28 fevereiro 2007

Salada Mista Sem Tomate #1



NOTA: Esta emissão deixou de estar disponível online por limite de capacidade do servidor.

É verdade. Podia ser mentira, mas não é. Está gravada e disponível a primeira sessão de Salada Mista Sem Tomate, um podcast mais ou menos alternativo.

A coisa explica-se facilmente: se a rádio de hoje não me passa cartão, mais vale fazer algo que a rádio de hoje tem a menos. Refiro-me à militância, ao espírito das rádios piratas, à urgência de comunicar e divulgar.

Fica também o aviso: Salada Mista Sem Tomate é um podcast de periodicidade incerta. Vai-se fazendo e vai-se publicando. É uma questão de ir procurando por ele.

É este o alinhamento musical da primeira emissão:

1. The Good, The Bad & The Queen: "80s Life" (The Good, The Bad & The Queen, 2007)
2. Field Music: "A House is Not a Home" (Tones of Town, 2007)

3. Tokyo Police Club: "Citizens of Tomorrow" (A Lesson in Crime, 2007)
4. The Magic Numbers: "Take a Chance" (Those the Brokes, 2007)

5. The View: "Skag Trendy" (Hats Off to the Buskers, 2007)
6. Of Montreal: "Gronlandic Edit" (Hissing Fauna, Are You the Destroyer?, 2007)

7. Little Man Tate: "Man, I Hate Your Band" (About What You Know, 2007)
8. The Fratellis: "Vince The Loveable Stoner" (Costello Music, 2006)

9. Pop Levi: "Pick Me Up Uppercut" (The Return to Form Black Magick Party, reed. 2007)
10. The Sunshine Underground: "The Way it Is" (Raise the Alarm, 2006)

11. El Perro del Mar: "God Knows (You Gotta Give to Get)" (El Perro del Mar, 2006)
12. The Sounds: "Painted by Numbers" (Dying to Say This to You, 2006)

13. Noisettes: "Don't Give Up" (What's the Time Mr Wolf, 2007)
14. The 5.6.7.8's: "Harlem Shuffle" (Teenage Mojo Workout, 2002)

15. The Maccabees: "X-Ray" (NME Presents Essential Bands 2006)
16. Klaxons: "Isle of Her" (Myths of the Near Future, 2007)

Se o seu escritório, o seu automóvel, a escola dos seus filhos, o seu centro comercial, a sua estação de rádio ou os lavabos que frequenta não estão equipados com a Salada Mista Sem Tomate, faça-se ouvir. Proteste. Faça greve de fome. Contacte-me (é que continuo à procura de trabalho, sabe?).

Agora sim, o link para o que interessa. Aqui em baixo ou na barra do lado direito.

SALADA MISTA SEM TOMATE

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

23 fevereiro 2007

A Judite percebe o Hip Hop?



A Casa Blanca, empresa angolana de produção de espectáculos, fez publicar ontem, quinta-feira, na imprensa portuguesa o anúncio do cancelamento do Festival Hip-Hop Afroamericano (ver post anterior). Razão: a alegadamente escassa procura de bilhetes.

Oiço entretanto hoje, sexta-feira, que a Polícia Judiciária está já a investigar as actividades desta empresa. Segundo se sabe, há suspeitas de branqueamento de dinheiro. De resto, suspeitas comuns a muitos simples consumidores. Oxalá não estejamos perante um caso em que o mais inacreditável amadorismo possa ser entendido como indício de actividade ilícita.

A verdade, porém, é que cada contacto com a referida entidade angolana resulta numa estonteante miríade de situações absurdas. Instigado por um comentário no blog no programa Sociedade Civil (RTP 2) em que hoje participei, dediquei alguns minutos no site da Casa Blanca na internet a um suposto Festival marcado para Bruxelas. Sem data, apenas com nomes. Como o de Raul Indipwo, falecido em Junho do ano passado. Está aqui.

