Por que choras mãe
Se dos que ontem partiram não há noticias de regresso?
Por que choras mulher
Se tuas lágrima de ontem ainda corre na savana
Por que lamentas velha Ngonga
Se de teus netos restam sacrifícios apenas
O meu irmão partiu
Não sei p´ra onde
À força
Acorrentado
Pontapeado seguiu para a guerra
O primo também partiu
Maltratado
Abandonou a escola
Qual ladrão para o carro jogado
É sargento agora
O sol passa
De lua em lua
Naquela trincheira do sul
Naquela cela do norte
Naquela mata do nordeste
Só trevas
Só trevas os rodeiam
Sunday, October 09, 2011
Friday, September 09, 2011
MINH´ANGOLA
Tórrida e sofrida
Minha pátria
Dorida, martirizada
Minha terra
Amargurada e atormentada
Sem descanso
Sem paz
Sem água
Pão, alguém viu?
Sem puro oxigénio
Roubado de árvores estropiadas
Quem contou?
As bombas que matam homens
Os rios feitos de lágrimas
As bocas sedentas de tudo
Até quando?
O brotar de novas acácias
O rasgar do luto destes tempos
O sorrir despreocupado das crianças …
Minha pátria
Dorida, martirizada
Minha terra
Amargurada e atormentada
Sem descanso
Sem paz
Sem água
Pão, alguém viu?
Sem puro oxigénio
Roubado de árvores estropiadas
Quem contou?
As bombas que matam homens
Os rios feitos de lágrimas
As bocas sedentas de tudo
Até quando?
O brotar de novas acácias
O rasgar do luto destes tempos
O sorrir despreocupado das crianças …
Saturday, August 06, 2011
AQUI ATÉ MORRER
Plantado na solidão e castigado sem apelo
Eis-me aqui neste canto
Olhando teu rasto passar
Sem palavras, nem presentes bonitos p´ra te dar.
Na rota contínua do sol
Quedando-se no azul do mar
Sempre aqui nesta cama, sonhando acordado
Vivendo a custa do sofrer e cantando versos ao léu!
Eis-me aqui neste canto
Olhando teu rasto passar
Sem palavras, nem presentes bonitos p´ra te dar.
Na rota contínua do sol
Quedando-se no azul do mar
Sempre aqui nesta cama, sonhando acordado
Vivendo a custa do sofrer e cantando versos ao léu!
Saturday, July 09, 2011
ÂNSIA DE AMAR
No teu colo frágil de mulher
Com quentura de ovelha
Minh´alma quer descanso
Em teus braços de trepadeira
Se estendendo da terra ao céu
Empurrando pr´o voo meu eu
Em tua boca mulheril
Louca e carnuda do beijo refractário
Pecaminosa como a maçã setembrina
Minha língua anseia habitar
E sentir o agridoce do teu beijo
Perdido nos olhares que se dispersam
No teu colo juvenil,
Frio no verão e quente no inverno
Minha mente quer repouso
E desfazer-se da virgindade
Que a timidez instalou em mim
É hora!
Com quentura de ovelha
Minh´alma quer descanso
Em teus braços de trepadeira
Se estendendo da terra ao céu
Empurrando pr´o voo meu eu
Em tua boca mulheril
Louca e carnuda do beijo refractário
Pecaminosa como a maçã setembrina
Minha língua anseia habitar
E sentir o agridoce do teu beijo
Perdido nos olhares que se dispersam
No teu colo juvenil,
Frio no verão e quente no inverno
Minha mente quer repouso
E desfazer-se da virgindade
Que a timidez instalou em mim
É hora!
Thursday, June 09, 2011
CHEGA DE JURAS
Procurei-te
Teu cheiro nas pétalas não mais encontrei
Secou a flor
Com ela Sumiste como o vapor que se dilui no espaço
Assim era tão efémero teu amor
Mil vezes cantado ao ouvido surdo
Quantas juras prometidas?
Teu cheiro nas pétalas não mais encontrei
Secou a flor
Com ela Sumiste como o vapor que se dilui no espaço
Assim era tão efémero teu amor
Mil vezes cantado ao ouvido surdo
Quantas juras prometidas?
