Assim te conheci

Nossa leitora Tatiana nos escreveu, há algum tempo, sugerindo um post que contasse como as pessoas conhecem seus pares. O objetivo dela era mostrar para as amigas que, em matéria de amor, tudo acontece. Principalmente o inesperado. E que, exatamente por isso, ninguém precisava sair por aí feito metralhadora giratória à procura do próximo alvo. A vida se encaminha de mostrar os caminhos para a gente. A própria Tati, aliás, é uma prova disso. Apaixonada há 16 anos, ela conheceu o marido em seu percurso diário para a escola. Ficaram oito meses numa paquera distante, até que os amigos resolveram dar uma força. Não é uma história muito boa?

Pois deixem-me contar outras. A escritora Adriana Falcão e o roteirista e dramaturgo João Falcão, por exemplo, se conheceram na fila da matrícula do curso de Arquitetura. A atriz Glória Pires e seu marido, o cantor Orlando Morais, já haviam sido “apresentados” um ao outro por fotos mostradas por amigos em comum, mas se cruzaram pela primeira vez ao atravessar uma rua, no Rio de Janeiro. Ele, óbvio, já a conhecia. E ela o reconheceu das fotografias. Riram da situação, se cumprimentaram e estão juntos há quase 20 anos. Minha amiga-irmã Mariana, pernambucana do Recife, conheceu Gustavo quando ele a atendeu na livraria em que trabalha, em Buenos Aires. A primeira filha deles, Ana Beatriz, nasce nos próximos dias. E será argentina, onde moram hoje seu pai e sua mãe.

Há até quem conheça alguém que já conhecia, como aconteceu comigo. Convivia com o meu namorado há mais de dois anos quando, numa festa, quando eu já estava divorciada e ele se encontrava igualmente livre, veio o clique. E a sintonia, e a química..... E tudo de bom que ambos merecemos.

Por tudo isso, só posso concordar com a Tati: o negócio é deixar rolar. Sem ansiedade e sem medo de ser feliz. Deixar que o improvável faça o seu gol no coração da gente. E partir para o abraço quando acontecer.

Much love,

Isabela – A Divorciada

PS: Conta como conheceu seu par para a gente? Nos comentários ou no e-mail: 3xtrinta@gmail.com. Beijos, Tati!!!!!

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De alma lavada e na medida

Não curto muito esse lance de emprestar roupa, embora já tenha feito isso em casos de amizade extrema. O mesmo vale quando a mão é invertida e sou eu quem está em apuros. Quando a situação não se encaixa nesta prerrogativa, é saia justa na certa. Aliás, mais ainda quando as suas dimensões territoriais são postas em xeque.

Dias desses, havia uma coleguinha gringa em treinamento lá onde trabalho. A mocinha era, com o perdão da palavra, um "tanquinho". A fofolete vinha de um país completamente tomando pela linha do Equador, o que a fazia perder qualquer referência a respeito de hemisfério norte, sul, translação do planeta Terra e estações do ano. Ou seja: a fofa baixou aqui em São Paulo, juntamente com um grupo de gringas, e virou um picolé hispanohablante neste inverno nada tropical, sem nada na mala para enfrentar o frio.

E o que a solteira tem a ver com isso? Pois que pipoca na minha caixa postal um mail escrito por uma das colegas da musa de Botero querendo saber se poderia emprestar (EU) um casaco para a colega (TANQUINHO), que estava passando muito frio, pois não trouxe nenhum abrigo na mala.

*******
Peraí, mas a garota é um tanquinho!?!? Porque Diabos o meu casaco vai entrar nela?!?! Dois: para piorar, foi uma conclusão do grupo, já que o e-mail foi escrito por uma delas, e não pela própria. Até onde sei, o espelho lá de casa não é de parque de diversões e não distorce a imagem. Caso contrário, seriam 10 centímetros a menos de altura, redistribuídos nas laterais do shape da solteira.

Com a cabeça fumegando de tantas perguntas, tomei a única atitude cabível naquele momento:

Ignorei a mensagem... ....
*******
E não adiantou nada. Um pouco antes de ir embora, a fofinha brota do meu lado e com aquele sotaque hola qué tal? "pregunta" se eu tinha visto a mensagem. Disfarçando a fumaça que saía da minha cabeça, pergunto blasé "quê mensagem?"

Ah, ela queria saber se podia emprestar um casaco meu, afinal, as outras eram más flaquitas, magrinhas no idioma de Cervantes... Estava prestes a colocar a moça dentro de um canhão e acender o pavio, mandando-a de volta para a linha do Equador, quando ela vê o meu casaco em cima da bolsa, passa a mão e começa a vestir. A gordinha mais rápida que já vi na vida. Um duende alucinado que poderia transformar a minha auto-estima em pó. Só isso.

Era tudo ou nada. E se o meu casaco de tricô entra naquele corpitcho rotundo e cabe como uma luva? E se não entra, ela insiste e deforma o casaco que ainda estou pagando? Em três segundos, saiu o veredicto: o casaco não fechou e sequer a fofa conseguia baixar os braços.

Ao ver aquela cena, um sorriso de canto de boca brotou no meu rosto. O casaco não tinha cabido, o-ca-sa-co-não-en-trou! Então, nem tudo estava perdido para a Solteira! Pela primeira vez, fiquei feliz com a desgraça alheia. Oh, me apretan los bracios, disse decepcionada.