Muito honestamente, gostaria que este não fosse um caso de polícia. O que tenho a certeza é a de que é um caso estonteante e fascinante. Cujo desenvolvimento aguardo com, vá lá, moderada expectativa.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

21 fevereiro 2007

Sociedade Civil



A quem possa interessar:

Sexta-feira, dia 23 de Fevereiro, lá pelas 15h00, yours truly estará no programa Sociedade Civil, da 2:. Trata-se de uma emissão conduzida por Fernanda Freitas em que yours truly, Pacman (Da Weasel) e Rui Miguel Abreu (editor, jornalista e DJ) falam de hip hop, da música às correntes em metais preciosos e diamantes.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

19 fevereiro 2007

Uma pagina de Historia



Esta é uma semana em que Lisboa padece de alguma ansiedade. Não por o Benfica ser transmitido na televisão ou por Alberto João Jardim ter, como que num gesto de abnegação, pedido demissão do cargo de dono do arquipélago da Madeira. Lisboa está em polvorosa, isso sim, com a necessidade visceral se saber se no dia 22, 5ª feira, acontece ou não, finalmente, o Festival Hip-Hop Afroamericano no Pavilhão Atlântico.

Esta é, salvo erro, a terceira data agendada para este festival, cujos cartazes há alguns meses estão espalhados por Lisboa em garrafal dimensão. A imagem aqui reproduzida é a de um anúncio numa página inteira numa edição da passada semana de um diário desportivo. Como se poderá ver, o cartaz inclui 50 Cent, Akon, Busta Rhymes, Sean Paul (jamaicano, em boa verdade), Boss AC, Anselmo Ralph, Kalibrados e SSP. Se o festival acontecer, no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia, parece ser um acontecimento, vá lá, histórico em Portugal. Nomes de primeira linha do hip hop norte-americano (numa perspectiva de popularidade), um português e três colectivos angolanos é coisa inédita.

O problema é, neste exacto momento, saber se o festival acontece, seja no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia.

Falar de amadorismo poderia até soar arrogante e paternalista se a empresa que apresenta o evento, a Casa Blanca, não se auto-intitulasse, no seu site na internet, "A MAIOR COMPANHIA DE ESPECTÁCULOS DE AFRICA, UMA DAS MELHORES DO TERCEIRO MUNDO". Ipsis verbis.

O pior é que falar de amadorismo acaba mesmo por soar arrogante e paternalista. A única forma de escapar ileso a caluniosas acusações desse tipo é exprimir opinião, sem juízo valorativo. É o que farei, na forma de sugestões à empresa em questão:

1. Não abona muito a favor da credibilidade o adiamento sucessivo de um evento. Manda a prudência anunciar apenas o que é garantido.

2. Investir em publicidade televisiva, em páginas de desportivos e em outdoors de proporções cósmicas custa muito dinheiro. Além de ser prudente evitar multiplicar o número de campanhas pelo número de adiamentos, é importante encontrar designers e criativos que saibam fazer qualquer coisa ligada com essas funções. Evitar-se-ia, por exemplo, que um anúncio num jornal combine um imaginário tauromáquico com um outro de festa de aldeia em Agosto.

3. É simpático, e também importante do ponto de vista da despesa, aproveitar os anúncios já feitos para os adiamentos entretanto surgidos. Não é, porém, normal os anúncios conterem nesta altura a frase "Boas Entradas 2007".

4. Seja qual for a intenção que preside a uma coisa destas, não é aceitável que, nos citados anúncios, possa ler-se em rodapé: "PATROCINADOR: Você conhecerá no dia do festival". Transmite-se uma ideia muito clara de uma possível razão para os adiamentos.

5. Não é ideia brilhante anunciar, num site oficial, a realização futura de espectáculos de gente como Snoop Dogg, Nelly, Jay-Z, Nelly Furtado, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Ricky Martin, Craig David, Dr Dre, P. Diddy, Eminem, Janet Jackson, Destiny's Child, R. Kelly, Usher e... Michael Jackson. Sobretudo se as maiores produções até agora em mãos não andarem a resultar muito bem. Sugiro que se mantenham no site os artistas, que até são bons, mudando apenas o título da secção para "O Que Era Porreiro Era Contratar Um Destes".

Não sendo este um espaço de exercício da actividade jornalística, abstenho-me de fazer a investigação óbvia para o esclarecimento desta bizarria dos adiamentos do Festival Hip-Hop Afroamericano, garantidamente o mais importante de sempre em Portugal num determinado ponto de vista. Ficarei, no entanto, a acompanhar o desenlace do fenómeno. A ver se a coisa se dá na quinta-feira, por uma qualquer razão.