Tuesday, May 31, 2011
MILDE HUMILDE MULHER
MILDE HUMILDE MULHER
É ela
Milde mulata monaputo
de pai fugido na corrida dos cravos
virando kitata afamada no Sueiro
Amigada com preTuga fubeiro
Viveu
ensinado arte antiga de xaxatagem
a kamabwins, meninos da kabunga
É ela, agora
Meiga humilde mulher
cantando velhos “nga dibeka kwá Jezú”
ou cosendo batas do caçula monandengwe
rasgadas no liceu empedrado
É ainda ela
varrenddo ruas da maratona emporcalhada,
assobiando tat´êtu kudyulo!
É minha sogra agora
de panos riscados
kassumbulados do estranja Kamará
e vendidos pelo muzangala da kangonha
É sempre a mesma
cuidando monandegwes trazidos
anos sim, anos sempre
pelos monas deseducados nos xaxatanços da mocidade
parte-bracista do tempo de kaprandanda
Conta agora
curvas e contra-curvas das apanha moedas
de Cinco Réis!
E, de kaxexe, ganha juízo…
É ela
Milde mulata monaputo
de pai fugido na corrida dos cravos
virando kitata afamada no Sueiro
Amigada com preTuga fubeiro
Viveu
ensinado arte antiga de xaxatagem
a kamabwins, meninos da kabunga
É ela, agora
Meiga humilde mulher
cantando velhos “nga dibeka kwá Jezú”
ou cosendo batas do caçula monandengwe
rasgadas no liceu empedrado
É ainda ela
varrenddo ruas da maratona emporcalhada,
assobiando tat´êtu kudyulo!
É minha sogra agora
de panos riscados
kassumbulados do estranja Kamará
e vendidos pelo muzangala da kangonha
É sempre a mesma
cuidando monandegwes trazidos
anos sim, anos sempre
pelos monas deseducados nos xaxatanços da mocidade
parte-bracista do tempo de kaprandanda
Conta agora
curvas e contra-curvas das apanha moedas
de Cinco Réis!
E, de kaxexe, ganha juízo…
Thursday, April 07, 2011
SANGUE NA BICA D'ÁGUA
Sangue
salpicando sobre pedras
paridas num tempo esquecido
duras, ressequidas
carentes duma bica d'água
Sangue
entre corpos andrajosos
em viagem sem fim
num pobre atalho
abraçando orgasmos férteis
Sangue
entre gente humilde
regressada da saudade morta
noutra terra de peregrinação obrigatória
É natal
e jorra sangue na Bica d'água!
salpicando sobre pedras
paridas num tempo esquecido
duras, ressequidas
carentes duma bica d'água
Sangue
entre corpos andrajosos
em viagem sem fim
num pobre atalho
abraçando orgasmos férteis
Sangue
entre gente humilde
regressada da saudade morta
noutra terra de peregrinação obrigatória
É natal
e jorra sangue na Bica d'água!
Monday, March 21, 2011
VENDAVAL
Escuso-me olhar aos ventos
que luzes carregam
derrubando grilhões
Tão pouco respiro silêncios heurísticos
impostos p'lo tormento do chicote
que amansa massas carentes
Recuso-me viver vida-prisão
asfixiada e suplicante
Carregai-me por isso oh ventos do norte!
que luzes carregam
derrubando grilhões
Tão pouco respiro silêncios heurísticos
impostos p'lo tormento do chicote
que amansa massas carentes
Recuso-me viver vida-prisão
asfixiada e suplicante
Carregai-me por isso oh ventos do norte!
Saturday, February 19, 2011
PARTIU A MÃE GRANDE*
Choremo-la com arte
Com a ngoma e dikanza
Lá nos altos Céus,
Onde Deus lhe reservou o merecido lugar,
Com certeza,
Gostará das obras boas de filhos e amigos
Choremo-la com prosa e poesia...
Com pintura e escultura
Choremo-la com realidades e ficções,
Choremo-la de verdade!