Só me restou arrematar com agulha de "oro", já tirando dela o casaco que não era para a moça ter vestido jamais nesta, nem na outra vida:

Veja que este casaco, por ser de tricô, rola até uma certa elasticidade. Pois é, até tenho uma jaqueta jeans lá em casa, mas se este casaco aqui não entrou, a jaqueta jeans é que não vai servir MERRRMO....

Pano rápido! Aliás, muitos, muitos panos. Para ela, é claro.

Giovana - A Solteira

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Ney Matogrosso e o amor de verdade


Sou completamente fã do Ney Matogrosso. E por diversos motivos. Para mim, ele é um ótimo cantor e um homem inteiro, autêntico, de muita atitude. Tanto que é dele a melhor frase que li hoje, até o momento, nos jornais de domingo. Em entrevista à revista Serafina, que vem junto com a Folha de S. Paulo, ele declarou:

“O amor de verdade desarma as pessoas”.

Eu concordo. E recebo de peito aberto o desarmamento pelo qual venho passando há algum tempo. O amor de verdade desarma e liberta, Ney haveria de concordar comigo.

Bom domingo!

Isabela – A Divorciada

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A Divorciada é 10!!!

Na verdade, ela tirou 9,5 na defesa da tese de mestrado dela. Mas vamos combinar: 9,5 é 10! E ela é dez mesmo, anyway.

:-)

Belinha, parabéns pela nota, pelo sucesso na apresentação e por mais essa conquista!

Você é a mais acadêmica das 3x30!!

(A Gio é a mais executiva. E eu sou a mais vagabunda!!! haha)

beijos mil

Débora - A Descasada

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Namora, dona Fátima!


Dona Fátima é mãe de uma amiga minha. Viúva há oito anos, é uma mulher doce, bonita, discreta, mineira do interior. Não faz muito tempo, passou a ver e ser vista com outros olhos por um amigo de infância, João. Ficaram ainda mais próximos depois que ela deu força para ele numa situação difícil da vida, a perda de um filho, seguida do fim de um casamento. Unidos na dor, descobriram afinidades. E agora ele quer namorar. Até já fez o pedido oficial para ela. Fofo, muito fofo esse seu João.

Dona Fátima diz que está em dúvida, não teve ninguém desde que perdeu o marido, tem medo de se envolver de novo. Mas faz escova no cabelo quando sabe que vai encontrá-lo..... Ou seja, está balançada, mulher nenhuma faz escova no cabelo impunemente para encontrar um homem. Além disso, admite que gosta de muitas coisas nele, como a habilidade para a dança. Entre otras cositas más.

Namora, dona Fátima! Deixa esse novo amor chegar, crescer, mexer com a senhora. Ele já te pediu em namoro, é um homem bom, e ainda sabe dançar! Todo mundo merece. Se joga. Se ele for um mala, a senhora me conta tudo e a gente faz um post aqui sobre a completa falta de maturidade dos homens de meia-idade. Mas isso não vai acontecer, boto fé. Além do que, como a senhora sabe, a vida fica muito melhor quando vista sob as lentes do amor, não é mesmo?

Se você também quiser participar da campanha “Namora, dona Fátima!”, registre o seu voto nos comentários. Ela vai ler.

Beijos, dona Fátima. Estou torcendo pela senhora. Arrasa.

Isabela – A Divorciada

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Sobre homens e macacos


Sabe aquele lance lá dos tempos em que éramos macacos, quando a macaca procurava o macaco que lhe passava mais segurança? Podia ser um macacão grandão e peludo. Mas podia ser apenas um macaquinho muito seguro de si e que não deixava nenhum macacão chegar perto de sua bela símia e sua prole. O lance era: sentiu segurança? É ele! E os olhos da macaquinha brilhavam – e eu realmente acredito que os macacos já sabiam o que era amor.

Pois bem. Dentre muitas coisas na humanidade, essa aí é uma que não mudou muito. Mulher quer sentir firmeza. Quer ter certeza de que vai ter com quem contar, que tem alguém ao lado seguro o suficiente para lhe passar segurança. Mesmo a mais independente e guerreira das mulheres quer sentir que o apoio está ali. Fica até mais simples para dar o apoio em troca.
Do contrário, ouvir dois milhões de “eu te amo” não fará muita diferença. “Eu te amo” é uma delícia de se ouvir. Dependendo da hora então, hum, muda tudo. Mas “eu te amo” sem ação é palavra cheia de vazio.

Conto uma historinha fofa para ilustrar. Fui outro dia almoçar com um amigo muito querido que é pintor. De paredes mesmo, não de quadros. Ele é uma das pessoas mais puras e honradas que conheço. Ele está namorando à distância uma japonesinha. Do Japão mesmo, não da Liberdade. E mesmo com todas as dificuldades na comunicação – por causa da língua, do fuso e das falhas no Skype – eles estão se amando, se curtindo e fazendo planos.

Lá pelas tantas ela disse para ele que o pai dela está preocupado. O senhor japonesinho teme que ela venha para o Brasil e que ele não segure a onda. Que na primeira dificuldade de ela arranjar trabalho, ele dê um pé nela e a deixe ao Deus dará num país estranho. No que o meu amigo, muito honesto e de coração aberto, respondeu: você sabe que eu não tenho dinheiro, mas que sou muito trabalhador. Meu carro, você conheceu, ta caindo aos pedaços. Minha casa é longe. Mas lá você não terá que pagar aluguel. E eu não vou deixar você passar nenhuma dificuldade.

Eu interrompi nessa parte, peguei no braço dele, arregalei os olhos e disse:

- Você disse isso a ela mesmo? No duro? Do tipo: podemos passar um apertinho, mas eu seguro a onda?