Até ao momento, os sites oficiais dos camones anunciados dizem não ter concertos agendados. Nem para 22 de Fevereiro nem para outro dia qualquer. Podem estar desactualizados.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

14 fevereiro 2007

Brevemente em todos os lavabos de todo o Portugal



Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

13 fevereiro 2007

Órgao de Soberania



A expressão que me ocorre, neste instante, é "vai lá, vai, e não leves a manta...". Esta coisa da necessidade compulsiva de ouvir música (nova) tem também coisas menos boas. Uma delas é a sensação de descoberta tardia de uma canção, um artista, uma banda. Ninguém gosta de sentir-se atrasado nesta matéria. Quer dizer, eu sou assim.

Por isso mesmo, tenho alguma dificuldade em conformar-me com o facto de só agora, ao segundo mês de 2007, dar atenção ao álbum Public Warning, de Lady Sovereign, "the biggest midget in the game". E havia razões mais do que suficientes para já o ter ouvido: a falta de resultados do trabalho com os Neptunes e o contrato assinado com a norte-americana Def Jam, comandada por Jay-Z, são bons exemplos.

Lady Sovereign havia já imposto a sua curiosa (ou como uma coisa tão pequena pode fazer um estardalhaço tão grande) presença quando em 2005 publicou o EP Vertically Challenged. Só que aí esta moça do tipo arrapazado andava ainda vagamente ligada à estética relativamente hermética do grime, tanto na versão The Streets como Kano. Neste seu primeiro álbum a sério, meus amigos, está um portento.

Ainda que mantendo uma atitude fiel à sua condição de inglesa de classe operária (há décadas que não vejo isto escrito), Lady Sovereign abre os horizontes e, subtilmente, aproxima-se do ideário conhecido de Jay-Z e da Def Jam. Ou seja, aquilo que muitos continuarão (com sentido) a ver como grime, outros tantos entenderão (igualmente com propriedade) a entender como hip hop. Basta que uns sejam ingleses e outros norte-americanos. Para quem se diz anã, Lady Sovereing mostra uma abertura que... "vai lá, vai, e não leves a manta".

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

09 fevereiro 2007

Diz-me que droga usas...



Por esta altura já o estimado leitor terá percebido que cabeça para escrever neste espaço é coisa que não anda por aí com fartura. Entre outros factores, há a necessidade primária de encontrar alternativas várias de sustento, cujo limite estará na actividade da venda do corpo. Segundo me parece, o mercado para pessoas com excesso de peso ainda não é compensador em Portugal.

Mas há, por vezes, fenómenos a que não é possível fugir, sobretudo se estivermos mais interessados na música e nos seus contextos do que no barulho das luzes. Não me estenderei muito na explanação da teoria. Não só porque ela não precisa de exaustiva demonstração como, a precisar, então que alguém como K-Punk o faça. O homem nasceu para isso.

Na sua mais recente edição, a estupenda XLR8R colocou na capa os Klaxons, uma das mais recentes descobertas tornadas possíveis graças à internet e a universos como o MySpace. Apesar da capa perturbadora para quem, como eu, se sente tão atraído pelo psicadelismo como pelas matemáticas aplicadas, colocar a banda britânica na capa da revista levanta questões interessantes. Desde logo, parece querer legitimar um movimento. E é aí que está o problema.

Vivian Host, editora da XLR8R, confessa que já desde o Verão passado ponderava a hipótese de dar expressão jornalística a esta vaga psicadélica que alegadamente tem nos Klaxons o expoente musical mais interessante e proeminente. Não o fez até aqui, é certo, mas desta vez cedeu à tentação de criar um fenómeno perfeitamente estéril. Diz Host, no artigo resultante de uma entrevista difícil, que os Klaxons retratam qualquer coisa como um movimento "new rave".

Vejamos: os Klaxons são uma boa banda. Muito boa, até, quando comparada com um punhado de coisinhas inofensivas que do Reino Unido anualmente surgem em barda. Mas são uma banda de rock com elementos punk e, ao que parece, um fascínio qualquer por aquele período tresloucado da transição dos anos 80 para os anos 90 do século XX. O período das raves, dos Happy Mondays e dos Stone Roses, do ecstasy e dos warehouses. Os Klaxons, estimado leitor, são três. O mais velho dos três tinha 10 anos quando todos os excessos se inscreveram na História da cultura popular.

