas estamos no reino da pura “vendetta” política. Das duas uma: ou metem baixa psiquiátrica ou apresentam queixa dos crimes de que têm conhecimento às autoridades competentes!
segunda-feira, julho 9
ZECA AFONSO - 1963
Fotografia de A Defesa de Faro
(Clicar na fotografia para aumentar)
Ainda acerca das fotografias de A Defesa de Faro aqui lhes deixo uma imagem extraordinária de um grupo em que avulta o Zeca Afonso. Conheci quase todos os que nela surgem e como os seus rostos serenos, estranhamente, me comovem.
(Clicar na fotografia para aumentar)
Ainda acerca das fotografias de A Defesa de Faro aqui lhes deixo uma imagem extraordinária de um grupo em que avulta o Zeca Afonso. Conheci quase todos os que nela surgem e como os seus rostos serenos, estranhamente, me comovem.
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PÚBLICOS
Fotografia de A Defesa de Faro
(Clicar na fotografia para ampliar)
O Nuno de A Defesa de Faro enviou-me uma fotografia da série dos públicos de que já tenho publicado outras. É difícil saber a data e o local exactos onde foram fixados os rostos dos espectadores num tempo em que o estádio de futebol era um local, ao mesmo tempo, de convivência e rivalidade.
A curiosidade desta fotografia é que, à semelhança de outra já anteriormente publicada, é provável que eu próprio nela figure. O prélio em causa deve ter sido disputado fora de portas. Não tenho a certeza absoluta mas é bem provável que esteja por ali entre a multidão.
Sei que o Nuno está a organizar uma exposição de fotografias desta série para a qual escrevi o texto de apresentação. A Defesa de Faro está a fazer um caminho de âncora da informação e, ao mesmo tempo, de apoio à descoberta e preservação de uma parte do património cultural da cidade que, de outra forma, corria o risco de se perder.
É uma iniciativa particular e, outro dia, em conversa com o Nuno, disse-lhe que se não admirasse com as exigências para com A Defesa de Faro de muitos agentes culturais e personalidades da região. A explicação é simples: é que A Defesa de Faro, sendo uma iniciativa particular, se transformou, paulatinamente, num serviço público. Agora é preciso aguentar o balanço!
Declaração de interesses: o Nuno é meu sobrinho.
(Clicar na fotografia para ampliar)
O Nuno de A Defesa de Faro enviou-me uma fotografia da série dos públicos de que já tenho publicado outras. É difícil saber a data e o local exactos onde foram fixados os rostos dos espectadores num tempo em que o estádio de futebol era um local, ao mesmo tempo, de convivência e rivalidade.
A curiosidade desta fotografia é que, à semelhança de outra já anteriormente publicada, é provável que eu próprio nela figure. O prélio em causa deve ter sido disputado fora de portas. Não tenho a certeza absoluta mas é bem provável que esteja por ali entre a multidão.
Sei que o Nuno está a organizar uma exposição de fotografias desta série para a qual escrevi o texto de apresentação. A Defesa de Faro está a fazer um caminho de âncora da informação e, ao mesmo tempo, de apoio à descoberta e preservação de uma parte do património cultural da cidade que, de outra forma, corria o risco de se perder.
É uma iniciativa particular e, outro dia, em conversa com o Nuno, disse-lhe que se não admirasse com as exigências para com A Defesa de Faro de muitos agentes culturais e personalidades da região. A explicação é simples: é que A Defesa de Faro, sendo uma iniciativa particular, se transformou, paulatinamente, num serviço público. Agora é preciso aguentar o balanço!
Declaração de interesses: o Nuno é meu sobrinho.
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LEITURAS - FRESCAS E BOAS
Poetry Reading, de Irene Sheri
A corrente de leituras rola e diversifica-se, leva-nos a conhecer “novos mundos”, aí está o seu encanto, como é o caso do Ciências ao Natural desafiado pelo Porfírio. E, indo mais além, no Brasil, encontra resposta, através do catatau, no Márcio Pimenta e no Hermenauta. E a corrente aí vai até que seja impossível dar mais notícias dela …
A corrente de leituras rola e diversifica-se, leva-nos a conhecer “novos mundos”, aí está o seu encanto, como é o caso do Ciências ao Natural desafiado pelo Porfírio. E, indo mais além, no Brasil, encontra resposta, através do catatau, no Márcio Pimenta e no Hermenauta. E a corrente aí vai até que seja impossível dar mais notícias dela …
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AS LIBERDADES
Fotografia de Hélder Gonçalves
"Sócrates e os seus ministros nada fizeram para convencer os militantes de que não é assumindo o papel de agentes infiltrados que melhor servem o partido e o país".
