Hoje temos o nosso primeiro convidado especial. Sim, finalmente um homem decidiu contar suas histórias para a gente. É o nosso leitor gente boa Benjamin Franklin, a quem agradecemos muito o texto. E por quem torcemos na busca por uma mulher, digamos assim, equilibrada. Vocês vão entender. Divirtam-se com ele. Benjamin, seja bem-vindo.
Beijos,
Isabela – A Divorciada
Eu comecei a minha vida amorosa aos nove anos. Foi uma paixão por uma colega da 4ª série e, como eu sempre fui o mais “pra frente” da turma, resolvi dar um beijo na boca em pleno aniversário dela, deixando os pais e familiares presentes estarrecidos com aquela ousadia. Não era o meu primeiro beijo. Na verdade, quando eu tinha 7 anos uma prima minha de 14 foi à casa da minha avó (onde eu passava férias), me trancou no quarto com ela e me aplicou uma sessão de 45 minutos de beijo. Foram beijos na boca de todos os tipos e posições possíveis. Nunca tocamos no assunto (restam até hoje apenas aqueles olhares cúmplices e pensamentos como “eu sei o que você fez no verão passado”, inclusive no casamento dela há poucos anos atrás), mas nunca pensei que ela tivesse atração por mim. Com certeza ela queria uma cobaia de confiança para não fazer feio com os garotos de 18 anos. Creio que minha prima tenha sido a primeira mulher maluca que apareceu na minha vida.
O fato é que minha vida amorosa transcorreu normalmente até os 20 anos. Ficadas, namoros e aventuras sexuais pelas quais todo jovem passa. Sempre com mulheres ditas “normais”. Algumas até foram apresentadas à família como “namoradas”, sendo sempre muito bem recebidas. Até que surgiu a Luíza*. Cinco anos mais velha, loira deslumbrante, corpo feito pro pecado. Paixão insana. E bota insana nisto.
Certa vez, quando ainda não estávamos namorando, ela descobriu que eu tinha ido a uma festa e ficado com outra garota. De pronto pegou o primeiro vaso que viu e arremessou contra minha cabeça. Não fosse meu reflexo estaria gagá até hoje. Depois deste episódio, ela praticamente selou nosso namoro, decretando que dali em diante eu seria apenas dela. Virou aquela namorada mais controladora e ciumenta possível. E eu aceitava... Todo mundo já teve, ou vai ter, um relacionamento onde ninguém mais nos reconhece. Nem nós a nós mesmos. Não dá pra explicar. Só quem já viveu, sabe do que eu estou falando.
Uma vez estávamos quase dormindo quando ela disse: “Ben, quando eu imagino você com aquela sirigaita, me dá um ódio tão grande que tenho vontade de pegar uma faca na cozinha e capar você”. Considerando o histórico do vaso, passei a dormir com uma bermuda jeans ultra-apertada que eu tinha há anos...
Obviamente ela nunca esqueceu esta história. E numa oportunidade me vestiu um belo “chapéu de touro”. Tinha chegado a hora de eu cair na real. Terminei o namoro unilateralmente, mas ela não aceitou. Perseguiu-me por meses, me ameaçou das piores maneiras possíveis, até que decretou em alto e bom tom: “se você não ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém! Você vai ver o que eu vou aprontar pra você!”.
Corpo fechado ou não, a mandinga da mulher foi forte. Desde então, por anos e anos só tem me aparecido MALUCA, ESQUIZOFRENICA, LOUCA, INSANA, CRAZY, MAD, FOU, etc.etc.
Alguns casos:
1 – Nina
Entrei num bar com mais 3 amigos. Estávamos seguindo a hostess até nosso local quando passamos por uma mesa com 3 mulheres. Uma delas me deu uma olhada de cima a baixo, que me deixou sem graça. Não foi vulgar. Mas ela literalmente me comeu com os olhos. E eu não sou o tipo de cara que chama atenção na rua, que as mulheres param pra olhar. Ao sentarmos na nossa mesa meus três amigos falaram ao mesmo tempo: “VOCÊ VIU A SECADA QUE AQUELA MULHER TE DEU?!?!”. Dois minutos depois chega um torpedo com o nome e o telefone dela. Liguei no dia seguinte e aí vivemos um mês inteiro de pura luxúria. A mulher era insaciável. Ninfomaníaca. Até que num sábado, saí para correr e deixei o celular em casa. Na volta tinha 23 ligações de um número desconhecido e vários recados na secretária eletrônica com gritos e discussões.
Resumo da ópera: A mulher era casada! O marido tinha ido aos EUA, por um mês, a trabalho. E ela ainda teve a pachorra de me ligar pra dizer que “tudo ia ficar bem, ela ia resolver a situação pra ficarmos juntos”.