Os Klaxons, em cujo álbum Myths of the Near Future se encontram de facto apreciáveis estilhaços sonoros dessa época de glorificação electrónica, têm também uma versão de "The Bouncer", original de 1992 do projecto Kick Like a Mule (onde esteve a génese da XL Recordings, editora dos Prodigy). Bouncer, caso o leitor não saiba, é a figura do porteiro de discoteca ou de uma qualquer festa, descontroladamente mitificada em Inglaterra ao longo dos anos. Partir desse facto, juntar-lhe um ou outro sample do período acid house e criar o movimento "new rave" é uma aberração. Acredite em mim, estimado leitor.

Que se saiba que, tal como o EP Xan Valleys, também o álbum Myths of the Near Future é um objecto de descoberta recompensadora. O que não tem sentido absolutamente nenhum é vender uma qualquer visão caleidoscópica do universo artístico lá porque a fusão de dois ou três elementos parece maravilhosa sob o efeito de um ácido.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

07 fevereiro 2007

Esclarecimento



Queira o leitor desculpar, se for caso disso, as minhas ausências vagamente prolongadas neste espaço. Justificam-se as ditas por haver, com alguma frequência, momentos em que nada conseguiria aqui escrever sem que o acto implicasse a partilha de visões profundamente acintosas daquilo que o universo tem mostrado ser. Terapia exorcista pública (ainda) não faz parte dos meus padrões de comportamento.

Dito isto, e remetendo-me para um post anterior, não quero deixar de afirmar publicamente que a campanha eleitoral relativa ao referendo sobre o aborto que mais me fascina é a protagonizada pelo Partido Humanista. É-me francamente impossível ficar indiferente ao amadorismo. E ao vídeo-amador. Defendam lá eles o que defenderem, têm o meu eterno respeito, para não dizer carinho.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

30 janeiro 2007

Esquerda! Volver!



Estávamos em 1996 e, como não será difícil de assimilar, um novo álbum dos Cure não era exactamente a notícia mais estimulante do mundo. O caso era, digamos assim, visto como mais um exemplo do arrastamento do grupo inglês num deserto de alegada irrelevância estética. Fui, na ocasião, destacado pelo finado Blitz-jornal para uma deslocação a Bath, a Oriente de Londres, para entrevistar o grupo a propósito do então novel Wild Mood Swings.

Naturalmente, Wild Mood Swings fez tudo menos História. Surpreendia, no máximo, pelo imaginário mariachi sugerido por "The 13th", mas não muito mais do que isso (é bem provável que tenha escrito coisa diferente em 1996, mas as oscilações de opinião constituem um dos factores mais interessantes do relacionamento do melómano com a coisa amada). O que ficou, pelo menos, na minha História foi a experiência que essa viagem significou.

Em traços pouco exaustivos, direi que a deslocação envolveu: viagens de Jaguar com motorista entre Londres e Bath; a constatação de que era eu o único jornalista europeu não avisado do adiamento de todas as entrevistas ao grupo; um jantar de última hora com a banda (Robert Smith à esquerda, a sua mulher, Mary Poole, em frente) numa sala medieval da impressionante mansão/palácio de Jane Seymour nas imediações frondosas de Bath; uma entrevista de uma hora a Robert Smith acompanhada por um magnífico cognac. Dito assim, talvez pareça coisa pouca. Foi tudo menos coisa pouca.

Alguns 10 anos mais tarde, talvez em 2005, fui com amigos ao bar LEFT, em Santos, Lisboa. Tratava-se, e ainda se trata, de projecto recente e munido daquele ideário clean que tão bem fica nas páginas da Wallpaper mas que amiúde consegue provocar genuíno desconforto nos visitantes. Mas não, o LEFT não é como aquelas sapatarias-cabeleireiro-bar-loja gourmet-bilheteira de espectáculos-loja de electromésticos-escritório de advogados-clínica veterinária onde o freguês é presenteado com um ambiente que lhe grita: "Não tens pinta para isto".

Nessa ocasião, num dia útil, o LEFT tinha pouca gente. Uma das caras era-me vagamente familiar mas, como normalmente, não fazia a mais pálida ideia de onde. Felizmente, o dono do rosto, mais expedito do que eu, acercou-se e perguntou-me se não era o Pedro Gonçalves. Que há uns anos tinha viajado para Londres sentado, no avião, ao lado de alguém que meteu conversa para falar sobre música. Fez-se luz. Lembrava-me, de facto, desse episódio em que o meu interlocutor, apaixonado pelas coisas motorizadas com duas rodas, ia fazer prospecção de material na capital inglesa. O Jorge Santos, que é de quem falo, era afinal um dos donos do LEFT.