"Sócrates e os seus ministros nada fizeram para convencer os militantes de que não é assumindo o papel de agentes infiltrados que melhor servem o partido e o país".
Manuel Carvalho, PÚBLICO, 08-07-2007
Os jornalistas mais novos não conhecem o ambiente opressivo e repressivo da ditadura. Os jornalistas mais velhos estão, quase todos, na reforma ou afastados dos lugares onde se fazem as notícias. Basta fazer as contas para entender esta realidade cronológica.
Do lado daqueles que confeccionavam os instrumentos da opressão e da repressão, nas suas diversas facetas, também já restam poucos no activo embora ainda seja possível ouvir algum eco dos seus métodos e mesmo das suas vozes.
Hoje não é possível reproduzir o discurso do método da opressão construído pela ditadura, ao longo de décadas, nem inculcar na opinião pública o medo de que ela retorne, sufoque, elimine ou condicione as liberdades.
Lembro-me do erro de João Soares quando no final da campanha autárquica de Dezembro de 2001 puxou pelos galões do anti fascismo, apoiado no seu parceiro de coligação – o PCP, – tendo feito até projectar, no derradeiro comício no Pavilhão dos Desportos, uma declaração de Cunhal. Logo vi, nessa noite, que iria perder!
Ninguém hoje, na verdade, acredita no perigo do regresso a uma qualquer forma de autoritarismo que ponha em causa as liberdades consagradas na ordem constitucional e na prática quotidiana das relações sociais.
Mas talvez valesse a pena que, quer o governo, quer a oposição, quer os jornalistas, explicassem, com factos concretos, o que querem dizer com certas afirmações como aquela que tomo como epígrafe: “militantes assumindo o papel de agentes infiltrados”? Ponham lá, se faz favor, os “nomes aos bois” para ver se nos entendemos!
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domingo, julho 8
FERNÃO PERES CATIVO
“Não menos paradoxal do que a franca colaboração prestada pelos fidalgos de origem galega durante os primeiros anos do governo de Afonso Henriques (…) é o facto de um dos seus principais auxiliares, Fernão Peres Cativo, ser, talvez, um parente muito próximo de Fernão Peres de Trava. Como vimos, desempenhou as funções de alferes- mor entre 1129 ou 1130 e 1136, e de mordomo-mor entre 1146 e 1155. Foi, portanto, um dos principais auxiliares do nosso primeiro rei durante mais de um quarto de século desde que assumiu o poder.
(…)
Ora, segundo afirma o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro, Fernão Cativo era filho do Conde de Sobrado.(…) Se Fernão Peres Cativo era filho do conde de Sobrado, era também irmão de Fernão Peres de Trava. Se este surpreendente parentesco é verídico, teríamos, assim, que um dos principais auxiliares de Afonso Henriques membro da sua corte desde Dezembro de 1128 teria sido o próprio irmão do seu principal inimigo, Fernão Peres de Trava. A hipótese de identificação não parece ter ocorrido a nenhum investigador, ou, se ocorreu, deve ter parecido tão inverosímil que ninguém se atreveu a exprimi-la ou sequer discuti-la.
(…)
…Afonso Henriques contou, afinal, com uma grande quantidade de adeptos galegos, além das famílias de Entre Douro e Minho, ao passo que o senhor de Trava não foi apoiado por nenhum dos seus primos vindos para Portugal nem pelo seu próprio meio-irmão.
(…)
Seja com for, Afonso Henriques sabia escolher bem os seus colaboradores. Fernão Mendes Cativo foi, sem dúvida alguma, um fiel vassalo.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”5. As relações com a Galiza e o reino de Leão”, pgs. 72/74 (19).
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Ora, segundo afirma o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro, Fernão Cativo era filho do Conde de Sobrado.(…) Se Fernão Peres Cativo era filho do conde de Sobrado, era também irmão de Fernão Peres de Trava. Se este surpreendente parentesco é verídico, teríamos, assim, que um dos principais auxiliares de Afonso Henriques membro da sua corte desde Dezembro de 1128 teria sido o próprio irmão do seu principal inimigo, Fernão Peres de Trava. A hipótese de identificação não parece ter ocorrido a nenhum investigador, ou, se ocorreu, deve ter parecido tão inverosímil que ninguém se atreveu a exprimi-la ou sequer discuti-la.
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…Afonso Henriques contou, afinal, com uma grande quantidade de adeptos galegos, além das famílias de Entre Douro e Minho, ao passo que o senhor de Trava não foi apoiado por nenhum dos seus primos vindos para Portugal nem pelo seu próprio meio-irmão.
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Seja com for, Afonso Henriques sabia escolher bem os seus colaboradores. Fernão Mendes Cativo foi, sem dúvida alguma, um fiel vassalo.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”5. As relações com a Galiza e o reino de Leão”, pgs. 72/74 (19).