E ele:
- Disse, claro. Quero ela comigo aqui.

Fiquei emocionada. Porque é isso mesmo. Tirando as “Maria” alguma coisa – gasolina, chuteira, etc – a grande maioria das mulheres tá nem aí para dinheiro. Só quer é sentir firmeza.
.
E pode passar o macaco que for dentro de uma Ferrari. A gente fica é com o macaco do fuquinha-bala. Cheio de amor, e proteção, para dar.
:-)
Débora - A Descasada

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Mandou bem, Deborah Secco


Taí uma prova de que a gente sempre pode aprender alguma coisa lendo. Em entrevista à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, no último domingo, sobre o fato de que vai interpretar a ex-garota de programa Bruna Surfistinha no cinema, a atriz Deborah Secco deu uma declaração que me chamou a atenção na hora:


“Tem uma frase no filme que traduz exatamente o meu não arrependimento: só sendo o que eu fui, hoje posso ser quem eu sou”.


Mandou bem, Deborah. Eu também acho que a gente fica melhor a partir da soma das experiências boas e ruins que já teve na vida.


Isabela – A Divorciada

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Brüno


Vocês já viram Brüno? O novo filme do comediante inglês Sacha Baron Cohen? Eu vi no sábado, amei e decidi escrever sobre ele aqui depois que o meu namorado disse ter achado interessante me ver rindo de algumas cenas que falam mais às mulheres. É verdade, Brüno é um filme que fala às mulheres em muitos momentos.


Em sua sátira ao mundo da moda a partir da saga do fashionista austríaco Brüno, Cohen ataca o culto ao corpo, a ditadura da magreza, o culto às celebridades, a busca desenfreada pela fama. Morri de rir quando, na única cena em que aparece comendo, se acabando entre tortas e doces numa lanchonete, ele se diz ao seu assistente que, como não come carboidratos desde os 4 anos de idade, está tentando cometer “carboicídio” por ter sido separado de seu filho, o bebê O.J. Não é demais? Quantas de nós, assim como ele, não se sentem cometendo “carboicídio” ao exagerar na dose, diante da neurose em permanecer magra? Eu mesma cometi ontem, como costumo fazer todos os finais de semana. Não dava para desperdiçar um domingo gostoso e frio como foi aqui em São Paulo, no conforto da minha casa, muito bem acompanhada, para economizar calorias.

Brüno está aí para nos mostrar o quão patéticas somos quando passamos dos limites. Diversão garantida ou o seu dinheiro de volta. Super recomendo.


Boa semana pra todo mundo e beijos,


Isabela – A Divorciada


PS: Na foto acima, Brüno e O.J, o bebê africano super fofo que ele adotou para praticar o tipo de caridade mais “cool” do momento: “Angelina tem um, Madonna tem um e agora Brüno também tem”. Hahahaha!!!!!





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Maria é velha

Estava eu escutando cantigas de roda com minha baby roommate Isabela quando ouvimos essa daqui:

"Siriri para cá, siriri para lá, a Maria é velha e quer se casar"

Fiquei imaginando que a tal Maria que inspirou a canção devia ter mais ou menos uns 22 anos quando a música foi feita.

Débora - A Descasada

"Siriri para cá, siriri para lá, a Débora é velha e não quer casar (ainda)"

;-)

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Sexo, sexo, sexo

É isso aí, vamos falar de sexo. Aliás, este post é um manifesto a favor dos prazeres do corpo. Cada vez mais ouço histórias, na minha opinião assombrosas, em relação à escassez dessa prática. Principalmente nos casamentos. É como se a condição de Divorciada me permitisse ter acesso às mazelas dos outros, às caixas-pretas das camas frias de muitos casais. Nunca tinha tido notícia, por exemplo, de pares que ficavam dois, três, seis, oito meses sem transar.


Vocês não acham uma violência deitar-se todas as noites ao lado de quem supostamente se ama sem ter contato físico? Sem beijos demorados, sem toques, sem orgasmos? Não deve ser muito esquisito? E eu estou falando de casais jovens, saudáveis, companheiros em muitas coisas fora da cama, até onde eu sei. Fico me perguntando por que está faltando tesão: estresse? Muitas obrigações a cumprir na família e no trabalho? Mas, peraí, não é justamente isso que ajuda a gente a se sentir melhor, a aguentar o tranco? Por que as pessoas não se permitem, não usufruem disso? Abrem mão?


Há muitos anos, nem sei quantos, li uma frase da escritora chilena Isabel Allende (maravilhosa, adoro, recomendo) numa entrevista, da qual nunca esqueci. Perguntada sobre o que ela mais gostava de fazer, ela respondeu: “Fazer amor com o meu marido”. Lembro que achei aquilo tão bonito, tão prova de que ela é uma mulher conhecedora dos prazeres da vida... Uma sábia essa Isabel Allende. De uma sabedoria que eu gostaria que todo mundo alcançasse. E colocasse em prática para ser mais feliz.


Bom final de semana, gente. E bom sexo para todo mundo!!!!!!


Isabela – A Divorciada


PS: Apesar de ter me referido aos casados no texto, estendo o meu manifesto a todos os solteiros, separados, divorciados, viúvos e enrolados leitores desse blog: façam mais sexo. E ajudem a fazer do mundo um lugar melhor, com menos gente chata enchendo a paciência da gente à toa. Beijos!!!!

