“- [...]. Do que você se arrepende?
[...]
- De não ter atendido ao telefone.”
Boletim de Ocorrência (sinopse)
Nicole e Megan são alunas do último ano da high school de Emerson Bay, uma cidadezinha na Carolina do Norte. Certa noite de verão, elas desaparecem de uma festa à beira do lago. A polícia realiza uma busca intensa, mas não encontra nenhuma pista. Quando já haviam perdido as esperanças de encontrá-las com vida, Megan aparece, milagrosamente, ao conseguir escapar do cativeiro escondido nas profundezas da mata.
Um ano depois, Megan lança um livro contando o seu martírio naquelas duas semanas, e, imediatamente, ele se torna um best-seller e a converte de uma heroína local em celebridade nacional. Trata-se de um relato triunfante e inspirador, exceto por um detalhe inconveniente: Nicole continua desaparecida.
Lívia, irmã mais velha de Nicole, aluna de patologia forense, espera que um dia, em breve, o corpo de Nicole seja encontrado, e caberá a alguém como ela analisar a evidência e determinar finalmente a causa da morte de sua irmã. Em vez disso, a primeira pista do desaparecimento de Nicole surge de outro corpo que chega ao necrotério onde ela trabalha. É de alguém ligado ao passado de Nicole. Então, Lívia entra em contato com Megan para contar a descoberta, e pedir mais detalhes da noite em que as duas foram sequestradas. Como outras garotas também desapareceram, Lívia começa a acreditar que existe uma forte ligação entre todos aqueles casos.
No entanto, Megan sabe mais do que revelou em seu livro. Lampejos de memória surgem, apontando para algo mais sombrio e monstruoso do que o descrito em suas arrepiantes memórias. Quanto mais ela e Lívia se aprofundam, mais se dão conta de que, às vezes, o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que estávamos procurando.
Um livro best-seller
Há algum tempo eu resenhei
A garota do lago, livro de estreia do autor Charlie Donlea, e lembro muito bem de ter dito que, apesar da escrita do autor ser muito boa, o livro foi meio decepcionante por ser muito óbvio na minha opinião, acabando por levar três estrelas.
Apesar disso não me desanimei com o autor, já que os boatos de fontes confiáveis me diziam que os próximos livros do autor eram muito bons e que valiam a pena. E cá estou eu feliz da vida por estar escrevendo essa resenha depois de ter sido feito completamente de besta em um livro espetacular.
Deixada para trás começa com Nicole, uma jovem estudante, fugindo de um cativeiro e tentando contatar sua irmã mais velha, Lívia, pois é a única pessoa com a qual ela pode contar. Acontece que sua irmã não atende o telefone e isso faz toda a diferença para a vida de Nicole.
Um ano depois, Lívia, sua irmã, está em seu curso de especialização trabalhando no necrotério, esperando que a qualquer momento o corpo de Nicole apareça e assim ela possa ter um desfecho e dar todo o descanso possível para sua irmã.
Mas o que acontece é diferente, pois o corpo que chega até sua mesa é de um rapaz que supostamente teria se suicidado ao pular de uma ponte e, seu corpo, depois de um ano, teria se desprendido do fundo do rio para boiar e ser achado por pescadores locais. Ao fazer a necrópsia, Lívia percebe que a história contada por aquele corpo é muito diferente e o pior, pode conter respostas para o que ela tanto procura.
Por outro lado temos Megan, outra aluna do colegial que, além de conhecer Nicole, também foi sequestrada na mesma noite. A diferença é que Megan conseguiu fugir, sendo resgatada por um motorista que passava em uma estrada próxima ao seu cativeiro. Um ano depois de sua fuga ela continua famosa, principalmente pelo fato de que seu livro “Desaparecida” continua quebrando recordes de venda.
Apesar das entrevistas na TV e de sua fama, Megan se sente incomodada pelo fato de que Nicole continua desaparecida e as pessoas parecem não se importar. Para completar, Megan não viu o rosto do seu sequestrador, mas com a ajuda de seu psicólogo ela tenta, através de sessões de hipnose, procurar algo que a ajude a solucionar o caso. E assim, aos poucos, tanto Megan como Lívia vão se aprofundando mais e mais nessa história cheia de reviravoltas, intrigas adolescentes e grupos suspeitos.
Neste segundo livro escrito pelo Donlea podemos notar como sua escrita continua incrivelmente atraente, prendendo o leitor com novas pistas a quase todo capítulo. Inclusive, outra fórmula que se repete aqui são os capítulos pequenos, que eu não canso de repetir que na minha opinião dá a impressão de deixar o livro bem mais rápido de ler.
Isso não é a única coisa que temos de remanescente da sua primeira obra. Os capítulos que alternam entre passado e presente estão de volta, a diferença é que, ao contrário do anterior, a história do passado é muito mais interessante, fazendo você criar teorias, desconfiar dos jovens, ver que nem todo mundo é o que parece e por aí vai.
E desconfiar é a palavra chave, não só para um livro policial como este aqui. Durante o começo da obra eu não sabia quem poderia ser o culpado, no meio eu reduzi para dois suspeitos e no fim eu quebrei a cara porque não era ninguém que eu tinha imaginado. E é isso que todo leitor de um bom thriller deseja, uma obra que além de ter uma boa história, tenha um bom suspense e que fique tudo muito bem amarrado no fim, lhe deixando com cara de tacho por não ter adivinhado quem foi.
Inclusive queria muito contar a história do porque eu daria 4 estrelas, mas o suspeito fez com que meu motivo de reduzir um ponto fosse por água abaixo e o livro voltou a ter 5 estrelas, mas se eu contasse seria spoiler brabo, então, quem quiser saber, me procura no Instagram que conto. Mas, apesar da nota máxima, devo confessar que o fim do livro é meio corrido, podendo incomodar algumas pessoas - não foi meu caso -, o que não vai tirar o brilho da obra, apenas fazer você não querer dar uma nota maior.
Investigando o cativeiro
As obras da Faro continuam muito boas, com detalhes e acabamentos excelentes, uma fonte ótima e um detalhe importante, os capítulos do passado tem uma folha com uma tonalidade mais escura, fazendo com que você não confunda, o que faz toda a diferença.
Se eu fosse reclamar de algo seria apenas das capas. Não que sejam feias, eu só não sou fã de capas com pessoas, mas seria injusto reclamar de algo que é implicância minha e que devo admitir que no caso dos livros do Donlea elas são até legais (tirando a do terceiro livro).
Grupo de resgate
Enfim, parece que os boatos eram verdadeiros, os livros do Donlea - que não A garota do lago - entregam sim uma excelente história, consagrando o autor como um dos novos grandes autores de thrillers da atualidade.
Com uma evolução muito clara na escrita e uma história muito envolvente, Deixada para trás é um livro para qualquer fã do gênero e para os que querem se aventurar na área. E o melhor, ao contrário de muitas séries de detetives por aí, os livros dele realmente são independentes, ou seja, você pode ler na ordem que quiser.
Com personagens muito bons e que fazem você desconfiar de todos, Deixada para trás provavelmente irá te fazer de besta em um thriller de alta qualidade, mostrando como a Faro acertou em cheio ao trazer esse autor para o Brasil.
Aguardando ansiosamente o próximo lançamento que será simultâneo aos EUA em Maio, se não me falha a memória.
Até lá, e saia desses grupos suspeitos de Whatsapp =*
Título: Deixada para trás (exemplar cedido pela editora)
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Páginas: 368
Ano: 2017