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sábado, julho 7
JANIS JOPLIN
Janis Joplin
Janis Joplin lembrada no Legendas & Etcaetera na verdade uma legenda, uma voz original, estranha e divinal, que me estimulava, em fundo, na maratona dos estudos. Mais do que uma voz, um símbolo da revolta contra os “bons costumes” e de busca desenfreada dos caminhos da liberdade.
Janis Joplin - Summertime (Live Gröna Lund 1969)
Janis Joplin lembrada no Legendas & Etcaetera na verdade uma legenda, uma voz original, estranha e divinal, que me estimulava, em fundo, na maratona dos estudos. Mais do que uma voz, um símbolo da revolta contra os “bons costumes” e de busca desenfreada dos caminhos da liberdade.
Janis Joplin - Summertime (Live Gröna Lund 1969)
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"AS LIBERDADES EM PERIGO"
Fotografia de Hélder Gonçalves
"De repente, acordámos e o país é outro. O clima de medo e delação está instalado. Na função pública principalmente, mas não só."
São José Almeida, PÚBLICO, 07-07-2007
"Vive-se hoje, com a conivência do primeiro-ministro, um clima de asfixia e intolerância democrática"
"De repente, acordámos e o país é outro. O clima de medo e delação está instalado. Na função pública principalmente, mas não só."
São José Almeida, PÚBLICO, 07-07-2007
"Vive-se hoje, com a conivência do primeiro-ministro, um clima de asfixia e intolerância democrática"
Zita Seabra, Expresso online
Duas frases apanhadas, em destaques, na imprensa “on line” para mostrar como, subitamente, emergiu na nossa vida pública a preocupação com as liberdades. Em debates, declarações, depoimentos, artigos e posts surgem frases conhecidas da boca dos mais estrénuos defensores das liberdades.
O PSD, para não falar do PP, aparentemente, uma espécie em vias de extinção, à falta de ideias alternativas à governação de Sócrates lança mão de uma “bomba atómica”, para uso doméstico, reclamando as liberdades que são uma componente estruturante do património programático e histórico do PS, e também do PSD.
Mas esta campanha, em prol das liberdades, não é mais do que uma comédia de terceira categoria. O PSD passou, sem peso nem medida, da referência aos “tiques autoritários” do primeiro-ministro à mais grave acusação que se pode encontrar no glossário da terminologia empregue na luta política: as liberdades estão em perigo!
O PSD, como qualquer outro partido, caso estivessem em causa as liberdades, o que deveria fazer? Apresentar uma moção de censura ao governo no sítio próprio, a Assembleia da República? Avançar com um pedido de intervenção do PR tendo em vista o pronunciamento do Tribunal Constitucional? Conclamar o povo à rua para que desse o corpo na defesa do bem mais precioso pelo qual se bateu no 25 de Abril? Estão à espera do quê?
Acho que o problema, como diria a saudosa Zita, ao contrário do que disse acerca dos comunistas, não são as ideias mas os processos. Deixo um conselho ao PSD: ousem inovar, ponham a Zita a mandar, ela muda os processos, pois de ideias já mudou, e logo terão a liberdade de volta!
Entretanto, no dia 15 de Julho, vamos ter oportunidade de assistir a um teste ao vivo para saber qual o sentimento da opinião pública – Lisboa é uma amostra significativa e dizem que o candidato do PS era a segunda mais importante figura do governo – acerca dos níveis de medo, asfixia e intolerância democrática (?) em Portugal.
Não se esqueçam de votar nas eleições, às quais até concorre um partido de extrema-direita, diria, fascista. Os amantes das liberdades são uns “mãos rotas” insistindo em jogar o seu jogo, apesar do governo que temos, segundo o PSD, todos os dias, por todos os meios, contra elas atentar!
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sexta-feira, julho 6
PORTUGAL NA PRESIDÊNCIA
Fotografia de Hélder Gonçalves
Já está disponível no “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo, com o título em epígrafe, de que reproduzo a entrada.
Portugal chegou tarde à Europa das nações bastando, para ilustrar esse afastamento, lembrar que entre as esperanças de democratização que afloraram no imediato pós guerra, na primavera/verão de 1945, e a revolução de 25 de Abril de 1974, mediaram 29 anos e que, após o 25 de Abril, decorreram mais onze anos até à concretização da adesão de Portugal à CEE.
Entre o fim da 2ª guerra mundial, período decisivo para a reconstrução democrática e económica da Europa, e a adesão de Portugal à CEE, mediaram, nada mais, nada menos, de 40 anos que podem ser levados, salvo algumas tímidas experiências de abertura, ao deve e haver do nosso atraso estrutural.