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A tribo das mulheres esquartejadoras


Pessoal,


segue abaixo post de nova convidada. Silvia, minha amiga AAA (arquiteta, aikidoca e amigona). Bem-vinda ao nosso humilde espaço virtual. E volte sempre!


beijos


Débora - A Descasada


Atendendo a inúmeros pedidos de uma única blogueira (a Débora), coloco aqui meus pensamentos - rasos talvez - sobre tema complexo: a relação homem-mulher perfeita.

Já parto do ponto que perfeição não existe, então o exercício seria imaginar que poderíamos ter o melhor de cada um. Aí entra a espada. Corta-se a sensibilidade artística de um, a inteligência afiada de outro, o sexo animal de mais aquele e o corpo atlético doutro sujeito. Junta-se tudo e - shazam!- uma espécie de criatura surgiria...

Quem já não passou pela experiência de vivenciar tudo assim separado? Isto seria a “teoria da pizza”, onde cada pedaço com diferentes ingredientes deveria ser saboreado, pois é impossível ter tudo num só.

Exigências extremas e neuróticas à parte, depois de tentar reunir tudo num só e provar cada parte em separado, chego a uma parcial conclusão:

A criatura – Frankenstein - no fundo somos nós! O feitiço vira contra o feiticeiro e vamos nos dividindo em muitas partes para dar conta de cada um deles, o que decididamente nos enfraquece. No fundo, é preciso muito amor e respeito por nós mesmas para seguir em frente e ao lado dos nossos parceiros imperfeitos. E, definitivamente, abandonar a espada.

Silvia – A ex-esquartejadora

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A mulher obsessiva


Tenho pensado muito nas mulheres obsessivas. E, principalmente, em como elas sofrem nessa vida. Porque querem, ou porque são doentes, a questão é que elas sofrem, se torturam, se machucam. Alô leitoras psicólogas chiquérrimas do 3xtrinta, me ajudem a entender essas criaturas. E palpitem à vontade nos comentários, por favor.


Voltando ao assunto, vocês já viram Atração Fatal, com a Glenn Close e o Michael Douglas? O filme é de 1987, mas, a meu ver, ainda retrata muito bem o comportamento de uma mulher que não consegue enxergar mais nada além do homem que a despreza. Inconformada com a rejeição, a doida se dedica a perseguir seu objeto do desejo, o que faz, inclusive, a partir da investigação da vida dele e de sua família, principalmente de sua mulher. Eu pergunto: haverá golpe maior no coração do que espiar, pela janela, o tal homem acompanhado daquela que ele realmente ama, num momento feliz? Pois a personagem de Glenn Close faz tudo isso e muito mais. Provoca, apela, tenta chamar a atenção, não respeita a si mesma, em primeiro lugar.


Quantas mulheres a gente não conhece que, diante do fim de uma relação, se dedicam ao esporte de investigar a vida e do outro e, pior, da sua nova parceira? Gente, pé na bunda todo mundo leva, acontece, é normal. Há que superar, viver, entender que simplesmente pode ser de outro jeito, pode ser melhor, por que não? Terapia intensiva de fé na vida para as mulheres obsessivas. Que nós estamos aqui para defender a felicidade. E acreditamos que amar-se é preciso, acima de qualquer coisa.



Isabela – A Divorciada


PS: Na foto, Glenn Close, num banho de atuação em Atração Fatal.

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Mais vale um casado educado que um solteiro grosseiro

Ela estava em pleno processo de desintoxicação amorosa já que aquela história em nada daria - destino danado a fez se apaixonar por um casado. Depois de algumas semanas de chororô e vontade zero de olhar para qualquer outro homem, ela tinha decicido que era hora de dar uma sacudida naquele coração roto e naquele corpo quase atrofiado. Recuperou um e-mail antigo, de um amigo que podia ser lá algo mais, e timidamente fez um convite para uma festa. O fofo respondeu dizendo que não poderia, pois estava meio que namorando - uma menina lindíssima, por sinal, fez questão de frisar. Foi um balde de água fria, afinal, ela tinha ensaiado tanto aquela coragem toda. Respondeu fofa, dizendo que ele tinha mais era que namorar mesmo, ainda mais se ela era lindíssima. Aí veio uma nova resposta: "Mais que lindíssima, ela é gostosíssima!".

Bem, bem. Aí já era demais. Ou ela era "o melhor amigo dele", com quem ele precisava dividir a qualidade da última gostosa que estava pegando, ou ele estava querendo dar uma bela de uma esnobada.

Sentindo-se feíssima e gordíssima, ela colocou o vestido mais decotado do armário, um batom nos lábios - coisa rara - e um saltão. E foi pra festa. A companhia tava ótima, a música era uma delícia e tinha gatinho para tudo quanto era lado. Mas esse lance de sair xavecando macho em balada era coisa do passado. Deu uma preguiça danada. Aí é nessa hora que a mão coça. E manda mensagem para quem não deve. E quem não deve responde não uma, mas quatro mensagens. A senha "estou sozinho em SP" bastou. "Venha me resgatar da balada!!". E ele foi.

E eles se amaram loucamente. E ela se lembrou como era bom tudo aquilo. E como amava ele. Uma madrugada para lá de divertida e prazerosa. Ele se desmanchou todo e disse:

- Linda, gostosa! Te amo!

Ela ficou enlouquecida e pediu:

- Repete! Repete!

- Te amo!!

- Não, não, essa parte não, a primeira. O que eu sou mesmo?

- Linda e gostosa?

- Você pode dizer assim: "Lindíssima e gostosíssima"?

- Lindíssima e gostosíssima!!

- De novo, de novo, mais alto!!!

- LINDÍSSIMA E GOSTOSÍSSIMA!!