* Homenagem à doan Luzia mãe do meu grande Kota Caetano
Com a ngoma e dikanza
Lá nos altos Céus,
Onde Deus lhe reservou o merecido lugar,
Com certeza,
Gostará das obras boas de filhos e amigos
Choremo-la com prosa e poesia...
Com pintura e escultura
Choremo-la com realidades e ficções,
Choremo-la de verdade!
* Homenagem à doan Luzia mãe do meu grande Kota Caetano
Sunday, January 02, 2011
PULMÃO CARENTE
Quando o sol do amor bater tua porta
Aqui estarei
Sorvendo a saudade do teu aroma
Refugiado na imaginação dum dia sem história
Quando a porta do teu coração se abrir
Aqui estarei
Para teus olhos meu sorriso colorir
Na imensidão desta floresta sem fim
Quando o sol do amor em ti raiar
Aqui estarei
Mostrando a flor nascente aos ares norte-leste
Que enchem este pulmão carente!
Aqui estarei
Sorvendo a saudade do teu aroma
Refugiado na imaginação dum dia sem história
Quando a porta do teu coração se abrir
Aqui estarei
Para teus olhos meu sorriso colorir
Na imensidão desta floresta sem fim
Quando o sol do amor em ti raiar
Aqui estarei
Mostrando a flor nascente aos ares norte-leste
Que enchem este pulmão carente!
Thursday, December 30, 2010
ÚLTIMO DESEJO
Hermes,
Meu amor,
Estou coberto de vermes
Nem que estajas morta
Cumpre meu desejo
Aproveito última oportunidade
Pousando-te na morgue
Fornecendo-te meu amor
Só para conter nossa dor
Meu amor,
Estou coberto de vermes
Nem que estajas morta
Cumpre meu desejo
Aproveito última oportunidade
Pousando-te na morgue
Fornecendo-te meu amor
Só para conter nossa dor
Monday, November 22, 2010
CORRIDA
Trepei montanhas ao encontro do sol
apenas o mar encontrei brotando sal
jovem, girei o mundo como girassol
adulto, voltei vestindo sisal
Chega de corrida!
Renuncio à partida
apenas o mar encontrei brotando sal
jovem, girei o mundo como girassol
adulto, voltei vestindo sisal
Chega de corrida!
Renuncio à partida
Saturday, October 16, 2010
PRETA PRETINHA
Preta
Pretinha cor de nuvens
carregadas de chuvas fartas
mira-me este teu olhar esbugalhado
Preta
Baixinha de pernas galopes
fugidias na preguiça do tempo
acolha-me no teu abraço fogoso
Preta
Gostozinha como jinguenga
trazida do longinquo nordeste
beija-me com os teus lábios carnudos
Preta
Esguia como a obreira abelha
lavrando flores de Outubro
enche-me de teu mel
Preta
Espertinha na quilometragem da idade
escondida no azul do sorriso
empresta-me tua mocidade
Pretinha cor de nuvens
carregadas de chuvas fartas
mira-me este teu olhar esbugalhado
Preta
Baixinha de pernas galopes
fugidias na preguiça do tempo
acolha-me no teu abraço fogoso
Preta
Gostozinha como jinguenga
trazida do longinquo nordeste
beija-me com os teus lábios carnudos
Preta
Esguia como a obreira abelha
lavrando flores de Outubro
enche-me de teu mel
Preta
Espertinha na quilometragem da idade
escondida no azul do sorriso
empresta-me tua mocidade
Friday, September 24, 2010
EU E O OCULTO
Há vezes
em que não são os pássaros quem chilreiam
mas as árvores
Há vezes
em que não é o vento quem zurze
mas o ar
Há vezes
em que não é o corpo quem fala
mas a alma
Há vezes
em que não é o poeta quem declama
mas o guerrilheiro
Há vezes
em que não sou eu quem age
mas o oculto
Há vezes
...
Luciano Canhnaga, UCP/Maio 2005.
em que não são os pássaros quem chilreiam
mas as árvores
Há vezes
em que não é o vento quem zurze
mas o ar
Há vezes
em que não é o corpo quem fala
mas a alma
Há vezes
em que não é o poeta quem declama
mas o guerrilheiro
Há vezes
em que não sou eu quem age
mas o oculto
Há vezes
...