Muita e boa conversa depois, fui desafiado e passar uns discos naquele magnífico espaço. Coisa que, até à data, fiz diversas vezes com especial prazer. Excelente ambiente, bom som, magníficas condições para quem selecciona discos. O LEFT espelha, além do tal ambiente clean de inquestionável bom gosto, o respeito e dedicação que o Jorge Santos tem face à coisa musical (juntemos a essa qualidade a sua imaculada educação). DJs (nada de estrelas) de toda a parte e bandas realmente importantes passaram pelo LEFT em menos de dois anos. Até que ontem à noite o Jorge Santos me deixou no telemóvel uma mensagem que dava conta de uma ordem de encerramento do bar (e, menos importante, o adiamento por tempo indeterminado de uma sessão de yours truly marcada para esta quarta-feira).

Com a ajuda de outro amigo, meu e do LEFT, descubro isto: "O Left Bar, recebeu no passado dia 26 de Janeiro de 2007, uma ordem de encerramento assinada pelo vice-presidente da câmara de Lisboa, Fontão de Carvalho, que foi constituído arguido, no dia 25 de Janeiro de 2007 pelo Ministério Público no processo de permuta de terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular". Sem espinhas. Ao que parece, o problema é o proverbial excesso de decibéis emitidos. Estou nesta altura a escrever estas linhas porque gosto destas histórias que se cruzam e entrecruzam, destes reencontros que fazem pensar na existência do fado/destino. Por isso mesmo, serei um dos muitos dispostos a muito para que o LEFT não feche as portas em definitivo.

Não sou crente em formas de manifestação como abaixo-assinados, petições, "vaquinhas" e por aí adiante. Mas desta vez assinei uma petição online. O que é realmente necessário é que a importância de um espaço como o LEFT seja devidamente assimilada por quem ordenou o encerramento. Isto faz-me pensar que o LEFT, bem como a Santos Design District – Associação Empresarial do Bairro de Santos, não amaciou devidamente as mãos de uma ou outra criatura da edilidade.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

29 janeiro 2007

Como diria Farinha Master... Muito obrigado.



Nunca fui especialmente dado a clubes, filiações, associações, agremiações e corporações. Os clubes de que faço parte são, no entanto, portentosos em dimensão, em influência, em vitalidade e acção social. É esse, por exemplo, o caso do Sport Lisboa e Benfica e do Automóvel Club de Portugal.

Por estes dias há, porém, um novo clube pronto a receber-me. É um clube informal, sem vínculos, uma coisa que nada tem de oficial. É o clube dos portugueses que sentem o cheiro do limiar da pobreza. Nunca é tarde para conhecer novos mundos.

Não quero, sobretudo, deixar passar esta ocasião sem fazer um agradecimento, mesmo que genérico. Quero, nesta ocasião, agradecer a todos quantos tornaram possível este facto. Em especial às entidades, individuais ou colectivas, que ao longo de um período assinalável não responderam às ideias e propostas que apresentei. Nada. Para esses, especialmente aqueles com quem me relacionei durante bons anos, reservo um espaço no meu coração.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

P.S.: Talvez depois por aqui fale de música nova, que este 2007 está que nem ginjas: The Good, The Bad & The Queen, The View, Klaxons, Maccabees...

15 janeiro 2007

Abre a pestana-tana



Não sei como nem como me deparei com o apreço que nutro pelo chamado nonsense, pelo disparate inusitado, pelo absurdo imiscuído nos assuntos tidos como sérios.

Um universo onde essas bizarrias se dão particularmente bem é o da política. Como normalmente está lá longe, distante da minha vida real, a política pode ser tratada com a irresponsabilidade de quem a ela nada dá e dela nada recebe. Uma vez, numas eleições autárquicas e na sequência de uma directa em casa de amigos, fui votar. Votei no MUT (Movimento para a Unidade dos Trabalhadores), porque havia que premiar uma campanha eleitoral que na televisão envolvia momentos do mais genuíno vídeo amador.