E assim ela ganhou a noite. Sabia que no dia seguinte ele voltaria para a casa dele e ela teria que recomeçar todo o processo de desintoxicação amorosa.

Mas, agora, lindíssima e gostosíssima como nunca.

Débora - A Descasada

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Leitura para o finde


À procura de um livro para ler no finde e esquecer do mundo um pouco? Aqui vai uma dica: A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows. O título inusitado chama a atenção para uma trama muito factível e encantadora ao mesmo tempo. Passada nas Ilhas Guernsey, no Canal da Mancha, depois da Segunda Guerra, a ação gira em torno da escritora Juliet Ashton que, sem querer, acaba tendo contato com um grupo de participantes do tal clube de leitura que dá nome à obra. E decide escrever a respeito do assunto.

Uma saga de quedas, voltas por cima, livros, amigos, crianças, homens e mulheres, inclusive aquelas que tomam a iniciativa.....Um pouco de muitas coisas que a gente adora. Detalhe charmoso: o livro é todo escrito através da troca de cartas entre os personagens. Um prato cheio também para quem adora correspondências, como eu.

Boa leitura. Bom finde.

Beijos,

Isabela - A Divorciada

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Cuide de você - A Exposição


Sim, sim, essa semana eu finalmente fui ver a exposição Cuide de você, da artista plástica francesa Sophie Calle, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Já falei dela aqui em outro post, mas relembro o babado antes de comentar a mostra. Sophie namorava o escritor francês Grégoire Bouillier, que um belo dia decidiu terminar a relação por e-mail. Após digerir o pé na bunda, ela teve a ideia de usar a falta de noção de seu ex para dar vida a um trabalho artístico e, assim, encaminhou aquele texto para 107 mulheres, que deveriam interpretá-lo como quisessem. Por que “Cuide de você”? Porque foi com essa frase que Grégoire encerrou sua última comunicação com Sophie.


A partir daí, surgem visões bem diferentes para aquela despedida fria, apresentadas em formato de texto, vídeo e foto. Uma escritora de cartas responde o e-mail de Grégoire, uma jogadora de xadrez traduz o fim da relação montando um jogo no tabuleiro, uma bailarina indiana expressa seu choque dançando, uma condessa faz uma análise da carta sob o ponto de vista da etiqueta e, claro, classifica o ex de Sophie como um homem deselegante. Meus trabalhos prediletos? Os vídeos da atiradora profissional acertando três balas na carta e o da mediadora de família que tenta promover uma “conversa” entre Sophie e a carta, colocada numa cadeira ao lado daquela em que está sentada a artista, representando o ex mala. É hilário.


Impossível não ver a exposição com aquela sensação de “bem feito, Grégoire”, de alma lavada por tão boa revanche. Cuide de você é sim uma vingança, mas uma vingança inteligente, divertida e bem resolvida. Uma maneira que Sophie arrumou para cuidar de si, como ela própria define no texto que abre a mostra. Como pediu Grégoire. E, para a nossa sorte, ela atendeu.


Isabela – A Divorciada


PS: A foto acima é a da delegada que comenta a carta do ex de Sophie. Cuide de você fica em cartaz no Sesc Pompéia, na capital paulista, até 7 de setembro. Depois, seguirá para o Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, com abertura prevista para o dia 22 do mesmo mês. Super recomendo.

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Perdeu o timing

Essa eu ouvi ontem de uma amiga. Um homem com 40 e poucos anos a procurou desesperado. Ela não sabia muito sobre ele. Só que uma grande amiga dela foi amante dele durante uns três anos. E mesmo sem nenhuma intimidade, o cara começa a desabafar:

- Estou desesperado! Descobri que a Fofinha (a amiga amante) é a mulher da minha vida! Me separei e fui atrás dela. Disse que descobri o quanto a amo, que quero casar com ela, ter filhos! Mas ela não quis nem saber... Disse que me ama também, mas que teve que seguir adiante. E que agora a vida mudou tanto que eu não me encaixo mais nela. O que eu faço? Estou tão aflito...

Minha amiga nem soube o que dizer. Tentou consolar, disse que talvez ela pense melhor e mude de ideia. Que ele fez o possível e que agora ele tem que esperar um pouco, deixar o tempo passar.

Mas o que minha amiga queria ter dito mesmo é que amor também é timing. Que se a gente não aproveita a onda na hora que ela vem, ela vai embora. Que ninguém em sã consciência e com amor próprio fica tanto tempo assim esperando por um amor (cá entre nós, três anos já é uma eternidade!). E que, infelizmente, ele foi meio lerdinho.

Nem tudo está perdido, meu caro. Agora você também precisa ter uma certa paciência, seja para desencantar e esquecer essa certeza de que ela é a mulher da sua vida. Seja para ela cair em si e ver que vocês nasceram mesmo um para o outro. Mas aí é preciso esperar de novo o momento dela. E se isso acontecer, vê se dessa vez não perde a onda.

Débora – A Descasada

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Novo blog

Tem blog novo na praça. Escrito por um jornalista amigo meu, o BlogCarro traz informações, segredos e novidades do mundo automobilístico. Dica boa para meninos e meninas que gostam do assunto, sem preconceito.

Isso para não falar que, além de muito gente boa, o blogueiro citado é um partidão. Amigas solteiras: se eu fosse vocês, ia lá e deixava comentários, hahaha!!!!

Beijos e boa leitura,


Isabela - A Divorciada


PS: Nossa leitora Norma Vida pede para a gente divulgar o blog dela, Relacionamentos nos dias de hoje. Registrada a dica aqui também. Beijos!