Grau de Insanidade: 10,0
Minha culpa no cartório: 3,0
2 – Miriam
Eu participava do Conselho Consultivo de uma ONG. Numa reunião dessas qualquer, havia uma advogada de uma multinacional que apoiava essa ONG. Todos trocaram cartões, como de praxe. Na semana seguinte outra reunião. Ela me aborda e me cobra: “achei que você ia me mandar um e-mail”. Minha ficha não caiu na hora, pois eu não me lembrava de nenhum documento, informação que deveria ter enviado. Fomos ao cinema juntos. Uma comédia romântica que ela escolheu. Quando a gente começou a se beijar ela me agarrava de um jeito muito esquisito. Pegava minha mão e colocava no rosto dela, fechava os olhinhos e fazia aquela carinha de “faça carinho em mim”. Apertava minha mão, meu braço, com aquela expressão “nunca me abandone”, “fique comigo pra sempre!”, “não me largue”, “QUERO CASAR COM VOCÊ HOJE, AGORA!!!”.
Dei um “perdido” na mulher, um mês depois troquei de emprego, não dei meu email novo e aí ela sumiu.
Pois bem. Dois anos depois encontro com ela, por acaso, na hora do almoço. Quando ela me viu, saiu correndo em minha direção dizendo “MEU DEUS, ATÉ QUE ENFIM EU TE ENCONTREI! VOCÊ NÃO SABE O QUE ACONTECEU!! DOIS ANOS ATRÁS EU ESTAVA TOMANDO BANHO NA BANHEIRA, DEIXEI MEU CELULAR CAIR NA ÁGUA, ELE QUEIMOU, PERDI SEU TELEFONE! TE PROCUREI POR DOIS ANOS (quase chorando!!!)! ATÉ QUE ENFIM TE ENCONTREI!!!
Resumo da ópera: Desapareci pela chaminé do restaurante.
Grau de Insanidade: 10,0
Minha culpa no cartório: 0,0
3 – Matilde
Com freqüência eu era convocado a trabalhar nas eleições como presidente da minha seção eleitoral. Numa dada eleição, havia uma vice-presidente que era uma gatinha. Descolei o telefone dela e começamos a sair. Um mês depois ela começa com aqueles papos “você precisa conhecer minha família”. Na primeira vez, desconversei. Na segunda tentei enrolá-la com perguntas do tipo “qual o nome dos seus pais? O que eles fazem?”. Aí ela me diz que a família dela é chilena, que o pai veio fugido pro Brasil depois que o Allende tomou o poder, pois ele era partidário da extrema-direita e, inclusive, já tentaram matar ele aqui no Brasil 3x.
Resumo da ópera: O cara devia ser muito bonzinho! O sogro que eu pedi a Deus. Se ele imaginasse as minhas intenções para com a filha dele, então... Pau-de-arara, cadeira-do-dragão pra mim era pouco!
Grau de Insanidade: 5,0
Minha culpa no cartório: 0,0
4 – Heloísa
Ela não sabia falar “oi” ou “alô” ao usar o celular. Era sempre assim: “onde você está? Com quem? Fazendo o quê aí? Tem mulher aí?!?!”
Ao me cumprimentar, me cheirava inteiro à procura de outros feromônios femininos. Encanava com a xuxinha que a minha afilhada (!) tinha esquecido no carro! Um dia ela achou uma escova no porta-luvas. Pra convencê-la de que era da minha irmã foi um parto.
Na época, passava uma novela em que a Giulia Gam fazia um personagem assim.
Meus amigos falavam que ela era a encarnação da “Heloquiza” na vida real.
Resumo da ópera: Durou muito. Um mês.
Grau de Insanidade: 8,0
Minha culpa no cartório: 0,0
5 – Fernanda
Eu tinha vivido uma paixão de verão. Mas como amor de praia não sobe serra, começou o ano letivo e ela voltou pra cidade dela. Uma semana depois eu estava saindo de uma festa, muito alto, e resolvi ligar pra ela às 4 da manhã. Mal ela atendeu, comecei a despejar as maiores declarações de amor, milhões de elogios ao corpo dela e referências à atração que eu sentia por ela. Não deixei ela falar um “a”. Gritei “TE AMMMO” e desliguei.
No outro dia sou acordado com o telefonema de uma amiga se dizendo surpresa por ter ficado sabendo que eu sentia tudo aquilo por ela.
EU TINHA LIGADO PRA FERNANDA ERRADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Resumo da ópera: Ela é filha de um casal muito amigo dos meus pais. Desbocada como ela é, fez questão de contar pra todo mundo. Como eu sou educado, só contei a verdadeira história pro meu pai. Desde então, tenho que agüentar os comentários da “sogra” de que sempre reparou que eu olhava diferente pra filha dela...desde pequeno. Essa eu mereço.
