Eu, Bruno e o Uruguai
Sabe quando tudo que você sonhava de repente está perto de virar realidade, mas você passou tanto tempo não acreditando, que coloca um monte de pedra no caminho só para poder dizer que tinha razão em não acreditar?
Sabe quando a felicidade bate à sua porta e você, por ter propagandeado tanto que ela não apareceria novamente, agora fica constrangido de admitir que ela existe, então você fica boicotando tudo?
Sabe quando a melhor pessoa do mundo aparece dizendo que quer ficar do seu lado para sempre e você não acredita, porque achava que isso só acontecia em novela?
Eu já tinha ouvido falar sobre isso. Que quando a gente almeja muito alguma coisa na vida, tende a fugir quando esta coisa realmente acontece. Porque é ver o sentido que a existência antes tinha se perder: a de perseguir este ideal. Louca demais a mente humana.
Só sei que colocar pedras no caminho da felicidade não me parece algo sensato. Mas o que fazer com aquela sensação de querer fugir diante de uma coisa muito boa? Já aconteceu isso com vocês?
Patrícia, A Solteira
Essa semana é porreta para mim. Junta meu inferno astral com meu período pré-menstrual, carinhosamente apelidado como a fase TPM. Poderia ser um inferno menstrual. Mas eu não quero não. Decidi que vai ser diferente. Vou fazer meus ajustes, me recolher um pouco, comer menos porcaria e simplesmente aproveitar o que a vida me trouxer. Comecei a trabalhar esse climão bão já nesse fim de semana, com mais uma maratona de meditação sábado e domingo. Durante a semana, me dou de presente duas massagens e minhas aulinhas de yoga. Se minha lombar falida e judiada deixar, vou também ao aikido. E, na sexta, faço a minha última sessão de um looongo e delicioso tratamento/coaching com a Melissa, que tem me ajudado a trilhar um novo caminho.
Está
certo que as grandes histórias normalmente são escritas nos
momentos de extremo desespero ou incontrolável felicidade. Mas
confesso que às vezes é até saudável perder a inspiração para
escrever histórias incríveis justamente por estar com o coração mais
manso. Ai ai... fazia um tempão que não passava por um período
assim de calmaria.
Quem tem mais de 30 já percebeu: nossos pais estão morrendo. Não o meu ou o seu especificamente. Os pais da nossa geração. Em dezembro, fui ao velório do pai de um amigo. Eu não o conheci, mas é sempre triste e tocante ir a um velório segurar a mão de um amigo. Você fica imaginando como foi aquela relação, como era a vida daquela pessoa que partiu. Hoje, vou abraçar uma amiga muito querida, mas de quem me afastei faz uns anos. É minha xará, minha primeira amiga no jornalismo. O pai dela faleceu ontem. Só o conheci de vista. Sei que essas últimas semanas foram um sofrimento para ela e para a família. Não há nada mais difícil de lidar do que com a morte. Nada. Separação chega perto. E é sempre um pouco constrangedor ir a um velório de alguém que você sequer conheceu, mas que é parente de alguém que você adora. A gente não sabe o que dizer. Eu só faço abraçar.
Em setembro, meu pai teve um troço e foi parar no hospital. Lá, eu e minha irmã mais nova ouvimos do médico que ele teria poucos meses de vida normal. Que em seis meses ele estaria usando balão de oxigênio e que, dali em diante, as coisas piorariam. Já se passaram oito meses e, apesar de evidentemente mais cansado e mais envelhecido, meu pai continua tocando a vida normalmente. De forma até mais estressante do que deveria. Cada vez que o pai ou mãe de um amigo morre eu penso que esse dia impreterivelmente vai chegar - a não ser que por obra do destino eu me vá antes. Pensar na finitude daqueles que me deram a vida dói, assusta e angustia. Mas me faz querer ter momentos de pura paz e felicidade quando estou com eles.
Débora - A Divorciada