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"Olha, eu tenho certeza..."

"Olha, eu tenho certeza de que vai pintar alguém muito especial na sua vida. É só ter paciência, um dia vai acontecer. Tenho certeza."

Ouvi, ou melhor, li essa frase outro dia; num e-mail de contexto completamente diferente do que vocês podem imaginar. A frase simplesmente arrumou o seu lugar ali, jogada no meio daquela massa de texto, um desabafo mesmo e daqueles bem sinceros. Era de alguém próximo, mas que não tenho assim tanto contato. Numa dessas pegadinhas da vida, mais precisamente aquelas que doem igual shiatsu que vai na raiz do problema, o contato foi restabelecido e o tal desabafo chegou ao receptor. Eu.

Engraçado. Não tive curiosidade de perguntar o porquê daquela frase tão súbita na mensagem. Achei uma tremenda viagem aquelas palavras. Mulheres solteiras na fase dos trinta provocam sentimentos dúbios nas pessoas, só pode ser. Alguns sentem uma espécie de pena, como se ainda vivêssemos no século 19. Somos vistas como algo muito românticas, muito seletivas e que ainda pensam nas histórias do passado. "É karma, não tem jeito, tem que esperar mesmo. Só acontece quando tiver que ser".

Quando finalmente as solteiras balzacas estabelecem um relacionamento que engata, os comentários se transformam em palavras de alívio. Como se fosse constatada uma competência qualquer. "Finalmente casou e acabou de ter bebê. Já tava na hora, está com 32 anos", ouvi outro dia. Só que desta vez o alvo não era eu.

Outros pensam que a solteirice é apenas um artifício para a grande verdade: a de que jogamos em outro time, se é que me entendem. "Nunca vi com ninguém, será?" Mas esse tipo de comentário a gente ouve somente a respeito das outras. Mulher solteira, na faixa dos 30 anos e hétero é quase lenda urbana.

Fico pensando de quê adiantaram certas conquistas se, no fundo, algumas opiniões continuam ali, adormecidas e esperando a sua vez para virem à tona. Mulheres de 30 que ainda vivem com os pais é tolerável. Homens na mesma faixa etária e com o mesmo endereço é porque ainda são filhinhos de mamãe ou sabe mais Deus o quê.

O inverso também tem o seu julgamento. Homem viver sozinho e ser solteirão, pode. Já as meninas.... essas, enquanto seu príncipe não vem, devem ficar em compasso de espera, mas sempre cultivando a esperança de que-alguém-muito-especial-está-guardado-para-você. Bom, assim como eu, muitas devem estar sem a menor pressa, vivem num ritmo muito mais frenético do que o do compasso, e gostam de encontrar o que não se deve procurar. Olha, eu tenho certeza.

Giovana - A Solteira
PS: a imagem que ilustra este post é um autorretrato da cartunista argentina Maitena!

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Uma família fica retardada quando...


...nasce um bebê! Este é o retrato do nosso almoço de dia dos pais. Marina acha o máximo levantar os braços. E nós todos passamos a achar também. Ficamos metade do almoço fazendo a "ola". E a outra metade, engatinhando com ela. Mas dessa segunda parte não temos registro fotográfico. Ufa.


Débora - A Tia Solteirona

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Painho é tudo


Nunca refleti tanto a respeito da importância do pai na vida de uma mulher como quando me separei. Tenho a sorte de ser filha de um homem bom, generoso e honrado. Dono de um caráter daqueles que a gente não encontra em qualquer esquina. Um homem que, por ser tão correto, ficou passado passadíssimo com toda a falta de transparência e lealdade que permearam o meu divórcio. No mundo do meu pai, não é assim que as coisas funcionam. E macho que é macho age com dignidade do começo ao fim de uma história.


E é por ele que eu ainda acredito nos homens. E no fato de que a vida me reserva sim um companheiro digno de nota para tocar o barco. Por isso, sempre que tenho a oportunidade de conversar com algum pai de menina, faço campanha: fique do lado dela, seja um bom exemplo, ame a sua filha e lhe dê toda a atenção. É por você que ela vai ver os homens, não esqueça.


Eu não esqueço o pai que eu tenho. E agradeço cada traço que herdei dele: o nariz dos Barros (desculpa, mãe, o dos Pereira não é tudo isso, sabemos), o gosto pelos jornais (até hoje ele leva as minhas reportagens para mostrar no trabalho), a boa educação no trato com os outros, a serenidade que eu tenho em determinados momentos, principalmente nos mais difíceis.


Obrigada, painho. Acho você tudo. E te amo.

Feliz Dia dos Pais e um beijão,


Isabela - A Divorciada


PS: Na foto, painho e Baby Divorciada em seu aniversário de um ano


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Monstra!

Casado há 30 anos, ele tinha por hábito levar rosas vermelhas para a mulher todas as sextas-feiras. Até ouvir dela, ao receber um buquê fresquinho e lindão, o seguinte balde de água fria:

“Pra que você traz isso? Depois a casa fica aí fedendo....”

Detalhe: eles não estavam brigados, nada fora do normal havia acontecido. Nadinha. Ela estava num dia ruim, foi estúpida e não teve a dignidade de pedir desculpas. Há um ano, a chata não ganha um botão sequer. Bem feito.

Como algumas de nós conseguem ser tão monstras??????