Isto vem a propósito da iniciativa da RTP "Os Grandes Portugueses". É algo de tão vital para a vida real como a política, daí o que atrás foi dito. Num projecto desta envergadura social e cultural, não podia ficar de fora o absurdo que a todos anima. Fiquei a saber, e depois confirmei, que Hélio Pestana, que dizem ser actor e cuja fotografia se exibe, consta da lista dos primeiros 100 no percalço do título. Sinceramente, acho fantástico que alguém tenha passado o absurdo das boas intenções para a prática. Há mais quem espelhe esta bonita realidade paralela, votando em nomes como Carlos Lopes, Cristiano Ronaldo, Herman José, Irmã Lúcia, Joaquim Agostinho, Jorge Nuno Pinto da Costa, José Hermano Saraiva, José Mourinho, José Sócrates, Luís Figo, Maria do Carmo Seabra (número dois no ranking do absurdo), Mariza, Ricardo Araújo Pereira (número três no mesmo ranking), Rosa Mota e Vítor Baía (número quatro). Mas nenhum supera, em imponência, o estonteante Hélio Pestana.

Para que nada falte, aqui fica a biografia de Hélio Pestana publicada no site do programa da RTP:

"Hélio Pestana é um jovem: vinte e uma primaveras apenas. A 25 de Maio de cada ano (um minuto depois da meia noite, hora a que nasceu) fica menos jovem e, provavelmente, recebe inúmeras mensagens por sms e email de embevecidas jovens fãs, cilindradas pela sua meteórica e minimal carreira na ficção televisiva nacional. Enquanto estuda arquitectura, participa em várias novelas, dobrou um desenho animado (o carro de corridas Chick Hicks, do filme de animação da Disney/Pixar – “Carros”) e venceu a 2.ª eliminatória da 2.ª edição de “Dança Comigo”. Não é de crer que repita esta vitória neste programa, mas toca piano e, talvez, fale francês. Diz que «às vezes» se sente «um mártir». Esperamos que não seja o caso".

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Que espaço tem o meu espaço?



Já mais do que uma vez tinha feito pausas de alguns segundos para tentar perceber o que havia, afinal, no MySpace que não me agradava, que me provocava de tempos a tempos algum incómodo e desconforto. Passe o exagero, há qualquer coisa no MySpace que engana o algodão.

Talvez gastando uns segundos mais do que eu, K-Punk coloca a coisa de forma eloquente e virada para a luz, como se quer, no número 17 (Dezembro 2006/Janeiro 2007) da excelente e gratuita revista Fact. O problema do MySpace é, afinal, o de tantos outros fenómenos: a sacralização da mediocridade. E a legitimização disso mesmo.

Transcrevo aqui o último parágrafo da prosa, na língua original do autor:

"MySpace feeds into the over-promotion of pop. With the collapse of the old pop media, pop journalism is increasingly dominated by advertorial. Far from producing excitement, the tyranny of ubiquitous promotion - five star reviews and "lifetime achievement awards" handed out like free gits in cereal packets - has a curiously delibidinizing effect. Handily for record companies, which find it far easier to hunt out new and strange forms, over-promotion has the effect of legitimising and normalising mediocrity. Let's face it, a culture in which Razorlight have a recording contract, let alone a number 1 single, is a culture in which mediocrity rules".

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Zoot #5

A quem puder interessar:

Na revista Zoot #5, número de Inverno 2006/2007, este que escreve assina uma entrevista aos Dead Combo. É uma estreia na publicação de textos em inglês. Há falhas no resultado final, digo já. Foram, nitidamente, falhas informáticas.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Zero



As explicações, com a dignidade que o autor sempre detém, estão logo a encabeçar o blog A Vítima Respira?, do Jorge Manuel Lopes. Limito-me aqui, obviamente, a anunciar que o UM, o jornal quinzenal gratuito para o qual orgulhosamente colaborei, suspendeu a sua actividade.

Já por aqui tinha feito devida vénia ao conjunto de pessoas que ao longo dos últimos meses fez um jornal, dedicado à música e às artes fronteriças, com matéria para ler (de facto). O homem do leme foi, até aqui, o Jorge Manuel Lopes, um dos melhores jornalistas da coisa cultural que o país alberga.

