Após
iniciativa conjunta com o blog Cabelo do Aimar, conseguimos chegar à fala
com o mítico capitão do Benfica, António Veloso. Uma curta entrevista onde o
antigo lateral foi de poucas palavras mas bastante directo, como um homem do
futebol deve ser.
Cabelo do Aimar/Mão de
Vata: A última final europeia do SLB foi alcançada
com um golo com a mão do Vata. acha que a próxima poderá ser com um golo com o
cabelo do Aimar?
António Veloso: O que eu duvido é que alguma vez haja outra final europeia.
CdA/MdV: Nessa meia-final, após
o golo do Vata, o Veloso foi obrigado a fazer uma falta para evitar um
contra-ataque francês que lhe valeu um amarelo e o retirou da final de Viena.
Sente que o seu sacrifício valeu o mesmo que o golo do angolano e que, como
tal, o que deveria ter passado à história era o "amarelo do Veloso"
em vez da "mão do Vata"?
AV: Sem dúvida que valeu a pena.
CdA/MdV: Ser capitão do Benfica é um desafio sem tamanho calculável.
Existe algum planeta no universo que possa definir o tamanho do desafio que foi
ser capitão do SLB durante a estadia de Yuran, Mostovoi e Kulkov?
AV: Ser capitão durante todos aqueles ano, claro que foi
fantástico. E ao serviço do Benfica então, não é para qualquer um.
CdA/MdV: O Veloso conquistou ao serviço do Glorioso 7 titulos nacionais
e esteve em 3 finais Europeias. Sem rodeios, trocava estes 7 titulos pela
oportunidade de ter levantado um caneco europeu, sabendo de antemão que já lá
vão 50 anos desde que vencemos a última final?
AV: De maneira nenhuma. E ainda faltam 6 Taças de Portugal e mais
alguns títulos. Não trocava.
CdA/MdV: Luís Filipe Vieira disse que nenhum treinador ganhou tanto
como Jesus desde 1980. O Veloso jogou no clube entre 80 e 95. Concorda com as
palavras do presidente.
AV: Não é verdade. Em três anos como treinador, ganhou apenas um
campeonato, como tal, pura mentira.
CdA/MdV: O FC Porto é acusado de ser beneficiado com penaltis e golos
em fora de jogo que passam em claro. Dentro desta dinâmica acha que o facto de
um dos grandes símbolos portistas dos anos 80 se chamar "Bandeirinha"
foi apenas coincidência? Já agora, explique-nos os acontecimentos que levaram à
sua substituição da convocatória para o México 86 por este jogador do clube
rival.
AV: Só os responsáveis da Federação é que podem dizer a verdade
dessa situação, pois eu já provei à muito a minha inocência nesse caso.
CdA/MdV: Quando olha para trás e tenta ver qual o pior momento da sua
carreira, do que se lembra? A imagem de Van Breukelen a agarrar o penalti na
Alemanha ou ver o seu filho Miguel com a camisola do Sporting?
AV: A
não ida ao México 86.
CdA/MdV: No ultimo jogo da sua carreira, na Luz contra o Braga, em
94/95, com a equipa do Augusto Duarte a vencer por 0-1, há um penalti a favor
do SLB no último minuto. A luz em peso pediu Veloso para a cobrança mas o
individuo que envergava a braçadeira de treinador na altura enviou Edilson.
Sentiu que a recusa dele em lhe possibilitar a despedida em beleza fazia parte
de um "plano maior" de humilhação da mística do SLB ou foi apenas mais
um momento de parvoíce dele?
AV: Não, de maneira nenhuma. Os jogadores têm que ter respeito
pelo Treinador. As suas ordens dentro de campo são para cumprir.
CdA/MdV: Foi director desportivo do Alverca em 95. Qual o balanço que
faz dessa passagem? Luís Filipe Vieira já estava ligado ao clube?
AV: Foi bom. Uma nova experiência. O resto... era como se não
existisse.
CdA/MdV: Já todos conhecemos o seu filho Miguel. Fale-nos do
Luís.
AV: Muito bom jogador e muito bom filho.
CdA/MdV: Se treinasse o actual Benfica, qual era a táctica em que
apostava e em que jogadores?
AV A táctica seria ganhar. O Sistema, dependia muito dos jogadores.
CdA/MdV: Quer deixar uma mensagem final aos nossos leitores sobre o
Benfica e sobre o Futebol? Qual?
AV: Que continuem a apoiar o Benfica, pois é grande pela sua cor e
essencialmente pelos títulos, que andam afastados ultimamente.