A a Z

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Para 2007

NATAL DE 2006

O homem que ainda ouve um eco do
mundo, que não se limita a olhar para
si próprio, que respira o estrume das
civilizações e o perfume da vida,
não tem tempo para este silêncio. A
sua voz nasce do mais fundo da ira
que aflige os que não sabem de onde
vêm; a sua dor cresce como a planta
que corrompe a alma dos que se
perderam, e não se lembram já para
onde vão. O homem de pé tem
a idade que lhe quiserem dar; os
seus braços erguidos são os de todos
os que os deixaram cair; os seus
olhos vêem o que já não sabemos
ver. Mas este homem precisa da nossa
voz, para que o silêncio não o
afaste de nós. Este homem continua
a hesitar, quando os gritos lhe chegam
de cada lado do horizonte. Este homem
tem no rosto o espanto do que lhe fizemos;
e continua a andar, como se ainda houvesse
um rumo para os seus passos.

25-12-2006

sexta-feira, dezembro 22, 2006

2006

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Melancolia


«Sempre», dizes, como se o tempo
fosse para além do que somos,
e o que somos não se perdesse em cada
canto em que nos perdemos.

domingo, dezembro 03, 2006

Instante


O que um rosto desenha:

a vida que está entre
santo e senha;

o nó que os cabelos atam
quando se desatam;

um tremer de lábios que
surpreende os mais sábios;

um fulgor de olhos
em que a luz se suspende;

a voz que se ouve
quando o amor se rende.