Isabela – A Divorciada

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Locomotivas modernetes

Ser "muderrrno" dá um puta trabalho, não dá não? Primeiro, o guarda-roupa. Muitas etiquetas escondidas, mas não o suficiente para não serem devidamente vistas. É uma linha tênue que engana muita gente. Só que não a todos. Um ar pseudo-despreocupado sempre rola, porém não mascara o investimento pesado para ter (e manter) um visual up to date. Quantas parcelas no cartão de crédito estão por trás disso? Hummm, chutaria muitas.

Só que o negócio é não dar na vista. Pobreza e restrição estão fora do dicionário, circular é mandatório. Cara de blasé e contatos que rendem duas frases e um beijo no rosto fazem parte do jogo. É o raio do networking a qualquer custo. Em alguma coisa vai dar; é a fé dos criativos dos tempos em que jeans e blazer faziam aquela vista, gente! E dos criativos de hoje, que amam uma calça xadrez, um discurso coletivo, ostentam a tal cara blasé - mas adorariam mesmo é saber o que se passa no holerite daquele amigo desaparecido.

Não se deve perder um lançamento, a bebida é de graça. Esbarrar em algum contato antigo da agenda pode acontecer e, ah!, nada como curtir um pouquinho, né? Não pode é ficar sozinho, na sua, e depois não ter o que comentar entre as vírgulas de um papo vazio. A vida tem que estar sempre acontecendo, mesmo que seja na base de relações rasteiras e de sociais cheia de gente que nada tem a dizer e não fazem outra coisa senão circular e mensurar seu nível de felicidade a partir da alegria ou da desgraça dos outros.

A roupa de conceito desconstruído é tão original quanto à da vitrine da esquina. Virou o escudo dos soldadinhos que cansam a beleza, pensam "fora da caixa" e tropeçam ao sair das quatro linhas. Fugir deste exército soa algo bem sensato.

Giovana - A Solteira

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A moça e o guardanapo

Foram seis meses juntos. Namorando, não. Ficando. Porque ele jamais pronunciou a palavra namoro. E ela consentiu. Um amargor danado essa coisa de ficar junto sem estar junto. Afinal, aquele primeiro encontro, aquela primeira troca de olhares, tinha tudo para dar certo. Era ele “o cara”. Ela teve certeza. E mais certeza ainda quando poucas horas depois de se conhecerem, se beijaram. E mais ainda quando transaram. Era ele. Tava escrito.

Ele era o típico cara que ama a vida. O mundo, as estrelas, as formigas e até o guardanapo. Mas era incapaz de encarar aquela relação. Sumia, voltava, sumia, voltava. Até que um dia, num café, enquanto ele falava sobre suas teorias mirabolantes da vida, ela começou a se perguntar: o que estou fazendo aqui? Por que estou ouvindo esse cara? Interrompeu o moço e disse:

- Ai, chega. Não sei o que estou fazendo aqui.

- Como assim?

- Você ama tudo, é todo apaixonado pela vida. Mas a mim, ama tanto quanto esse guardanapo que está aí na mesa.

Ele, meio surpreso, soltou essa:

- Imagine, você é bem mais importante que o guardanapo!

“Definitivamente, o que estou fazendo aqui mesmo???”

E a moça virou as costas e foi viver a vida.

Débora – A ladra de histórias

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Morno, não

O desabafo abaixo foi ouvido por uma amiga, num restaurante em São Paulo, na hora do almoço:


"Veja você, cinco anos de casados....Cheguei em casa, tinha um jantar feito para a data e, logo depois, ela foi para o quarto colocar nosso filho para dormir. Eu até admito casamento quente ou frio, mas morno, não."


Concordo plenamente com o homem que disse isso.


Isabela - A Divorciada

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Pergunte ao vento

Parte I

Uma vez, num primeiro de janeiro, eu tinha brigado com o Charlie e estava muito triste. Discutíamos por causa de Reveillon - eu estava chateada porque sempre tinha que ser do jeito dele. E quando fizemos do meu jeito, uma única vez, ele ficou de mau humor. Quando vi que aquilo não teria fim, me sentei na areia, olhei pro mar e depois fechei os olhos. Ouvi o barulho do vento e cismei que ele me dizia algo. Botei na cabeça que era Deus falando comigo. E Ele dizia algo do tipo: “Fica tranqüila, tá tudo bem, é só briga boba. Você tem amor no peito e isso basta. O local e a data são o de menos”. E o vento, ou Deus, me serenou. Guardo essa imagem na lembrança porque foi mesmo muito especial.

Corta. Próxima cena.

Parte II

Faz umas duas ou três semanas. Estava num bar bebendo com um amigo quando começamos a falar sobre coisas que “queremos ver” quando precisamos ver algo. E pirações desse tipo como a que eu tive na praia, quando “Deus falou comigo”. Aí ele citou o poema do Pessoa, em sua versão Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos”, na qual o homem simples que guarda o rebanho diz que o vento não diz nada, é só vento. “As pessoas querem mentir para si próprias”, concluiu meu amigo. Venho pensando nisso desde então. Pode ser isso mesmo. Mas no fundo, no fundo, acredito que tudo depende de como recebemos o vento. Tem dia que vai ser só um sopro no corpo da gente. E tem dia que pode ser Deus mandando seus recados. Quem pode ter certeza? Só quem para para ouvir o vento.

Corta. Que venha a poesia.

Parte III

Para quem não conhece, o trecho citado do longo poema:

Olá, guardador de rebanhos,
Ai à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?

Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois,
E a ti o que te diz?

Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.

Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.