Luciano Canhnaga, UCP/Maio 2005.
Monday, August 30, 2010
QUANDO O CÉREBRO E O CORAÇÃO SE CASAM
A alegria e a tristeza se abraçam
É total a angústia
Do pensar e não dizer
Ideias que apodrecem na boca
Altivando a mudez
E não mora distante a surdez
Correr e em simultâneo parar
Amar e compreender
Rir e ao mesmo tempo chorar
É total a angústia
Do pensar e não dizer
Ideias que apodrecem na boca
Altivando a mudez
E não mora distante a surdez
Correr e em simultâneo parar
Amar e compreender
Rir e ao mesmo tempo chorar
Friday, July 09, 2010
ÚLTIMO ADEUS
Motivos para desconfiar
Vezes te dei
Razão para de vez partir
Não ma deste o suficiente
Procurei pelo arrependimento
Motivos também me negaste
Desmerecemos único caminho
Seguirei minha rota
De costas viradas ao teu percurso
Vezes te dei
Razão para de vez partir
Não ma deste o suficiente
Procurei pelo arrependimento
Motivos também me negaste
Desmerecemos único caminho
Seguirei minha rota
De costas viradas ao teu percurso
Tuesday, June 29, 2010
PEDRA, CAL E TINTA
Fiz (emos) a nossa parte
Melhoramos o que insatisfazia
E lutamos para manter o desejável
Ganhamos soldo e conhecimentos
Lançamos betão, pedra e cal
E fizemos crescer o edifício
Patrão e empregado
Em satisfação empatados
Amigos fizemos
Lágrimas verteram
No fim o abraço
E a satisfação do dever cumprido
Melhoramos o que insatisfazia
E lutamos para manter o desejável
Ganhamos soldo e conhecimentos
Lançamos betão, pedra e cal
E fizemos crescer o edifício
Patrão e empregado
Em satisfação empatados
Amigos fizemos
Lágrimas verteram
No fim o abraço
E a satisfação do dever cumprido
Sunday, April 25, 2010
A ÚLTIMA FORÇA*
Procurou inspiração
Encontrou-a efémera
A vítima nem percebeu
De amores quase morreu
A tempo porém, se restabeleceu
Vítima e predador
Numa entrega enganosa
Vítima, quê isso?
Se na entrega muito aprendeu...
Xê mulher!
O grito de alerta a despertou
Libertada das masmorras disse:
_ Não à incultura!
* Réplica de autora conhecida
Encontrou-a efémera
A vítima nem percebeu
De amores quase morreu
A tempo porém, se restabeleceu
Vítima e predador
Numa entrega enganosa
Vítima, quê isso?
Se na entrega muito aprendeu...
Xê mulher!
O grito de alerta a despertou
Libertada das masmorras disse:
_ Não à incultura!
* Réplica de autora conhecida
Thursday, March 25, 2010
ILUSÃO
Tão logo voou
Cedo abortou
Não era aquele o seu percurso
Apenas tentou
E sem saber cativou
Sua última vítima inocente
Ele também o era
Vítima duma vida mal programada
E a vida retomou o seu curso
Tal rio
Ferida abaixo
Mágoas duma experiência amputada
Mas prazeirosa
Choro numa noite que seduz
Avança
Mesmo sem luz...
Cedo abortou
Não era aquele o seu percurso
Apenas tentou
E sem saber cativou
Sua última vítima inocente
Ele também o era
Vítima duma vida mal programada
E a vida retomou o seu curso
Tal rio
Ferida abaixo
Mágoas duma experiência amputada
Mas prazeirosa
Choro numa noite que seduz
Avança
Mesmo sem luz...
Friday, February 12, 2010
ZUCA
Acorda-me deste sono moribundo
e leva-me neste barco que se afunda
Na viagem da bunda
Revejo meu direito de viver
e dispo-me de roupas vagabundas
rasgadas no teu regaço de prazer
Nosso amor é marear!
e leva-me neste barco que se afunda
Na viagem da bunda
Revejo meu direito de viver
e dispo-me de roupas vagabundas
rasgadas no teu regaço de prazer
Nosso amor é marear!
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