Chegados onde chegamos não há outra porta de saída para o nosso destino colectivo senão a Europa. Voltámos às origens.
Já está disponível no “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo, com o título em epígrafe, de que reproduzo a entrada.
Portugal chegou tarde à Europa das nações bastando, para ilustrar esse afastamento, lembrar que entre as esperanças de democratização que afloraram no imediato pós guerra, na primavera/verão de 1945, e a revolução de 25 de Abril de 1974, mediaram 29 anos e que, após o 25 de Abril, decorreram mais onze anos até à concretização da adesão de Portugal à CEE.
Entre o fim da 2ª guerra mundial, período decisivo para a reconstrução democrática e económica da Europa, e a adesão de Portugal à CEE, mediaram, nada mais, nada menos, de 40 anos que podem ser levados, salvo algumas tímidas experiências de abertura, ao deve e haver do nosso atraso estrutural.
Chegados onde chegamos não há outra porta de saída para o nosso destino colectivo senão a Europa. Voltámos às origens.
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FIM DE SEMANA ALUCINANTE
O António Pais, o fotógrafo amador que registou para a posteridade o Jantar de Extinção do MES, porque estava lá, e é minucioso a preservar as memórias, foi o primeiro a responder à corrente das leituras e o último a que faço referência. A razão é simples: ele inicia a lista dos seus cinco livros preferidos com “O Estrangeiro”, de Albert Camus, exactamente aquele que é o marco maior na história das minhas próprias leituras.
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quinta-feira, julho 5
As relações com a Galiza e o reino de Leão
“As concessões de D. Teresa e de Afonso Henriques aos Templários e às instituições que protegiam os peregrinos da Terra Santa colocam o Condado Portucalense na órbita do grande movimento que projecta a Cristandade em direcção a Jerusalém, o que, só por si, desmente o carácter periférico que quase sempre se atribui à história portuguesa. Nos anos seguintes, esta característica, por assim dizer “europeia”, acentuar-se-á ainda mais devido à repetida conjugação da conquista do território com as expedições de cruzados que se lhe seguiram, até ao princípio do século XIII. ”
(…)
A vitória obtida em São Mamede excluiu Fernão Mendes de Trava das funções que desempenhava em Portugal, e retirou o poder a D. Teresa. O conde não tinha outra alternativa senão abandonar o condado.
(…)
Procurando na documentação da época os indícios dos acontecimentos verificamos, em primeiro lugar, que Fernão Peres se retirou, de facto, para a Galiza com a “rainha" D. Teresa, decerto já com as duas filhas que dela teve, Sancha e Teresa Fernandes, sem dúvida ainda pequenas.”
(…)
D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130 e sucedem-se um conjunto de acontecimentos que comprovam a renúncia de Peres de Trava ao Condado Portucalense o que leva José Mattoso a concluir:
“A reconciliação do senhor de Trava com Afonso Henriques foi, portanto, anterior à morte da “rainha”. Estes factos contrariam as especulações de sentido quase freudiano que por vezes se atribuem ao comportamento do nosso primeiro rei para com sua mãe, obviamente fantasistas, embora inspiradas nas fontes narrativas de carácter popular que exploram o conflito entre eles e o interpretam como origem de uma severa maldição.” [sublinhado de minha autoria].
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”5. As relações com a Galiza e o reino de Leão”, pgs. 67/68 (18).
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A vitória obtida em São Mamede excluiu Fernão Mendes de Trava das funções que desempenhava em Portugal, e retirou o poder a D. Teresa. O conde não tinha outra alternativa senão abandonar o condado.
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Procurando na documentação da época os indícios dos acontecimentos verificamos, em primeiro lugar, que Fernão Peres se retirou, de facto, para a Galiza com a “rainha" D. Teresa, decerto já com as duas filhas que dela teve, Sancha e Teresa Fernandes, sem dúvida ainda pequenas.”
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D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130 e sucedem-se um conjunto de acontecimentos que comprovam a renúncia de Peres de Trava ao Condado Portucalense o que leva José Mattoso a concluir:
“A reconciliação do senhor de Trava com Afonso Henriques foi, portanto, anterior à morte da “rainha”. Estes factos contrariam as especulações de sentido quase freudiano que por vezes se atribuem ao comportamento do nosso primeiro rei para com sua mãe, obviamente fantasistas, embora inspiradas nas fontes narrativas de carácter popular que exploram o conflito entre eles e o interpretam como origem de uma severa maldição.” [sublinhado de minha autoria].
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”5. As relações com a Galiza e o reino de Leão”, pgs. 67/68 (18).
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O BLOG QUE NINGUÉM LÊ
As leituras de O BLOG QUE NINGUÉM LÊ, nesta corrente, nas quais se inclui uma das minhas preferidas [Constantin Cavafy].
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