Débora – A Pessoa

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Adoro gringos

Um jornal paulista procura mulheres que adorem estrangeiros para uma reportagem sobre o assunto. A ponto de querer casar com um, sabe? Se encaixa no perfil? Quer dar entrevista? Manda um e-mail para a gente: 3xtrinta@gmail.com

Importante: as entrevistadas precisam morar em São Paulo, tanto faz se na capital ou no interior.

Beijos,

Isabela - A Divorciada

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Depois daquele torpedo

Eram 18h, quase final de expediente, quando o celular fez aquele barulho de que acabou de chegar mensagem. Ela nunca podia imaginar que reagiria daquele jeito, nervosa, meio tonta, tomada por uma dor de barriga instantânea. Era ele, seis meses depois de tudo, aparentemente retomando contato a partir de um torpedo banal, dizendo que se sentia cansado de tanto trabalhar.

Voltemos a fita: ela é uma amigona minha. Ele, um amor repentino e intenso, que surgiu no momento em que ela se sentia mais feliz ao lado do marido, vejam que coisa doida. Se conheceram do jeito mais inusitado: ele foi o advogado indicado para cuidar do divórcio da irmã dela, um processo complicado. Era um homem lindo e uma espécie de salvador da família numa situação delicada. Estamos falando do advogado perfeito, eficiente, atencioso e gentil. Foi fulminante. Logo, trocaram olhares e números de celulares, torpedos que entregavam o jogo mesmo que ambos tentassem evitar o óbvio. Depois de várias mensagens de aproximação mais sutis, ele deu o primeiro passo e escreveu que ela era especial. Tentaram marcar um encontro, nunca deu certo. Até que, ao se despedir da irmã após uma reunião no escritório, numa tarde dessas, ela decidiu ir à casa dele, a convite do próprio.

Foi sexo do bom e do melhor. Puro instinto e vontade. Não importava a falta de planejamento, a calcinha que não combinava com o sutiã, o fato de estar traindo o marido. Ela não podia evitar aquela situação. Não conseguiria se tentasse, tinha certeza. Daí por diante foram semanas de amor nos tempos do cólera, ideia fixa, muita expectativa. Acontece que, ao contrário do que se podia esperar, o advogado se retraiu, não deu mais notícias. E ela achou melhor deixar quieto, já que amava o marido, afinal. Tinha sido apenas um flerte, alguém que veio para despertar nela o sentido da paixão, da beleza, da vaidade. Que mulher não quer ser cortejada por um homem lindo? Sentir-se absolutamente desejada?

Tudo resolvido. Pelo menos era o que ela pensava até se ver diante do dilema: afinal, o que leva um homem a retomar contato assim, seis meses depois? Pura e simples demarcação de território? Vontade de ter de novo aquele ótimo sexo casual? Mas foi só uma mensagem, um oi praticamente. Ele não a convidou para sair, não foi além nas semanas seguintes, voltou a ficar mudo. Comunicação zero. As dúvidas continuam. Certeza, ela só tem uma: a de que nada mais será como antes depois daquele torpedo.

Isabela - A Divorciada

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A família Doriana e a família Delícia

Adoro ouvir a história dos outros. E dia de salão de beleza é dia de ouvir a história das outras. Manicures e depiladoras são insuperáveis. Uma tem uma história mais “de novela” que a outra. A de hoje é a da Lu. Enquanto mandava ver na cera quente, me contava sobre sua família, sua rotina puxada, sobre a vida no geral. Casada há quase 20 anos, mãe de três filhos, depiladora, manicure e o que mais puder agregar valor monetário à sua carteira, Lu é mais uma dessas mulheres guerreiras que a gente vê por aí – mas que são invisíveis para a grande maioria das pessoas.

Depois de muitas puxadas de cera daqui e dali, ela me conta que a filha mais velha, na verdade, não é filha dela, mas de um dos seus irmãos. Ele morreu quando a menina tinha seis anos. A mãe da menina surtou, sumiu e não deu mais notícias. Antes de sumir, ligou para a mãe da Lu, a avó da menina, e disse: “se vocês não quiserem, vou deixá-la num orfanato”. Nessa época, a Lu tava grávida de dois meses. E não teve dúvida: se ofereceu para ficar com a criança. Um dos irmãos disse: mas você já tá esperando um filho! É muita coisa para você. E ela soltou o clássico “onde come um, comem dois”.

Dois meses depois, ela perdeu o bebê. O tempo passou e ela engravidou de novo. E depois de dez anos, mais uma vez. “Fiquei até meio apavorada, achei que já tinha passado da fase, mas aí veio o meu menino”.

Curiosamente, tinha ouvido uma história parecida ontem. Mas um tanto mais “hardcore”. Em vez de abandonar uma criança, uma mãe surtou deixando OITO filhos para trás. O marido, aos quarenta e algo, ficou a ver navios com oito boquinhas para alimentar – sendo o filho mais novo de oito meses. Algum tempo depois, começou a namorar uma moça quase vinte anos mais nova. Apaixonada, ela praticamente adotou os oito. E vivem juntos até hoje. O mais novo tem vinte anos.

Essas duas histórias me fizeram pensar sobre o sonho da família perfeita que as pessoas, no geral, perseguem. O casal sem crises (onde? onde?), com dois filhos fofos e educadinhos, que adora fazer tudo em família aos finais de semana. A família da Lu tá longe de ser Doriana. E a do casal com os oito filhos, mais ainda. Não existe um único modelo de vida, de família. E não existe um único caminho para a felicidade. Afinal, como a própria Lu me disse:

“Essa é a minha trajetória, dona Débora. E quer saber? É uma delícia!”

E viva a variedade de margarinas!

Débora – A manteiga derretida

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