Momento de fraqueza
Esse é um desabafo no meio da madrugada. São 3h33 da matina e não consigo dormir. Olho para os lados e sinto um vazio que não tem tamanho. Começo a arrolar todas as pendências profissionais e fico tensa. Hoje me dei conta de que, no meio da confusão toda da separação, aceitei um trabalho insano e mal pago. Não que eu tivesse muita opção - como frila, tenho que pegar o que aparece. E como o tema era “fofinho”, nem parecia dos piores.
Mas aí me dou conta de que ele não exige só tempo e dedicação. Exige também uma série de apetrechos tecnológicos e programas de computador que eu não tenho. Aliás, meu computador está meio debilitado (digito, nesse exato instante, no computador de minha anfitriã). Não é nada complexo, difícil de resolver, eu sei disso. Só que quando se trabalha numa redação ou empresa grande, é só apelar para o boy, a secretária ou o help desk. Na minha vida de frila, eu tinha uma pessoa que resolvia todas essas coisinhas para mim: Charlie!
E de repente olho para o lado e não tenho mais para quem pedir essas coisas bobas do cotidiano. E de repente olho para o lado e vejo que nem tem mais ninguém do meu lado. Me vejo numa cama de solteiro dormindo abraçada ao meu bichinho de pelúcia. Me sinto uma boboca. Tenho 30 anos e não tenho nada. Só um estúpido bichinho de pelúcia do qual eu não consigo me libertar. Tinha tudo e de repente não tenho nada. Um amigo escreveu certa vez que “não deixa de ser libertadora essa noção de que não ter nada é ter tudo”. Nesse momento de chororô na madrugada, essa frase consola.
Só que me sinto impotente por não conseguir lidar com essas coisas simples da vida. Sempre brinco que como boa geminiana que sou, sei tomar decisões grandes (casar, viajar, trocar de emprego, torrar meu FGTS na Espanha, etc). Mas as decisões miúdas me são penosas (que roupa vestir, onde comer, arrumo meu computador onde?) . E nessas horas dói ser sozinha.
Sempre que passo um fim de semana gostoso, cercada de gente bacana e querida, volto revigorada achando que segunda-feira é o dia da revolução! Que vou emagrecer cinco quilos, entregar as matérias atrasadas, escrever um post inspirador no blog e poupar dinheiro suficiente para comprar um carro! Como se fosse possível erguer um castelo num só dia. E aí chegam as buchas. E eu vou ficando atabalhoada. E percebo que não vou conseguir fazer revolução nenhuma. E a segunda vai embora bem diferente daquela planejada.
E mesmo sabendo que tudo passa e que a vida é como as segundas-feiras – sempre diferente do planejado – fica aquele glup na garganta, aquela lágrima no olho e a pergunta: por que tem momentos em que tudo parece tão complicado?
Débora – A chorona