O Jorge Manuel Lopes faz no seu blog com elegância e naturalidade aquilo que aqui nunca fiz descaradamente: diz que está agora à procura de trabalho. Já somos uns quantos a fazer parte de uma situação tão absurda que quase se torna humorística. A história da falência por aparente imprudência volta a repetir-se, desta vez com a marca da Porto Eventos, detentora da publicação.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

11 janeiro 2007

Vamos ver o Raul



Ainda que não tenha propensão natural para encontrar com facilidade o lado bom daquilo que só parece mau, esta recente quarentena do meu estimado computador resultou, para já, em algo que creio ser importante.

Ao ter que, novamente, converter em formato digital uma quantidade interessante de discos que têm (porque têm) que estar no computador, recordo-me do que foi o ano que acabou em matéria musical e, sobretudo, em matéria de canções.

Assim me tinha ocorrido a dos Teddybears já enunciada. Surgiu-me agora outra, uma daquelas canções grandiosas. No caso, trata-se do colectivo The Automatic, de Cardiff, País de Gales (apenas um dos numerosos contribuintes para um ano de generosa colheita no Reino Unido).

Chama-se a canção "Raoul" e está no álbum de estreia da banda, Not Accepted Anywhere. Em quase todo o álbum, os Automatic são uma interessante criação vinda do ponto em que se cruzam veias punk com artérias saturadas pelo rock de 1980 e por uma electrónica de Casiotone.

Como no caso anterior, basta aceder ao MySpace dos Automatic e esperar que o player faça o resto. O original é melhor do que a versão de 2007 que lá está.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

10 janeiro 2007

Punks e Ursos de Peluche



É uma das canções monumentais do ano passado. Mas como os Teddybears não constam dos balanços com origem portuguesa, aqui se reconstrói a justiça.

Os Teddybears são suecos, tão suecos quanto uns I'm From Barcelona, The Knife ou El Perro Del Mar. Ou seja, são dos que contribuíram para que a Suécia voltasse a marcar um porradão de pontos no universo pop dito alternativo de 2006.

A canção em concreto chama-se "Punkrocker" e é um épico instantâneo, um clássico à primeira audição. É feito de um rock que, é verdade, tanto pode lembrar uns Sisters of Mercy quanto um Iggy Pop. Na realidade, a "Iguana" participa na canção, dá-lhe voz, eleva-a ao divino quando canta, no refrão, "Well I'm a punk rocker, yes I am".

Aqui fica o link para o talhão dos Teddybears no MySpace. Depois é só esperar que o player faça o resto para ouvir "Punkrocker".

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

09 janeiro 2007

Faz de conta que nada se passou



É fazer as contas. Assim por alto, foi um mês e pouco sem computador. O Pedro Gonçalves, o dos Dead Combo, ressuscitou-o. Não é um computador qualquer e o estimadíssimo leitor sabe disso.

Meteu-se Natal, Ano Novo, balanços, essas coisas, e nem uma linha nova aqui depositada. Por uma questão prática, em boa parte graças à morte de um disco rígido, vou fazer como se nada tivesse acontecido. Vou escrever daqui para a frente.

Até já, então.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 Pouco Mouco.

27 novembro 2006

Vídeo Maria 4



Já que estamos nisto, aqui fica mais um mimo.

A visão que cada um tem do seu país é, naturalmente, legítima e respeitável. É por isso que peço carinho e respeito por esta demonstração de nacionalismo de finíssimo recorte literário e estético. Alguém quer que esta seja a imagem de Portugal no mundo. Valente!

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Video Maria 3



Contava só colocar este quando a procura se estendesse sem grandes resultados.

Não é ainda o caso. O caso é que este me provoca gargalhadas descontroladas e admiração por quem leva com uma destas sem perder a compostura. Fosse eu e quer-me parecer que a resposta seria substancialmente pior do que a alocução do telespectador.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Silêncio



Não estou apenas caladinho. Estou aborrecido, tenso e expectante.

Pela primeira vez em mais de dois anos, separo-me involuntariamente de um grande amigo, o meu iBook. Está, digamos, em coma.

Depois de consultar uma loja e de me pedirem 600 euros para me resolverem um problema sem sequer terem aberto o meu amigo, está há uns dias em casa do Pedro Gonçalves. Não eu, mas o músico dos Dead Combo, que domina a arte da ressureição dos Macs.

Que Deus o proteja. Quando ele voltar a mim eu volto ao blog. Até lá não consigo, estou em sofrimento por ele.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.