Grau de Insanidade: 5,0
Minha culpa no cartório: 10,0
6 – Karina
Ela era minha chefe. Casada. Um belo dia ela me entrega um post-it com os seguintes dizeres “Ben, sei que não é certo, mas há tempos que quero dar pra você. Amizade colorida, saca? Uma transa e nada mais”.
A sua chefe pode ser uma gostosa, mas quando você tem o mínimo de juízo e contas pra pagar pensa duas vezes antes de fazer a merda. Neste dia também aprendi o quanto é difícil dar fora em mulher sem fazer ela se sentir rejeitada. Não satisfeita com o “fora elegante” que eu dei, passou a me abordar diariamente dizendo: “ai Ben, ontem eu cheguei em casa, peguei meu marido, arranquei a roupa dele, transei com ele loucamente pensando em você”.
Resumo da ópera: Agarrei a primeira oportunidade de emprego que me apareceu e sumi da vista daquela maluca.
Grau de Insanidade: 7,0
Minha culpa no cartório: 0,0
7 – Grazi
Fui passar um feriado na cidade em que eu nasci. Cheguei num barzinho sábado à noite e encontrei uma garota que vivia me dando mole quando eu morava lá. Na mesa estavam mais duas primas dela, que moravam em outro Estado, um amigo meu (Júlio*) e um cara que eu nunca tinha visto na vida (Antonio*). Depois de algumas caipirinhas, cada um saiu com sua “namorada” para lugares mais reservados. Quando fui deixá-la em casa tava a maior confusão na porta. Pelo que eu entendi o tal do Antônio era casado e quando “namorada” dele descobriu, não quis “namorar” com ele. Pois o cara tentou “namorar” à força. Liguei pro Júlio e ele me disse que mal conhecia o cara, não tinha o celular dele, não sabia onde ele morava, tinha jogado futebol com ele uma vez na vida e mandou eu sair correndo de lá, porque aquelas garotas eram “malucas”. Não deu tempo nem de escutar o conselho. As três saem da casa, cada uma com um pedaço de pau maior que o outro e a fúria linchatória nos olhos.
Resumo da ópera: Saí ileso, mas com dois vidros do carro quebrados, lataria amassada e o “fiofó” mais travado que cofre do Banco Central.
Grau de Insanidade: 10,0
Minha culpa no cartório: 0,0
8 – Amanda
Ela é amiga da namorada de um grande amigo meu. Eles começaram com aquele papo “precisamos te apresentar uma mulher, ela tem tudo a ver com você”. Não gosto dessas coisas. Parece comércio de namorada, coisa de quem está desesperado(a) pra arranjar alguém. De tanto insistirem acabei me convencendo das inúmeras qualidades da senhorita e liguei pra ela. Não sei quais foram as mentiras sobre minhas parcas qualidades que eles contaram, mas quando a mulher entrou no meu carro, não conseguia fazer outra coisa a não ser rir. No começo achei graça também, dada a situação inusitada. Mas ela não parava! Até que me explicou: “Ben, me desculpe! Ai que vergonha! Sabe o que é? É que eu estava tão nervosa em te conhecer que acabei tomando dois comprimidos de Rivotril (regulador de humor – tarja preta).
Resumo da ópera: Não consegui manter um diálogo normal com a senhorita. Acabei levando ela pra uma balada bate-estaca para as coisas fazerem o mínimo de sentido!
Grau de Insanidade: 6,0
Minha culpa no cartório: 0,0
9 – Andreia
Ela é minha amiga há anos. Mas nunca tínhamos tido nada mais íntimo. Até que um dia fui à praia sozinho e a encontrei lá, também sozinha. Papo vai, papo vem, entramos no mar juntos e acabei cantando ela. Ela se mostrou surpresa com minha atitude e me deu um fora. À noite me mandou uma mensagem dizendo ter gostado de saber que eu sentia atração por ela. Duas semanas depois encontrei com ela, por acaso, numa festa e acabamos ficando. Depois de alguns encontros ela me confidenciou que gostava de apanhar na hora H. Disse que ninguém sabia disso, mas que se sentia à vontade pra me contar e pediu pra eu bater nela! Fiquei sem jeito, mas nada que umas caipirinhas não resolvam.
Resumo da ópera: Ela namora, já teve um casamento relâmpago, mas ainda me liga com freqüência pra apanhar.
Grau de Insanidade: 6,0
Minha culpa no cartório: 10,0
Atualmente ando saindo com uma mulher muito interessante. Não é namoro. Pode ser que vire. Quem sabe a macumba da Luíza perdeu a validade? Às vezes fico aéreo ao fitá-la, no que ela me pergunta: “no que você tá pensando, hein?”
Na minha mente fica martelando a seguinte dúvida: qual será a loucura desta mulher? Quando ela vai se revelar?!?!?!
A ver.
Benjamin Franklin, americano, inventor do pára-raios
PS: Todos os nomes foram trocados