Nem serralha, nem metralha. Essa verdura é mais conhecida no Rio de Janeiro, pelas pessoas que conversei nos últimos tempos. A maior parte dos cariocas do interior identificam essa planta com facilidade, assim como os paulistas tem sua taioba e os mineiros, sua ora-pro-nóbis.
Basella alba |
Mas vamos por partes. Existem dois gêneros principais de bertalha. A Anredera e a Basella. Saiba desde já: todas as partes são comestíveis, porque o gênero Basellaceae quase não produz substâncias tóxicas para humanos.
Anredera cordifolia |
O gênero Basella é nativo da Ásia Tropical, e é representado aqui pelas espécies de Basella alba e Basella rubra. As folhas da B. alba são verdes, as da B. rubra, avermelhadas. Ambas folhas são são em forma de coração, e sim, São trepadeiras menos vigorosos, não possuem bulbilhos junto aos caules e dão flores ao longo do outono-inverno, com geração de frutos negros e insípidos.
Todas as plantas gostam de calor e solos férteis. Vão também bem a pleno sol. No caso, a Basella vai bem também em meia sombra. As Anrederas toleram bem a seca depois de estabelecidas. Na dúvida, regue abundantemente nos primeiros 6 meses.
Basella rubra |
A Anredera cordifolia possui muitas denominações, que encontrei numa rápida olhada na internet. Os nomes mais comuns são: bertalha, erva-gorda, caruru do reino, caruru de seda, cipó manteiga, ora-pro-nobis sem espinhos.
Já as Basella, possuem praticamente os mesmos nomes: bertalha branca ou vermelha, espinafre indiano, espinafre trepadeiro, espinafre malabar.
Ajudou? Complicou, né?
Vamos, então, pra identificação visual das plantas.
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Como diferenças marcantes:
O tamanho da planta: Anredera é maior que Basella.
Frutos: Anredera não tem frutos, Basella tem.
Flores: Anredera flore em branco, Basella, cor de rosa.
Bulbilhos: Anredera tem bulbilhos, Basella não.
Basella rubra, no vaso. Flores rosadas, folhas arroxeadas. |
Caruru do reino, Anredera cordifolia. Folhas verdes, flores brancas. |
Suas folhas podem ser usadas cruas ou refogadas - sempre com uma gotinha de limão, ou podem ficar mucilaginosas. Os bulbilhos, que parecem pequenos gengibres em formato, podem ser picados e cozidos no arroz ou como salada.
Também podem ser usadas em massas de bolo, pão e macarrão, para aumentar o ínidice de nutrientes e para dar cor. Em receitas veganas de pão, um copinho de café de folhas picadas substitui um ovo.
Panqueca de Bertalha recheada de Bulbilhos ao Parmesão
Bulbilhos: macios e saborosos, com casca e tudo |
Essa receita é feita com a bertalha Anredera cordifolia. Se quiser usar outras bertalhas, ou não tiver bulbilhos, substitua-os por abobrinha em cubos.
Massa
1 copo de leite
1 ovo
1 xícara de farinha
1 xícara de folhas picadas
1 col sopa óleo
1/2 col café de sal
Bata todos os ingredientes no liquidificador. Aqueça uma frigideira anti-aderente, adicione uma gota de óleo, espalhe, e frite as panquecas, uma a uma, virando assim que dourar. Reserve.
sal a gosto
1 copo e meio de bulbilhos lavados e escorridos, picados em fatias de 1cm
1 dente de alho picadinho
2 col sopa cebolinha picada
1 col sopa de limão
1 col sobremesa de manteiga
orégano a gosto
3 col sopa de parmesão
1 col sopa requeijão
3 castanhas do pará finamente picadas (opcional)
Aqueça a manteiga, adicione os bulbinhos e o alho. Refogue vigorosamente até amaciar, por volta de 5-10min, em fogo baixo. Adicione gotas de limão conforme for saindo baba. Se soltar muito líquido, escorra. Assim que amaciar, acrescente o requeijão, o orégano, a cebolinha, o queijo ralado e a castanha do pará. Acerte o sal.
Montagem:
Cada panqueca deve ser preenchida com 2 col de sopa da mistura e enrolada. Jogue por cima lasquinhas de queijo, azeite e salsa para decorar. Acompanha bem uma salada de tomates bem picadinhos.
A bertalha pode substituir o espinafre.
Combina bem com queijos, arroz, massas em geral, batatas, todas as carnes, saladas, lasanha.
A Anredera foi descrita, assim como suas propriedades, na revisão feita por Kinupp, que pode ser encontrada aqui.